No final do ano passado foi promulgada a Lei de Bioinsumos (nº 15.070), que ajudou a disciplinar aspectos importantes relacionados a produção, a importação, a exportação, o registro, a comercialização, o uso, a inspeção e demais assuntos inerentes ao tema.
A matéria já era amplamente discutida pela sociedade científica e algumas agroindústrias, por exemplo, já investiam em pesquisa e produção próprias a fim de gerar economia e solução para suas matérias-primas.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de São Paulo (Senar-SP) renova seu rol de cursos de acordo com o tempo e o avanço das tecnologias e da sociedade. Desse modo foi formatado o Programa de Olericultura Básica - Nutrição Biológica do Solo, com o objetivo de capacitar os participantes para o uso técnico e estratégico dos bioinsumos no manejo agrícola, desde a correta amostragem e preparo do solo até a aplicação prática de microrganismos, fertilizantes orgânicos, extratos vegetais e agentes de controle biológico.
Aplicado pelo segundo ano no Sindicato Rural de Itapetininga, os produtores recebem orientações de como integrar conhecimento científico e práticas de campo, que resulta no favorecimento de sua autonomia e no uso racional dos recursos naturais.
Fernanda Cristina do Nascimento, doutora em microbiologia agropecuária e instrutora do Senar-SP há seis anos, explica que "o curso tem como base os princípios da agricultura sustentável, com ênfase no uso de bioinsumos como estratégia central para promover a saúde do solo, a nutrição das plantas e o equilíbrio do ecossistema agrícola."
"A proposta fundamenta-se no conceito de solo como um ambiente biologicamente ativo, onde os microrganismos exercem funções essenciais, como a decomposição de matéria orgânica, solubilização de nutrientes, fixação biológica de nitrogênio e controle natural de pragas e doenças. A abordagem visa substituir parcial ou totalmente os insumos sintéticos por soluções biológicas, promovendo uma agricultura mais eficiente, segura e regenerativa", explica.
MANEJO DO SOLO
Para o produtor rural Juca Basile a experiência do Programa foi enriquecedora. Segundo ele, o conhecimento transmitido pela instrutora serviu para aprimorar o que já vinha fazendo e estudando a respeito do preparo e enriquecimento do solo com microrganismos.
"No terreno que destinei a aplicação de micro-organismos e irrigação, a cada 20 dias era realizado o manejo e comparando-o com outro talhão onde só foi empregada a irrigação o ganho de produtividade foi de mais de 40%, representando um ótimo resultado", explica.
Miriam Mayumi Tanabe Takahashi é produtora rural desde que se entende por gente. Seu pai foi pioneiro na plantação de atemoias na região de Itapetininga e seu marido produtor de uvas.
Seu mundo sempre foi a agricultura e tinha como propósito trabalhar com produtos biológicos. Foi a partir do Programa de Olericultura Básica - Nutrição Biológica do Solo que começou a colocar em prática o uso correto de microorganismos e o que ela considera primordial: o manejo do solo.
"Para um bom plantio e logo uma boa colheita é preciso que a terra seja bem cuidada. O solo estando rico, a planta vai melhor."
Exemplo disso foi o aumento da produção das atemoias, como também o tamanho dos frutos, que se desenvolveram mais e melhor após o cuidado biológico do solo.
"O conhecimento que a Fernanda nos trouxe foi excelente. Aprendemos a aplicabilidade dos produtos, suas finalidades e o entendimento de como cuidar do plantio antes mesmo de colocar a primeira semente", afirma.