CNA realiza painéis de custos de produção em seis estados
Levantamentos abrangem grãos, leite, cana-de-açúcar, uva e pinus
Brasília (18/07/2025) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu painéis de levantamento de custos de produção das cadeias de grãos, cana-de-açúcar, pecuária de leite, fruticultura (uva) e silvicultura (pinus).
Os encontros foram realizados em São Paulo, Mato Grosso, Sergipe, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais, com a participação de produtores rurais e representantes de sindicatos, cooperativas, associações e Federações de Agricultura e Pecuária dos estados.
Mato Grosso - Os levantamentos de grãos ocorreram em diferentes municípios. Em Sorriso, o milho segunda safra teve desempenho médio de 135 sacas por hectare. Um ponto de atenção, segundo relatos dos produtores, foi o aumento de 48% nos custos com inseticidas na soja, devido à pressão de lagartas e percevejos.
Em Sinop, a soja atingiu produtividade recorde de 70 sacas por hectare. A semeadura atrasou, mas foi concluída rapidamente, e o clima ao longo do ciclo foi muito favorável. A redução das anomalias fisiológicas também contribuiu para o bom desempenho.
Já em Campo Novo do Parecis, a soja produziu 65 sacas por hectare e o milho pipoca teve desempenho recorde, com 85 sacas por hectare, apesar da redução da área plantada.
Em Canarana, a soja rendeu 58 sacas por hectare e o milho, 100 sacas. O sorgo alcançou média de 70 sacas por hectare, e o gergelim, cerca de 10 sacas. Em Querência, a soja teve média de 65 sacas por hectare, e o milho segunda safra, 120 sacas.
O gergelim repetiu a produtividade de 10 sacas, mas com rentabilidade reduzida por quebra de contratos e queda nos preços. E, em Primavera do Leste, a soja produziu 60 sacas por hectare, abaixo da meta, e o milho segunda safra atingiu 125 sacas, superando as expectativas nas primeiras colheitas.
De forma geral, mesmo com boas produtividades observadas em diversas regiões, os baixos preços das commodities fizeram com que os resultados não fossem suficientes para cobrir o custo total das culturas analisadas, indicando que o investimento realizado não foi remunerado de forma adequada.
Esse cenário, caso se prolongue, pode comprometer a sustentabilidade econômica da atividade agrícola no médio e longo prazo, limitando a capacidade de reinvestimento dos produtores, especialmente na renovação da frota de máquinas e adoção de novas tecnologias.
Leite - Os painéis de pecuária de leite foram realizados em Sergipe. No município de Lagarto, a produção média gira em torno de 200 litros por dia, mas a baixa especialização do rebanho, com uso de touro nelore e aquisição da reposição de fora da propriedade, prejudicou o desempenho individual dos animais, contexto no qual a receita obtida com o leite permitiu cobrir apenas os desembolsos da atividade.
Já em Nossa Senhora da Glória, o rebanho mais especializado produziu 250 litros por dia em 16 hectares, com a alimentação concentrada representando 35% dos custos. Nas duas propriedades, a receita foi suficiente apenas para cobrir os custos diretos, mas superaram o custo de oportunidade do uso da terra.
Uva – O levantamento foi realizado em Bento Gonçalves (RS). A propriedade modal, com 6 hectares cultivados por uvas viníferas (destaque para a variedade merlot) e uvas labrusca (destaque para a variedade isabel), apresentou margem bruta negativa, o que indica a necessidade de complementar a atividade com outras fontes de receita.
Pinus - Na silvicultura, o levantamento em Jaguariaíva, no Paraná, mostrou bons resultados de margem e lucratividade com a produção de pinus. Os principais custos de implantação são com mão de obra terceirizada (62%) e mudas (25%). Nos custos operacionais totais, os itens de maior peso são a depreciação (56%) e os custos administrativos (25%).
Cana-de-açúcar - O levantamento aconteceu em Araçatuba, São Paulo, e apontou que o plantio mecanizado já representa 30% da área. O modelo de Açúcar Total Recuperável (ATR) fixo é utilizado e os custos de corte, transbordo e transporte são de responsabilidade das indústrias.
Os principais itens do Custo Total (CT) da atividade são o plantio (25,7%) e os tratos da cana soca (20,7%). Os fertilizantes respondem por 43% dos gastos com insumos.