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Paraná

JAA desperta vocação rural em jovens do Paraná
JAA capa

Aluno descobriu interesse pelo campo, se formou em agronomia e passou a ser instrutor do programa

13 de dezembro 2018

Por: Comunicação Social - Sistema FAEP/SENAR-PR

No pequeno distrito de Ubaúna, em São João do Ivaí, no Norte do Paraná, nasceu e cresceu João Carlos Gonçalves. Em 2008, no segundo ano do ensino médio, o menino, então com 15 anos, ocupava seus dias entre os estudos e as dúvidas sobre qual carreira seguir. Mas uma ajuda para fazer aflorar sua verdadeira vocação estava prestes a acontecer. O curso Jovem Agricultor Aprendiz (JAA) chegou à cidade e foi questão de poucas aulas para Gonçalves comunicar em casa: “mãe, se eu for fazer faculdade, vai ser de agronomia. E não tem outra opção”, lembra.

E assim começou uma relação ainda mais íntima com o campo, que mudou para sempre a trajetória de João, hoje com 25 anos. “O JAA representou um despertar, não só da parte técnica, mas também pessoal, gestão de pessoas, como se comportar em público, ter objetivo, ter atitude. Foi bastante marcante, pois fez a diferença para descobrir a minha vocação”, compartilha.

Daí para a faculdade na área de agropecuária foi um pulo. Ele entrou no curso de agronomia na Unicesumar, em Maringá, e no período de 2010 até 2014 seguiu em contato com o universo do JAA. “Sempre participava de atividades, para conferir trabalho das turmas. Quando começaram a fazer as gincanas também, sempre ajudava. O JAA é um programa pelo qual tenho um carinho especial. Devo muito do que tenho na minha vida hoje”, relata.

A transição de aluno e entusiasta do programa para instrutor ocorreu de forma natural. Após o convite feito quando finalizava o curso de agronomia, Gonçalves participou da formação de instrutores. Em abril de 2015, assumiu a primeira turma de JAA, especificamente em mecanização. “As coisas foram acontecendo e o SENAR-PR ajudou bastante a abrir horizontes. Depois, fui para o mestrado, concluí e continuo firme e forte no JAA. É um programa no qual eu trabalho por paixão”, reforça.

O instrutor do SENAR-PR conta que sua principal satisfação é ver que as oportunidades que o JAA abriu na sua trajetória também estão abertas para seus alunos. “É uma alegria imensa ver aqueles participantes da minha primeira turma, em 2015, hoje na faculdade. Já consigo ver o resultado prático desse despertar para as oportunidades que o JAA abre, tanto no campo como em outras áreas”, avalia.

Frutos do JAA

Vinicius Bianchini, 19 anos, é morador de São Pedro do Ivaí. Ele foi um dos alunos da primeira turma de João Carlos. Filho de um produtor rural e uma empresária, o jovem estava em dúvida e tendia a estudar engenharia elétrica. Mas, ao participar do JAA, não teve jeito, o que falou mais alto foi seu amor pelo campo. “O JAA abriu uma visão ampla sobre a propriedade, sobre as oportunidades que estão aqui. Hoje, estudo agronomia em Arapongas e muita coisa que vi no JAA estou estudando na faculdade. Tenho a certeza de que me encontrei”, pontua.

Alessandra Rafaela Pereira de Paula, 20 anos, é outro exemplo da continuidade. Aluna de João Carlos em 2015, hoje estuda engenharia agrícola na Universidade Federal do Paraná, no campus de Jandaia do Sul. “Na época, eu não imaginava estar onde estou agora, estudando em um curso superior da área agropecuária. Eu sempre gostei do meio rural. O JAA possibilitou o contato com a parte de mecanização nas atividades rurais, que tenho me identificado mais, onde realmente me sinto fazendo algo que gosto”, compartilha.

Empurrão ao professor

João Carlos, além da satisfação de ter descoberto sua vocação na área rural, também contou, indiretamente, com um empurrãozinho do SENAR-PR para conseguir uma oportunidade como professor universitário. Ao surgir uma vaga de docente na Faculdade de Tecnologia do Vale do Ivaí, quando ainda estava terminando o mestrado, a instituição exigia experiência prévia em sala de aula, o que ele já tinha por ser instrutor do JAA. “Eu não sei se teria conseguido realizar esse sonho se não fosse pelo SENAR-PR e a experiência que me proporcionou. Nada disso teria acontecido se eu tivesse ficado parado em Ubaúna”, reflete.

Ao fazer esse balanço de sua trajetória, o professor, agricultor e instrutor mostra que a motivação está ligada ao papel de sonhador, sendo o seu maior ganho a satisfação pessoal. “Às vezes, vemos lugares com tantos problemas com a juventude, falta de interesse e tudo mais. Se você conseguir dar uma chacoalhada, despertar a curiosidade por alguma coisa, que não precisa ser necessariamente para a parte técnica agronômica, mas que dê uma inspiração em algum sentido da vida, isso é o que faz tudo valer a pena”, ressalta.

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