COP 30: Pavilhão AgroBrasil promove debate sobre Sistemas Florestais
Painéis ocorreram na AgriZone, na quinta (12), em Belém
Belém (14/11/2025) - Na sexta (14), em mais um dia de eventos na COP 30, o pavilhão AgroBrasil, do Sistema CNA/Senar, promoveu uma série de debates sobre “Cafés e Sistemas Florestais”.
O painel “Restauração Florestal e Silvicultura de Nativas - A próxima fronteira para o Clima e Biodiversidade”, reuniu representantes de iniciativas que atuam na restauração em larga escala no Brasil.
Fabio Sakamoto, CEO da Biomas, enfatizou a importância da diversidade, da valorização das florestas, falou da necessidade de investimentos privados e criticou a lentidão das políticas ambientais e regulamentações que ainda freiam o crescimento do mercado de carbono no mundo.
Thiago Picolo, CEO da Re.green, ressaltou os desafios de estruturar negócios em um mercado emergente e a urgência de remover carbono da atmosfera.
Picolo defendeu os mercados de carbono, regulamentações internacionais e cooperação entre governos, empresas e sociedade. Para ele, o carbono é um ativo estratégico e o Brasil está em posição privilegiada nessa negociação.
Já Peter Fernandez, co-fundador da Mombak, apontou o crescimento recente impulsionado pela demanda global e o interesse de governos em reduzir suas pegadas de carbono, apesar dos entraves regulatórios e da ausência de acordos bilaterais brasileiros.
Como moderador, Roberto Waack, presidente do Conselho do Arapyaú e membro do conselho da Marfrig, trouxe exemplos práticos, como o enriquecimento do solo em pastagens, e ressaltou que a qualidade da restauração depende diretamente da capacidade técnica de quem a executa.
Benefícios - No painel “Benefícios dos Produtos de Base Florestal” foi apresentada a produção florestal renovável, que se conecta à indústria e aos diferentes segmentos, como papel, celulose, pisos, painéis, carvão vegetal, reflorestamento e restauração incluindo espécies nativas.
Isadora Vilela, da Melhoramentos, destacou que existem oportunidades reais para a indústria, especialmente a alimentícia, em reduzir o uso de plástico em embalagens. Vilela também explicou como embalagens de papel podem ser produzidas de forma sustentável. “É possível trabalhar dessa forma, desde o plantio do eucalipto, até o pós-uso, com manejo responsável, redução de químicos e certificação FSC 100%”.
Wilson Andrade, da Abaf, apresentou o caso de uma empresa que processa celulose e integra toda a cadeia, desde os pequenos e médios produtores. Ele relatou desafios na busca de biomassa para substituir o petróleo em caldeiras, apesar de iniciativas bem-sucedidas como a ferroliga verde da Ferbasa. “Existe uma preocupação com a crescente demanda por madeira e a necessidade de planejamento nacional da cadeia produtiva”.
Pedro Prata, da Ellen MacArthur Foundation, contou a trajetória da velejadora Ellen MacArthur e como sua experiência ao dar a volta ao mundo sozinha, sem usar recursos externos nem descartar resíduos, inspirou a criação da fundação em 2010. “A organização impulsionou o conceito de economia circular, que hoje influencia políticas em 90 países e milhares de empresas como alternativa ao modelo linear de desperdício”, afirmou.
Adriano Scarpa, gerente da Ibá, finalizou o painel ao acrescentar que o modelo agrícola brasileiro precisa ser mais defendido nos debates internacionais sobre sustentabilidade e emissões, especialmente quando comparado a países com realidades diferentes. “É importante ampliar a voz dos países em desenvolvimento nessas discussões, inclusive na OMC”, concluiu.