Santa Catarina
Faesc comemora reconhecimento de Indicação Geográfica da erva-mate do norte catarinense
O processo para o registro da erva-mate do planalto norte catarinense contou com apoio financeiro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) por meio de convênio, bem como apoio técnico por mais de 10 anos.
A Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc) comemora a conquista da erva-mate do planalto norte catarinense que recentemente ganhou reconhecimento de Indicação Geográfica (IG) de Denominação de Origem. Trata-se do primeiro registro na espécie Denominação de Origem para o produto erva-mate. O reconhecimento foi concedido no mês de maio pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
O processo para o registro da erva-mate do planalto norte catarinense contou com apoio financeiro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) por meio de convênio, bem como apoio técnico por mais de 10 anos. O Instrumento Oficial de Delimitação da área da IG, documento necessário para o registro, foi emitido pela Coordenação de Indicação Geográfica de Produtos Agropecuários do Mapa. A área geográfica engloba 20 municípios catarinenses.
Com o reconhecimento, os produtores poderão aplicar em seus produtos um Selo representativo da cultura, além dos Selos Brasileiros de IG, criados em 2021. Para o presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, o registro comprova o valor cultural e econômico do produto e representa um importante diferencial competitivo no mercado. “Essa é mais uma conquista para o agronegócio de nosso Estado que vem se destacando cada vez mais em diversos segmentos. Estamos orgulhosos, pois o registro mostra que a erva-mate produzida no planalto norte possui características peculiares do local. Com isso, o produto ganha uma identidade própria que reforça a sua qualidade e faz com que ganhe mais mercado”.
Atualmente, o total de Indicações Geográficas concedidas no INPI chega a 99, sendo 68 Indicações de Procedência (IP), todas nacionais, e 31 Denominações de Origem (DO), das quais 22 são nacionais e nove, estrangeiras.
CARACTERÍSTICAS DA ERVA-MATE DO PLANALTO NORTE
A erva-mate do planalto norte Catarinense cresce em ambiente de sombra esparsa junto à Mata de Araucária. O produto da Denominação de Origem é constituído por folhas e ramos da erva-mate (Ilex paraguariensis), em sua maioria proveniente de ervais nativos, sem a presença de espécies exóticas e sem o uso de agrotóxicos.
Além da sombra proporcionada à erva-mate, a Mata de Araucária possui papel fundamental durante o inverno, no qual o estrato arbóreo constitui uma barreira contra as perdas de radiação e os ventos frios. Dessa forma, contribui para a conservação de calor no solo e no ar, mantendo a umidade necessária aos ervais.
Importante destacar que a região apresenta a menor insolação anual no estado de Santa Catarina, o que garante à erva-mate um ambiente ainda menos ensolarado. Tal sombreamento proporciona à erva-mate do planalto norte catarinense maiores teores de cafeína, conforme evidenciaram estudos de caracterização química do produto, provenientes de municípios da área delimitada.
De acordo com a documentação apresentada no processo da Denominação de Origem, a análise sensorial da erva-mate do planalto norte catarinense, realizada por um painel de especialistas, mostrou que, quando comparada às ervas-mate oriundas de Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina, a primeira apresentou maior brilho e um verde mais intenso na erva seca triturada. Além disso, a cor verde da infusão da erva-mate do Planalto Norte Catarinense foi superior.
Quanto aos atributos de doçura e amargor, a erva-mate da Denominação de Origem apresentou maior nível de doçura e menor amargor, quando comparada às amostras das outras regiões mencionadas, gerando o sabor suave específico e mais valorizado no mercado, ainda segundo a documentação existente no processo.
Com relação aos fatores humanos do meio geográfico, os métodos de colheita e trituração, bem como o preparo da infusão de erva-mate, sofreram forte influência de diferentes povos. Desde o saber fazer atual da colheita, passando pelo sapeco e cancheamento (moagem), até o modo de preparo para consumo, somaram-se contribuições históricas dos povos indígenas, dos caboclos e dos tropeiros, que introduziram um instrumento chamado ouriço no processo de cancheamento; além da influência dos imigrantes europeus, que se incorporaram à atividade ervateira na floresta.
Indicações Geográficas
A Indicação Geográfica (IG) é um instrumento de reconhecimento da origem geográfica de um produto ou serviço. Por isso, é conferida a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, que detêm valor intrínseco, identidade própria, o que os distingue dos similares disponíveis no mercado.
* Com informações do INPI e do MAPA