Comissão Técnica de Fruticultura da FAEMG debate defesa fitossanitária
Belo Horizonte / Minas Gerais (21/08/2017) - A Comissão Técnica de Fruticultura da FAEMG reuniu-se nesta quinta-feira, dia 17, para trocar informações e estabelecer estratégia para evitar a propagação das doenças greening e cancro cítrico, causadas por bactérias que têm atacado plantações de citros (laranja, limão e tangerina), em Minas Gerais.
Compareceram presidentes de sindicatos rurais, técnicos da FAEMG, do IMA e uma representante da FAEP (Federação da Agricultura do Paraná).
Greening
Considerada o maior desafio fitossanitário da citricultura, a doença de
greening
aparece nos pomares do norte de São Paulo e nos do sul e Triângulo, em Minas Gerais. Nos dois estados se concentra a maior parte da indústria do suco de laranja do Brasil, o maior exportador global.
O engenheiro agrônomo Nataniel Diniz Nogueira, do departamento Sanitário Vegetal do IMA, apresentou números e mapeou a incidência da doença greening no Estado. “ Essa é a mais destrutiva doença dos citros no Brasil. A situação está especialmente preocupante em Minas Gerais”, alertou ele, informando que o problema maior está no vetor transmissor da doença, um inseto chamado psilídeo.
Já o analista de agronegócios da FAEMG, informou: “Se mais de 28% do pomar estiver infectado, a indicação é para remoção e queima de de todas as árvores do pomar. Abaixo desse índice a indicação é para remoção e queima das árvores doentes”.
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Janaúba e presidente da Comissão de Citricultura da FAEMG, Dalton Londe Franco Filho, também presente no encontro alertou: “Os números mostram que a doença pode se tornar, além de um problema fitossanitário, também econômico e social”.
Cancro
Diferentemente do
greening,
o cancro cítrico não possui vetor animal. É uma doença devastadora, sem controle químico, e sua incidência acentuada pode causar o fechamento do mercado de citros para o mundo. Caio Coimbra alertou sobre as maneiras de transmissão do Cancro: “É preciso fazer a higienização de implementos utilizados no manejo dos pomares, ficar atento às frutas contaminadas transportadas de uma área para outra e utilizar sempre mudas sadias.”
Em Minas Gerais o Cancro Cítrico é menos incidente do que o greening, no entanto deve-se ter muito cuidado para que a doença não dissemine. No Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) o status do Estado em relação à doença é “área sob erradicação ou supressão”.
Minor Crops
A reunião da Comissão Técnica de Fruticultura da FAEMG foi aberta pela engenheira agrônoma Elisangeles Baptista de Souza, que veio mostrar a experiência do Paraná que é coordenada pela FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) referente ao trabalho de levantamento de demandas de defensivos agrícolas para culturas com suporte fitossanitário insuficiente (CSFI) conhecidas como “Minor Crops”.
“Minor Crops” são aquelas culturas, como jiló e berinjela, para as quais falta ou há número reduzido de defensivos agrícolas.
Para simplificar o registro para essas culturas, foi publicada a Instrução Normativa Conjunta MAPA, ANVISA e IBAMA nº1/2014 norma tendo como objetivo a extrapolação de valores de Limite Máximo de Resíduos (LMR) e o Intervalo de Segurança (IS), das culturas representativas (Ex: Tomate) para as demais culturas que apresentam as mesmas características botânicas, alimentares e fitotécnicas. (Ex.: Pimentão, berinjela, jiló e pimenta).
Elisangeles falou sobre a metodologia de trabalho e a articulação com instituições públicas e privadas no Paraná e também com os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A iniciativa da FAEP integra as três unidades da federação, de modo a reunir as demandas para o registro destes produtos e encaminhar às empresas de agroquímicos, de forma organizada. “O papel do setor produtivo e dos profissionais da assistência técnica é identificar as demandas necessárias para o campo validadas pela pesquisa e encaminhar para a análise de registro pelas empresas”.
Mas ela chama a atenção para as legislações estaduais; mesmo com a obtenção de registros juntos aos órgãos federais, é necessário observar regras em cada estado. “Os critérios de utilização de defensivos agrícolas obedecem também legislações estaduais. Um produto cadastrado para comércio e uso no Paraná pode não estar autorizado para Minas Gerais”, alertou ela.
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais - FAEMG
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