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Inclusão digital no Campo: um novo universo de conhecimentos
Programa do Senar-SP tem transformado a vida de pessoas no interior do Estado
Por: SENAR-SP
Fonte: Comunicação do Sistema FAESP/SENAR-SP
A tecnologia faz parte do dia a dia de quem vive nos centros urbanos mais populosos, presente, sobretudo, nos smartphones que carregamos para todos os lugares. Para essas pessoas é impensável que exista alguém que se depare com um computador e não saiba nem mesmo como ligá-lo. Esta, porém, é a realidade de muita gente que vive em zonas rurais do Estado de São Paulo. Mas o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em São Paulo (Senar-SP) está mudando esse cenário em muitas cidades, como no município de Uchoa, na região de São José do Rio Preto, onde a entidade está promovendo mais uma edição do Programa de Inclusão Digital no Campo (Indicam).
De acordo com a presidente do Sindicato Rural de Uchoa, Siuze Davanzo, o Indicam é muito procurado pelos moradores. E não apenas por quem vive em sítios e outras propriedades rurais. Afinal, na cidade onde vivem não mais de 11 mil habitantes, apenas 700, aproximadamente, moravam em áreas fora do núcleo urbano da cidade, de acordo com o Censo de 2016. “Eu considero este programa um dos melhores do SENAR-SP, porque o homem do campo geralmente não tem muito acesso à tecnologia. Há tanta procura que chegamos a fazer uma lista de espera para os interessados em participar”, explica Siuze.
Desde a implantação, em 2018, o curso já alcança sua 18ª edição, mas, no início, para que ele pudesse se concretizar, foi preciso unir esforços. Siuze conta que o Sindicato possuía dois computadores, mas cuidou de preparar uma sala para que os alunos pudessem ser acomodados. A solução para os equipamentos veio da instrutora Marcia Maria de Souza, que aplica o programa em Uchoa. Graduada em Letras, ela também tem formação como Técnica em Informática. Além do município, ela aplica o Indicam nas cidades de Novais, Tabapuã, Potirendaba e Bady Bassit. Mais do que ministrar as aulas, a parceria com a instrutora foi fundamental para que o curso pudesse acontecer. “Sabíamos da urgência em implantar o programa na cidade, para que tanto os produtores quanto seus familiares pudessem adquirir conhecimentos. Fosse para aplicar no dia a dia no campo ou na rotina familiar, dando a eles mais autonomia. Como eu tinha os equipamentos, por conta de ter encerrado recentemente as atividades de uma escola de informática, levei as máquinas e conseguimos montar um laboratório”, explica ela.
O programa
Apesar de ser um programa para iniciantes, o conteúdo programático do Indicam é bastante abrangente. A introdução apresenta aos alunos a parte do hardware, traz noções gerais sobre os componentes e acessórios dos computadores e até informações sobre como manter a postura correta ao utilizar o equipamento. O conteúdo se estende por cinco módulos. O Módulo I - Introdução ao Hardware apresenta informações sobre a funcionalidade de computadores, teclado e mouse, a posição correta das mãos no teclado e a parte da digitação. O Módulo 2 desvenda todo o universo da tecnologia, mostrando aos participantes o significado e aplicação de conceitos que são comuns para a maioria das pessoas, como EAD, Internet das Coisas, Inteligência Artificial, Realidade Aumentada e outros. No módulo 3, o conteúdo trata de internet, provedores, e-mails, redes sociais, certificação digital, armazenamento em nuvem e até mesmo crimes cibernéticos. Os módulos 4 e 5 aprofundam conhecimentos sobre os recursos mais utilizados, como o pacote Office 365 (Word, Excel e PowerPoint).
Conquistas
Marcia explica que uma das principais dificuldades dos alunos é entender que já estão inseridos no mundo digital. “A maioria chega sem nenhum conhecimento de informática ou tecnologia e por isso acredita que a era digital ainda não os atingiu, o que não é verdade. Além disso, os alunos mais velhos têm mais dificuldades por conta do medo da tecnologia, o receio de errar”, conta a instrutora.
Depois que começam as aulas, os temores de todos eles desparecem. Marcia acredita que a principal conquista é, primeiramente, desmistificar o uso da tecnologia, e com isso vem a conquista da autonomia. “Temos alunos que conseguiram trabalho na usina, que subiram de cargo na empresa, que passaram em concurso. Um aluno de Uchoa que me marcou muito foi um locutor de rodeio que tem um programa de rádio. Ele aprendeu a utilizar os softwares de texto e a internet e utiliza esse conhecimento para o dia a dia de seu trabalho. Outro caso é de uma aluna que trabalha como empregada doméstica e fez o curso sem ter o mínimo de conhecimento. Com tudo o que ela aprendeu veio a melhora da autoestima, o que fez com que almejasse outras possibilidades. Hoje ela está para iniciar a faculdade de Assistência Social”, comemora Marcia.
Siuze explica que as turmas são formadas por 12 a 15 anos, sempre tendo o cuidado de colocar nos grupos pessoas de faixas etárias mais próximas. Mas misturar idades não chega a ser um problema, ao contrário, já que a troca de experiências entre os mais jovens e mais velhos é muito proveitosa. “Tudo o que eles aprendem aqui é importante para desenvolver todo o potencial que as pessoas têm em si. Se você não busca o conhecimento, fica restrito a uma vida limitada. Ter uma noção, por mínima que seja, sobre tecnologia, faz um mundo totalmente novo e cheio de oportunidades se abrir para eles”, finaliza a presidente do SR de Uchoa.
Outras informações acesse o Portal FAESP/SENAR-SP