CNA discute projeções de safra, preços e vazio sanitário do feijão

Temas foram discutidos na quinta (6), na reunião da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas

Por CNA 7 de novembro 2025
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MILHO

Brasília (07/11/2025) - A Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA se reuniu, na quinta (6), para discutir as projeções da safra 2025/2026, indicadores de preços e o vazio sanitário de feijão.

O sócio-diretor da Agroconsult, André Debastiani apresentou as projeções para a safra 2025/2026 de soja e milho, com destaque para o leve aumento da área plantada, expectativa de recuperação produtiva e desafios de rentabilidade para o produtor.

Segundo ele, a área plantada com soja no Brasil deve atingir 48,7 milhões de hectares na safra 2025/26, um avanço de 1,9% em relação ao ciclo anterior, equivalente a 890 mil hectares adicionais.

O crescimento é puxado principalmente por Goiás (+3,0%), Bahia (+3,5%), Mato Grosso (+2,1%) e Maranhão-Piauí-Tocantins (+4,0%), enquanto o Rio Grande do Sul deve registrar leve retração (-0,8%).

Com base nas tendências de produtividade dos últimos anos, a produção potencial de soja pode variar de 177,7 milhões a 189 milhões de toneladas, dependendo das condições climáticas e do desempenho tecnológico.

De acordo com Debastiani, os custos de produção continuam elevados, e o resultado da próxima safra dependerá fortemente das estratégias de comercialização.

No Médio-Norte de Mato Grosso, o custo equivale a 46 sacas por hectare, enquanto o produtor já comprometeu cerca de 28 sacas na compra de insumos e realizou 21 sacas em vendas antecipadas.

No Norte do Paraná, o cenário é semelhante, com custo de 45 sacas por hectare, 26 sacas compradas em insumos e apenas 11 sacas vendidas até o momento.

“O produtor entra na safra 25/26 com custos estabilizados, mas ainda apertados. O ritmo de comercialização é mais lento do que em anos anteriores, o que exige atenção para o momento de venda e oportunidades de preço ao longo do ciclo”, ressaltou o consultor.

Para o milho, as projeções indicam crescimento de 2,2% na área total plantada, chegando a 22,8 milhões de hectares. A primeira safra deve aumentar 3,6%, enquanto a segunda safra tende a subir 1,9%.

Mesmo com a expansão da área, a produção total do cereal pode cair 7,9%, passando de 151 milhões para 139 milhões de toneladas, devido à expectativa de redução de produtividade, sobretudo na segunda safra.

O presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, André Dobashi, destacou que as projeções apresentadas são fundamentais para orientar o planejamento da próxima safra e as ações de política agrícola.

“Esses dados ajudam a entender o comportamento do mercado e a estruturar medidas que deem previsibilidade ao produtor. A análise conjunta de área, custos e produtividade é essencial para orientar o produtor e fortalecer a competitividade das cadeias de grãos”, afirmou.

Indicador de preços – na reunião, também foi apresentado o balanço do primeiro ano do Indicador de Preços Regionais do Feijão CNA/Cepea, desenvolvido em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP).

O projeto consolidou-se como a principal referência de preços do feijão no país, com dados diários coletados em 14 estados e 46 microrregiões.

“A formação de uma base nacional de preços regionais foi o ponto de virada para dar transparência ao mercado e apoiar o produtor na tomada de decisão”, destacou o assessor técnico da CNA, Tiago Pereira.

Vazio sanitário - Outro tema debatido foi o vazio sanitário do feijão, especialmente nos estados de Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso, que discutem os períodos mais adequados para interrupção do cultivo.

A medida é fundamental para controlar a mosca-branca (Bemisia tabaci), que causa danos diretos pela sucção da seiva, além de ser vetor de viroses que comprometem a produtividade.

“A definição de um calendário regionalizado é essencial para equilibrar sanidade e competitividade. O vazio sanitário precisa considerar as particularidades de cada estado”, explicou Tiago Pereira.

O pesquisador Alcido Wander, da Embrapa Arroz e Feijão, colocou a instituição à disposição da CNA e dos estados para construir uma agenda técnica conjunta sobre o tema, com o objetivo de harmonizar critérios e promover o debate em âmbito nacional.

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