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Máquinas Agrícolas: alugar, comprar ou terceirizar?

Por CNA 29 de outubro 2025
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Maquinas Agricolas cabeca
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A tomada de decisão do agricultor em relação à a gestão de operações e a aquisição de máquinas agrícolas vêm passando por mudanças nos últimos anos com o crescimento da terceirização de serviços e da locação como alternativas à aquisição. Esses modelos ganham cada vez mais apelo no mercado, diante de uma elevação significativa de custos das máquinas novas, aumento da taxa de juros, dificuldades na contratação de operadores qualificados e margens mais apertadas para o cultivo de grãos.

Diante desse contexto, o estudo busca compreender de forma mais abrangente e detalhada a dinâmica do mercado de máquinas agrícolas, além de avaliar como a posse própria, a terceirização e a locação influenciam a estrutura financeira, os custos e a viabilidade de diferentes arranjos do parque de máquinas nas propriedades rurais.

A primeira parte da metodologia consistiu num levantamento qualitativo com agentes do setor para traçar uma caracterização geral dos produtores, prestadores de serviço e locadoras bem como entender a estrutura, modalidade e custos envolvidos na terceirização e locação. No segundo momento, através dos dados e informações do Projeto Campo Futuro (CNA/Senar), foi realizada uma análise quantitativa de indicadores financeiros projetados para até dez anos (DRE, VPL, ponto de equilíbrio e análises de sensibilidade) para as operações de plantio, pulverização e colheita de soja e milho 2ª safra em 12 regiões do Brasil (Sul, Centro-Oeste e MATOPIBA). Foram simulados cenários que variavam a taxa de juros, percentual de entrada, prazo de financiamento e valor das máquinas novas nas condições de Moderfrota Pronamp, Moderfrota e linhas de crédito a mercado.

A pesquisa qualitativa mostrou que a terceirização é uma prática bastante comum e difundida na colheita de soja, principalmente, abrangendo todos os tamanhos de produtores nas diversas as regiões do país. O calendário de colheita nas diferentes regiões produtoras, a necessidade de uma operação rápida em janelas apertadas (especialmente onde se cultiva a segunda safra), preços elevados da máquina e os custos (financeiros e operacionais) favorecem a demanda pela contratação deste serviço. Para as operações de plantio e pulverização, a terceirização se mostrou menos comum devido ao perfil das operações em relação à janela de plantio e qualidade operacional, são operações mais críticas e delicadas.

Ao reduzir os gastos com bens de capital (CAPEX) – juros, amortização e entrada –, o modelo de terceirização pode aliviar o comprometimento financeiro e o fluxo de caixa, liberando recursos para iniciativas e investimentos que possam agregar mais valor ao negócio. Outros benefícios observados e mencionados pelos produtores foram a redução da depreciação e despesas relacionadas à amortização, juros, seguro, mão-de-obra e manutenções.

Entretanto, existem alguns desafios e limitações que devem ser levados em consideração na escolha desta estratégia: disponibilidade dos prestadores de serviço no pico de safra, atrasos na chegada de máquinas, falta de flexibilidade para ajustes de calendários das operações, variabilidade na qualidade dos operadores e até quebra de contrato.

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Os resultados das simulações financeiras para análise da viabilidade da terceirização em relação à aquisição do maquinário próprio foram ao encontro dos relatos da pesquisa qualitativa. De fato, a contratação de serviços de colheita se mostrou mais viável em todas as regiões. Já para as operações de plantio e pulverização, os resultados variaram. No geral, para essas atividades, a terceirização só se mostrou mais atrativa do que a aquisição de máquina própria nas regiões onde não há o cultivo da 2ª safra ou onde o milho 2ª safra possui baixa penetração.

Os resultados das simulações financeiras para análise da viabilidade da terceirização em relação à aquisição do maquinário próprio foram ao encontro dos relatos da pesquisa qualitativa. De fato, a contratação de serviços de colheita se mostrou mais viável em todas as regiões. Já para as operações de plantio e pulverização, os resultados variaram. No geral, para essas atividades, a terceirização só se mostrou mais atrativa do que a aquisição de máquina própria nas regiões onde não há o cultivo da 2ª safra ou onde o milho 2ª safra possui baixa penetração.

A análise de sensibilidade mostra que alguns fatores, como o preço da máquina e as condições de financiamento, podem influenciar os resultados do modelo mais atrativo para o negócio. A ausência de entrada (cobertura de 100% no financiamento), maior período de carência, aumento no prazo de pagamento e o desconto sobre as máquinas melhoram a viabilidade das máquinas próprias. Por outro lado, juros mais elevados e condições mais limitantes nas linhas de crédito favorecem as operações terceirizadas.

Já a locação de máquinas se mostrou uma estratégia, por enquanto, ainda focada em grandes e médio-grandes produtores. Esse mercado é relativamente incipiente para grãos, tendo maior adesão nos segmentos de cana-de-açúcar e florestas. Os contratos de locação são bastante flexíveis e o produtor pode optar por acessórios, telemetria, serviços e pacotes relacionados à agricultura de precisão que impactam no valor da mensalidade.

Assim como ocorre na terceirização de serviços, o modelo de locação reduz os gastos com bens de capital (CAPEX) – juros, amortização e entrada –, diminui valor da depreciação, minimiza o uso do limite de crédito e evita que o produtor comprometa o caixa com dívidas de longo prazo. Com menos capital imobilizado, o produtor tem mais flexibilidade e liquidez financeira além de manter recursos disponíveis para investir em outros projetos que agreguem mais valor ao negócio.

Para contratos que incluem a manutenção, gestão e/ou monitoramento da frota, existe a possibilidade de redução de custos de manutenção e/ou melhora na eficiência das operações. Vantagens fiscais também podem ocorrer para aqueles produtores que atuam como pessoa jurídica e as locadoras costumam fornecer orientações para que produtores possam se beneficiar.

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Por outro lado, o valor do aluguel pode não compensar todos os benefícios. Caso o produtor tenha acesso a linhas de crédito com juros mais baixos e as parcelas sejam inferiores ao valor gasto com o aluguel, o modelo se torna menos atrativo. Além disso, é importante atentar-se também para os reajustes vinculados da IPCA (que podem ocasionar em descasamento do cenário das commodities agrícolas) e para as cláusulas do contrato que podem implicar em custos. Algumas locadoras cobram multas por danos e ociosidade e podem exigir treinamentos específicos de funcionários da fazenda para lidar com telemetria e checklists digitais.

Para as análises das simulações financeiras deste estudo, foi considerado um custo mensal de 2,0% sobre o valor da máquina informado pelo Projeto Campo Futuro (sem incluir manutenção no contrato de locação). Uma vez que o cenário base considera as condições de financiamento para PRONAMP e Moderfrota – com juros mensais menores do que as prestações do aluguel – os resultados não mostram que a locação é atrativa em relação à máquina própria.

Vale ressaltar que, considerando uma taxa de juros de 20% - referência de linhas de crédito a mercado – a locação passa a ganhar atratividade em relação à máquina própria, mostrando resultados praticamente equivalentes. Ajustes no preço mensal do aluguel para taxas de valores percentuais entre 1,7 e 1,8% do valor da máquina, tornariam os resultados da locação mais similares aos verificados para frota própria.

Os resultados de forma geral atestam que a avaliação da viabilidade financeira e operacional da terceirização e da locação em relação ao maquinário próprio depende de fatores particulares e exclusivos de cada produtor. Fato é que essas alternativas vêm ganhando adeptos no Brasil, permitindo ao produtor ter mais opções no planejamento de suas operações mecanizadas em busca da otimização dos resultados.

Assim, apoiar medidas e construir um ambiente que fomentem a profissionalização do segmento da prestação de serviços, favoreçam a dinâmica das locadoras (que também atendem prestadores de serviço) e também permitam acesso à aquisição de máquinas de forma competitiva (com condições de crédito adequadas ao cenário econômico e ao perfil dos diversos produtores) são essenciais para que a oferta desses serviços em conjunto com o parque de máquinas do produtor acompanhe o crescimento e as exigências impostas por um agronegócio cada vez mais eficiente e tecnológico.

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