CNA defende avanços em ações de financiamento para mitigação e adaptação climática
Entidade participa a Conferência de Mudanças do Clima de Bonn, que acontece até o dia 13
Brasília (07/06/2024) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) defendeu, nesta semana, o avanço nos debates e nas negociações sobre os temas de interesse da agropecuária na Conferência de Mudanças Climáticas de Bonn, na Alemanha.
Entre os temas ligados à atividade agropecuária, estão as fontes de financiamento, adaptação às mudanças do clima, o Trabalho Conjunto de Sharm El Sheikh (que implementa ações climáticas na agricultura e segurança alimentar) e o mercado de carbono.
A assessora técnica da CNA, Amanda Roza, e o consultor de sustentabilidade da CNA, Rodrigo Lima, acompanham as negociações realizadas na Conferência, que termina no próximo dia 13 junho.
O encontro, realizado anualmente no mês de junho na cidade alemã, funciona como uma reunião preparatória técnica e de implementação de agenda para a Conferência das Partes (COP). Este ano, a COP29 acontece em novembro em Baku, no Azerbaijão, e também deve balizar as discussões para a COP30, em 2025, em Belém (PA).
A Conferência de Bonn reúne negociadores dos países para debater políticas e ações relacionadas ao enfrentamento das mudanças climáticas. Representantes do setor privado e sociedade civil acompanham os debates.
Financiamento - O financiamento de ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas é um dos temas mais estratégicos neste ano, especialmente as fontes de financiamentos vinda dos países desenvolvidos para ajudar as nações mais pobres, considerada as responsabilidades comuns, porém diferenciada e a transição justa.
Segundo Lima, há muita discussão sobre o papel da agricultura para o enfrentamento do aquecimento global e a necessidade de financiar projetos que permitam com que os países adotem medidas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEEs).
“Um dos temas que está sendo bastante tratado é a nova meta de financiamento dos US$ 100 milhões por ano dos países ricos, que até hoje não foi cumprido. O que está em curso na negociação é ampliar essa meta em termos de volume de recursos, mas também saber quais são as fontes desses recursos”, explica.
De acordo com ele, esse é um grande tema que tem conexão com a agricultura porque a ideia é conseguir, cada vez mais, recursos para implementar as ações de agricultura tanto de mitigação quanto de adaptação.
“Na prática todos os temas estão conectados ao financiamento, porque sem recursos não dá para desenvolver ações nos vários setores e é um dos temas que a CNA está acompanhando de perto pela importância que tem dentro da agenda como um todo”.
Lima explica que as discussões são voltadas para o desenvolvimento de políticas públicas específicas adotadas pelos países. “Se discute, por exemplo, um Plano Safra voltado para a agropecuária de baixo carbono, recursos dos bancos multilaterais e de financiamento privado deveriam ser a fonte prioritária de recursos e financiamento climático”, diz o consultor.
Na avaliação do consultor, o texto da Conferência que está sendo negociado em relação ao financiamento é extenso e com muitos detalhes que ainda serão lapidados. “O que está claro dizer é que vai ter a diversificação das fontes de financiamento e se espera adotar essas decisões como uma grande decisão da COP 29 e a partir dela reorientar o financiamento a nível global e dentro dos países, como os bancos multilaterais, por exemplo”, afirma.
Grupo de trabalho de Sharm El-Sheikh - Para Amanda, o acompanhamento das negociações de Bonn auxilia na elaboração do posicionamento da agropecuária brasileira para a COP. O Trabalho Conjunto de Sharm El-Sheikh busca viabilizar ações de mitigação e adaptação para a agricultura e a segurança alimentar, nos moldes do Acordo de Paris.
“Possibilita maior preparo técnico e maior previsibilidade a agenda das COP29 e 30, o que facilita as negociações junto ao governo brasileiro para a obtenção dos resultados esperados em termos de política ambiental”, afirma.
Amanda explica que a CNA tem acompanhado esses temas com a expectativa de que uma decisão seja adotada pelo grupo de trabalho de Sharm El-Sheikh. Para esse ano, espera-se que o Grupo entre em consenso em relação à elaboração do Portal On-line de Sharm El-Sheikh, que reunirá propostas e iniciativas ligadas à agricultura visando garantir meios de implementação para essas ações.
“Estamos acompanhando as reuniões do Grupo de trabalho de Sharm El-Sheikh de ações climáticas, que debate a agricultura e segurança alimentar no âmbito do Acordo de Paris. Na última reunião foram apresentadas propostas da China, União Europeia e Estados Unidos. Os negociadores estão avaliando as propostas”.
Outro tema chave nas discussões trata das propostas e iniciativas das partes em relação a agropecuária nas Contribuições Nacionalmente Determinada (NDC), que estabelece as ações dos países nas metas de redução de emissões de gases e pode impactar diretamente o setor agropecuário nas metas de descarbonização dos países.
Segundo ela, também estão sendo discutidas propostas ao relatório síntese de financiamento, que visa angariar mais fundos para a implementação das ações ligadas à agricultura e os temas dos workshops dos grupos de trabalho que serão realizados nas próximas reuniões.