CNA levanta custos de produção do café no ES
Encontros em Brejetuba e Jaguaré abriram as atividades do Projeto Campo Futuro em 2021
Brasília (27/05/2021) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizou nesta semana os dois primeiros levantamentos de custos de produção de 2021 do Projeto Campo Futuro. Os primeiros painéis foram realizados no Espírito Santo para apurar informações sobre a produção de café nos municípios de Brejetuba e Jaguaré.
Os encontros ocorreram de forma remota respeitando as orientações de segurança sanitária para prevenção ao contágio da Covid-19. Além da CNA, participaram representantes da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Espírito Santo (Faes), dos sindicatos rurais das duas regiões, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), da Cooperativa Agrária de Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel) e do Centro de Inteligência de Mercado da Universidade Federal de Lavras (CIM/UFLA).
Na abertura, o presidente da Faes, Júlio Rocha, destacou o engajamento dos cafeicultores em deixarem suas propriedades durante a colheita de café para participarem no painel e falou sobre a importância dos levantamentos de custos para o embasamento de políticas públicas para aprimorar a gestão das propriedades rurais.
Dados preliminares – O painel em Brejetuba foi para a produção de café arábica. Levou-se em conta uma propriedade modal de 10 hectares, em sequeiro e sistema de condução manual. Apesar dos problemas climáticos que têm atingido a maiorias das regiões produtoras, os cafeicultores investiram em renovação dos cafezais, com cultivares mais produtivas, resistentes a nematoides e ferrugem do cafeeiro, o que possibilitou produtividade média de 45 sacas por hectare na última safra.
Quanto aos custos de produção, os desembolsos com fertilizantes e mão de obra foram superiores na comparação com o levantamento de custos realizado no ano anterior e representam, respectivamente, 20% e 49,7% do Custo Operacional Efetivo (COE), desembolso direto realizado pelo produtor a cada safra. Gastos com defensivos e corretivos de solo representaram 5% do COE.
O segundo painel aconteceu também de forma remota com produtores de café conilon de Jaguaré. A propriedade modal avaliada foi de 20 hectares, com lavouras irrigadas, condução semimecanizada e produtividade média de 65 sacas por hectare. De acordo com participantes do painel, o percentual da produção comercializada de forma direta entre cafeicultores e exportadores tem aumentado, contribuindo para uma melhora nos preços pagos pela saca de café.
Os custos de produção para o café conilon também foram superiores para o grupo dos fertilizantes e mão de obra, correspondendo, respectivamente, a 23% e 43% do COE. Os desembolsos com corretivos e defensivos representam 9%, enquanto os custos com mecanização e irrigação são de 7% do COE.
Segundo relato dos produtores dos dois municípios capixabas, houve mais dificuldade de contratação de mão de obra para a colheita de café nas safras de 2020 e 2021. Desta forma, a menor disponibilidade de trabalhadores safristas pressionou os preços pagos pela medida de café colhido e alongou o período de colheita, refletindo diretamente nos custos de produção.
Em Brejetuba, os custos totais com mão de obra para condução da lavoura e colheita de café subiram 62% em relação ao levantamento dos custos realizado em 2020. Como alternativa, o produtor tem investido em tecnologias de mecanização ou semimecanização.
A assessora técnica da Comissão Nacional do Café da CNA, Raquel Miranda, destacou que a análise da rentabilidade econômica da atividade cafeeira está diretamente relacionada aos preços pagos pela saca de café que atravessa um bom momento.
“Como os custos de produção continuaram elevados ao longo do ciclo produtivo 2021/22, a rentabilidade da atividade dependerá diretamente do comportamento dos preços do café nos próximos meses, quando de fato o cafeicultor terá em mãos a nova safra para a comercialização”, explicou.
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