CNA reúne especialistas para tratar do potencial da agroenergia no país
Seminário foi realizado na quarta (30) em Brasília (DF)
Brasília (31/10/2024) – O evento Agroenergia: Transição Energética Sustentável - Edição Etanol, realizado pela CNA, reuniu, na quarta (30), uma série de especialistas em palestras e painéis para debater o potencial da agroenergia no país e a produção de etanol a partir de fontes consolidadas e emergentes.
A palestra magna “Potencial da Agroenergia: Transformando a realidade energética do Brasil" foi feita pelo professor e pesquisador do Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Luciano Rodrigues.
Durante sua apresentação, Rodrigues mostrou um panorama da evolução da produção, oferta e diversificação das fontes de energias renováveis no Brasil. "A produção cresceu e temos agora um novo momento de expansão com a produção de etanol de milho, que inclusive está indo para áreas onde a cana-de-açúcar não tem aptidão. Isso faz com a gente diversifique a matéria-prima no campo”, explicou.
Segundo ele, essa diversificação tem trazido robustez para a oferta de combustíveis renováveis. “Isso vai fazer com que o diferencial de preço do etanol entre os estados seja única e exclusivamente pelo diferencial de custo e transporte”, destacou o especialista.
Rodrigues também abordou a segurança energética de suprimento, preços acessíveis e produção sustentável, com menor emissão de gases de efeito estufa.
"Temos aumentado o portfólio de produtos de energias renováveis, mas precisamos avançar na eficiência técnica para ampliar produtividade e a oportunidade para ganhos de eficiência econômica”, disse.
Cana e milho - O primeiro painel tratou dos avanços tecnológicos e as perspectivas para o futuro energético com foco no etanol de cana e milho. O debate reuniu o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Caio Carvalho; a gerente de Inteligência de Mercado da BP Bionergy, Luciana Torrezan; e o diretor de Sustentabilidade da Inpasa, Christopher Davies Junior.
Luciana apresentou a BP Bionergy, empresa que reúne 11 usinas em cinco estados brasileiros e falou sobre a produção de etanol tanto de cana-de-açúcar quanto de milho nos últimos dez anos.
“Precisamos de um crescimento de produção de etanol total com mais eficiência e com maior sustentabilidade. Utilizamos a agricultura regenerativa e tecnologias no campo. Estamos substituindo os produtos químicos pelos biológicos e temos ganho de produtividade, redução de custos, mesmo com adversidades climáticas e longevidade do canavial. Além disso, temos o campo monitorado para prevenção de incêndios”.
Christopher falou da Inpasa, da evolução do setor de etanol de milho no país, e das perspectivas de crescimento com a utilização das segundas safras de grãos. A empresa atua na produção de etanol de milho.
Sobre a expansão do setor, o representante da Inpasa destacou o aumento da produção com base na produção de grãos de 2ª safra. “O Brasil tem um grande potencial de expansão de produção de grãos de segunda safra e também na utilização de pastagens degradadas. Temos o potencial de termos 155 milhões de toneladas adicionais, mais que o dobro do que temos hoje”, afirmou.
Já Caio Carvalho falou sobre os biocombustíveis do ponto de vista do produtor rural brasileiro. “O ritmo Brasil do agro é de um país protagonista e líder na bioeconomia. Os biocombustíveis fazem parte de uma pauta de convergência. O milho e a cana-de-açúcar são emblemáticos e têm um grande potencial”, disse.
O representante da Abag também traçou um panorama da visão de futuro. "Precisamos de políticas públicas claras que valorizem as commodities energéticas, custos competitivos e menos emissões de gases de efeito estufa”, ressaltou Carvalho.
Trigo, agave e sorgo - Já o segundo painel tratou das novas fronteiras e fontes emergentes de etanol e seus potenciais, como trigo, sorgo e agave.
O diretor de Transição Energética da B&8, Camilo Adas, apresentou a empresa e explicou o projeto de transformar a matriz energética com a produção de etanol a partir de cereais como o trigo. Segundo ele, a ideia é fazer a coleta de matérias-primas localmente, com foco em práticas que minimizem a emissão de CO2.
O pesquisador e professor da Unicamp, Gonçalo Pereira, afirmou que, em um cenário global marcado por desafios climáticos e desigualdade, acontece uma verdadeira revolução no setor energético brasileiro com foco na utilização do agave.
“A mensagem é clara, a transformação da matriz energética é uma questão de urgência e oportunidade, principalmente para o sertão brasileiro”, disse. A proposta apresentada por Pereira gira em torno do potencial do agave, uma planta do semiárido com amplo potencial para a produção de biocombustíveis.
Já o presidente da cooperativa alagoana Pindorama, Klécios Santos, apresentou os dados do sorgo no Brasil e mostrou o trabalho de transição que está ocorrendo com a instalação de uma usina de etanol produzido a partir do sorgo.
Ele destacou o grande potencial da região e disse que está ocorrendo um verdadeiro estímulo em todo o estado de Alagoas para o aumento da produção de sorgo. “Nos encaixamos no momento certo com a geração de energia renovável e fazer uma verdadeira transformação na região”, afirmou.