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Sindicato Rural de Ivinhema (MS) forma mulheres para gestão no agronegócio
Ivinhema / Mato Grosso do Sul (25/09/2017) - Mato Grosso do Sul é destaque no cenário nacional como 2º maior produtor de carne bovina, 4º maior de milho e cana-de-açúcar e 5º maior sojicultor, fruto da evolução ao longo das últimas décadas no setor. Força essencial para tais resultados, no entanto, passou batida por grande parte deste período: a atuação feminina. O retrato da mulher ficava abafado pelos deveres impostos pela cultura patriarcal, como afazeres domésticos e criação dos filhos. Agora este cenário é também de evolução.
Não que elas não estivessem sempre se dividindo entre cumprir o ‘expediente’ em casa e na terra, mas com o empoderamento feminino, movimento encampado no mundo todo e cada vez mais forte, a diferença de gêneros tem perdido espaço para a visibilidade ao lugar conquistado pela mulher, incluindo áreas onde a presença do homem é mais enraizada, como no campo.
E contra fatos não há argumentos. Senhoras do próprio destino, elas triplicaram os números em uma década. Hoje representam 30% no agronegócio, segundo pesquisa realizada pela Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), sendo que há dez anos esse índice superava pouco mais de 10%.
O estudo também mostra que 62% das mulheres que vivem no campo são casadas ou vivem com parceiro (a) e ainda assim 73% delas trabalham em administração geral, sendo 42% na agricultura e 35% na bovinocultura. Os indicativos referentes à escolaridade, liderança institucionais, cargos de chefia e, acima de tudo, a gestão plena da propriedade, condição exclusiva dos homens no passado, evidenciam a consolidação do papel da mulher ruralista.
É o caso da produtora rural Edy Elaine Tarrafel, 39, casada e mãe de dois filhos. Aos 20 anos, devido a perda do pai, precisou assumir a administração da propriedade da família em Ivinhema, localizada a 300 quilômetros de Campo Grande. Na época ela ainda estava na faculdade e viajava da Capital para o interior pelo menos uma vez por semana, conciliando os estudos na área urbana com a vida do campo. Em 2000 formou-se em Ciências Contábeis e um ano depois mudou-se definitivamente para a fazenda para se dedicar-se exclusivamente aos negócios. E lá está até hoje. "Foi uma fase bastante difícil porque eu tinha o convívio no ambiente, mas não a experiência necessária para tocar o negócio, pois minha mãe era professora aposentada e estava tudo nas mãos do meu pai. Mas, desde o primeiro mês após a morte do meu pai eu arregacei as mangas e vim cuidar do que era meu".
Edy lembra que, por ser mulher, o burburinho entre os produtores da região foi geral, mas acredita nunca ter sofrido preconceito. Embora seja ciente do ambiente machista em que vivia, prefere chamar as atitudes de curiosidade entre eles ou especulação. "Na época era dificílimo ver uma mulher no setor, ainda mais jovem. Acredito que tinha muita especulação. Quando a gente vinha para cá ouvia coisas do tipo: quanto tempo será que ela demorará para vender essa fazenda? Ela vai arrendar. Vai embora. Nunca morou em fazenda".
Foi quando procurou entidades ligadas à classe rural, se qualificou e colocou em prática o que havia aprendido sobre diversos temas dentro da agropecuária. Assim superou a fase de sucessão e com determinação implantou na propriedade, de porte médio, a integração lavoura/pecuária, técnica que visa o manejo sustentável. "Foi aprendendo e pesquisando tudo o que tinha que ser feito que atingi os resultados".
Inovações só para elas
Diante da maciça atuação feminina no mercado, novos modelos e conceitos de produtos e serviços exclusivos têm sido apresentados. O Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, por exemplo, apresenta sua segunda edição no dia 17 de outubro, com uma nova pesquisa "mais abrangente, ou seja, três vezes maior em amostragem e dessa vez em todo o território nacional", explica Luiz Cornacchioni, diretor executivo da Abag.
Já o SENAR repaginou o extinto programa Com Licença Vou à Luta, e transformou-o no Mulheres em Campo visando o atual cenário transformado pela participação feminina. Ele continua com cinco encontros de oito horas cada, porém, com novo cronograma: Diagnóstico e Empreendedorismo; Planejamento; Custos de Produção; Indicadores de Viabilidade e Comercialização e Desenvolvimento Pessoal. E mais uma vez, as comunidades de Terenos saem na frente com turmas já programadas para o próximo mês. Para ter acesso ao catálogo de cursos clique em:
http://senarms.org.br/senar-ms/cursos/catalogo-de-cursos/
Confira também a programação do 2˚ Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio
www.mulheresdoagro.com.br
Capacitações
A CNA dispõe de um portfólio de cursos, dentre eles o “Mulheres à Frente – Liderança e Gestão Sindical”, voltado para as mulheres que desejam se tornar dirigentes sindicais, despertando nelas o interesse pelo empreendedorismo. Para maiores informações consulte o Departamento Sindical da CNA (DESIN), sindical@cna.org.br ou pelo telefone: (61) 2109-4119.
Fonte: Sistema FAMASUL e Sindicato Rural de Ivinhema (MS)