Especialistas debatem transição energética e transparência no agro
Tema fez parte dos painéis do Dia do Agro, realizado pela CNA, em Dubai
Por: Foto: Daniela Luquini
Dubai, Emirados Árabes Unidos (10/12/2023) – A transição energética, as potencialidades do agro brasileiro e a transparência no setor foram debatidos, no domingo, na segunda parte do Dia do Agro, realizado pela CNA na COP 28, em Dubai.
Os temas foram discutidos na parte da tarde. No painel sobre transição energética, o moderador foi o consultor em meio ambiente e sustentabilidade da CNA, Rodrigo Justus, que destacou o trabalho feito pelo Brasil na produção de energias renováveis e a potencial utilizado na agroenergia.
“O Brasil é líder na produção de energia limpa. Temos a energia hidroelétrica, a agroenergia a partir da cana no bagaço e na produção de etanol, o biodiesel da soja e, nos últimos anos, começamos a produção do etanol do milho, sem falar na agroenergia que gera rações e proteína na criação de animais”, lembrou.
“Ainda temos o biogás, o biometano (que captura o metano para produção de energia) e a energia eólica e solar. Enquanto muitos países ainda pensam em como fazer a transição dos combustíveis fósseis para os renováveis, o Brasil já faz há muito tempo, e temos de mostrar isso para o mundo”, completou.
A presidente executiva da Abiogás, Renata Isfer, falou sobre o potencial de fontes como o biometano, o biogás e a biomassa para o processo de descarbonização, ajudando a reduzir as emissões de gases poluentes e apresentou exemplos que mostram uma diminuição expressiva. “Não é um potencial do futuro. É um negócio de agora”.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Antônio Ernesto de Salvo, e o presidente da Bioenergia Brasil, Mário Campos, apresentaram o projeto Movido pelo Agro, que consiste no incentivo ao uso de biocombustíveis no estado, a partir de uma parceria entre produtores e agroindústrias.
“A ideia é buscarmos parcerias com órgãos e outras entidades para que mais pessoas participem”, disse Salvo. “Temos o grande desafio de levar para a sociedade brasileira os benefícios ambientais dos biocombustíveis no Brasil, em especial em Minas Gerais. A partir de uma parceria com a Faemg, usamos o etanol na frota da Faemg e promovemos o uso do etanol por colaboradores. E depois a Faemg levou isso para os sindicatos. Mas queremos isso como estratégias até pessoais, para descarbonizar e ajudar na sustentabilidade”, ressaltou Campos.
Para o chefe de Relações Internacionais da Embrapa, Marcelo Morandi, a agricultura precisa ter dados próprios de emissões para não esconder as reais contribuições do setor. Desta forma, ressaltou, é preciso separar o cálculo. “Existem muitas contribuições da agricultura que não estão na conta da agricultura, e sim na conta de outros setores, como energia e transporte”.
A secretária de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, Marjorie Kauffmann, mostrou o trabalho de estímulo ao uso de biocombustíveis no estado e de adoção de agricultura de baixa emissão de carbono no estado. Neste contexto, ele defendeu a necessidade de mostrar estas tecnologias no exterior e ressaltou que o agro tem exercido um papel crucial como carro-chefe das ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
“A agricultura tem capacidade de capturar as emissões que tenham sido executadas em outras áreas, com o a urbana, que têm essa incapacidade de redução. O agro é uma possibilidade de neutralizar carbono com sua capacidade e estamos diante de uma ótima oportunidade”.
A vice-presidente de sustentabilidade da Raizen, Paula Kovarsky, falou sobre a atuação da empresa e abordou a importância de o setor se articular com governo para mostrar o que realmente faz em termos de sustentabilidade.
Transparência no agro – O sócio-diretor do Agroícone, Rodrigo Lima, moderou as discussões sobre este tema, que mostrou ações e projetos que reforçam o compromisso do setor com a sustentabilidade. O presidente da Faemg, Antônio Pitangui de Salvo, falou sobre o processo de implantação de técnicas em sua propriedade como a integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF).
A gerente de Sustentabilidade da Faemg, Mariana Ramos, apresentou o projeto de retificação de cadastros ambientais rurais, o Retificar, que a CNA implantou em Minas Gerais como piloto para promover um mutirão de validação dos registros dos imóveis no CAR.
“Apresentamos aquilo que a CNA tem feito. O produtor fez a parte dele, que foi cadastrar, e agora é hora de validar. Os órgãos órgãos ambientais precisam validar o cadastro para que o produtor tenha a segurança de mostrar seus ativos como grande guardião ambiental”.
O presidente da Croplife Brasil, Eduardo Leão, apresentou as tecnologias desenvolvidas pela empresa buscando a sustentabilidade, como os insumos biológicos, biotecnologia, e falou sobre as iniciativas da empresa voltadas para a agricultura regenerativa.
O diretor executivo da Solinftec, empresa que desenvolve tecnologias para o agro, mostrou o trabalho e as ferramentas desenvolvidas para dar mais eficiência no processo produtivo no agro, todas voltadas para a sustentabilidade.
Já o coordenador-geral de Mudanças Climáticas e Agropecuária Conservacionista do Ministério da Agricultura, Adriano Santhiago, falou sobre as ações e políticas da pasta para a garantia da transparência das metas de mitigação e adaptação do agro brasileiro para as mudanças climáticas.