ALIMEN T AN D O O B R A SILEIRO

Comissão Nacional de Infraestrutura e Logística da CNA debate iniciativas para superar gargalos do setor agropecuário
Reuniao

Participantes discutiram escoamento, combate a fraudes nas exportações e déficit de armazenagem

15 de abril 2025
Por CNA

Brasília (15/03/2025) - A Comissão Nacional de Infraestrutura e Logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizou, na terça (15), a primeira reunião de 2025 para debater temas como o escoamento da produção, o combate a fraude no processo de exportação e o déficit de armazenagem, além de outros desafios logísticos para o setor.

O presidente da Comissão, Mário Borba, abriu os trabalhos e destacou a importância do encontro. “Sabemos das dificuldades enfrentadas com as estradas vicinais e outros gargalos logísticos. Que essa primeira reunião do ano seja bastante produtiva”, afirmou.

O primeiro tema da pauta teve como convidado o chefe-geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti. Ele apresentou a Plataforma de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária, com dados atuais e históricos sobre as principais cadeias produtivas de exportação agropecuária do país: algodão, bovinos, café, cana-de-açúcar, galináceos, laranja, madeira para papel e celulose, milho, soja e suínos.

Um dos destaques da apresentação foi o sistema “Caminhos da Safra”, inspirado em tecnologia desenvolvida pela CNA, que oferece uma visão detalhada sobre a infraestrutura de escoamento da produção, incluindo rotas, portos secos e fronteiras.

Spadotti também adiantou que a Embrapa lançará em breve um curso completo sobre a plataforma, com navegação guiada, simulações logísticas e tutoriais para facilitar o uso das informações. “Nossa base de dados é acessível e está à disposição de todos que queiram utilizá-la”, disse.

Em seguida, Emerson Martens, CEO da BindFlow, empresa com sede em Curitiba (PR), apresentou soluções tecnológicas para combater fraudes no transporte e exportação de commodities. Entre os recursos utilizados estão a inteligência artificial para rastreamento de cargas, avaliação de rotas, pontuação de transportadoras e motoristas, e observabilidade em tempo real de todo o processo logístico.

“Quando há roubo ou fraude, quem paga a conta é sempre o produtor rural. A partir do momento que os envolvidos sabem que há tecnologia capaz de identificar desvios, isso ajuda a coibir essas ações. Eu não posso prender ninguém, mas consigo apontar, com precisão, onde está o problema. Isso já é um grande avanço”, destacou Martens.

O terceiro e último tema debatido foi o déficit na armazenagem de grãos nas propriedades rurais. A assessora técnica da CNA, Elisangela Pereira Lopes, alertou que apenas 16,8% da produção é armazenada nas propriedades, o que obriga muitos produtores a recorrerem a estruturas localizadas a grandes distâncias, como ocorre no Maranhão, onde a distância pode chegar a 100 km.

Paulo Lima, diretor da Agrosilos União, apresentou propostas para a implantação de unidades de armazenagem mais próximas das áreas produtoras.

“O trabalho de armazenagem tem ficado nas mãos do produtor. Fizemos estudos ao longo de cinco anos e encontramos caminhos para mudar esse cenário. A proposta é criar condomínios de armazenagem em municípios estratégicos, que concentrem grande produção e pouca infraestrutura”, explicou.

Esses condomínios, segundo Lima, também disponibilizam tecnologias de gestão e acompanhamento individualizado para cada produtor. Um dos modelos já está em implantação no município de Assis Chateaubriand, Paraná.

“Nos unimos aos produtores para que, em vez de construírem silos em suas fazendas, invistam em cotas nos condomínios, operando de forma coletiva. É uma solução viável, baseada na nova lei do agro, que permite a aquisição com garantias em produtos como soja e milho”, concluiu.

Elizangela Pereira Lopes também aproveitou a oportunidade para convidar a todos para os encontros técnicos regionais do Plano Nacional de Logística (PNL) 2050, que tem início na quarta (16), em Cuiabá (MT).

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