Painéis do 1º Fórum Empresarial Agrícola do Mercosul discutem desafios e oportunidades no comércio mundial

Encontro foi realizado na quarta (5), na sede da CNA

Por CNA 5 de novembro 2025
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Brasília (05/11/2025) – Os participantes dos painéis do 1º Fórum Empresarial Agrícola do Mercosul realizado na quarta (5), na sede da CNA, debateram temas como desafios e oportunidades para o comércio mundial dos produtos agropecuários dos países do bloco.

O primeiro painel do dia, mediado pela assessora internacional da CNA, Isadora Souza, debateu o enfrentamento às barreiras comerciais, o aumento do protecionismo e a regulamentação europeia sobre o desmatamento (EUDR).

O secretário-geral da World Farmers Organization (WFO), Andrea Porro, participou da discussão e pontuou que o setor agropecuário enfrenta desafios relacionados às medidas unilaterais de proteção e à necessidade de construir uma resiliência com visão de futuro.

“Estamos tratando de resiliência e cooperação nos diálogos. O mercado global traz impactos, mas também muitas oportunidades, especialmente para incluir mais produtores e agregar valor à produção local”, afirmou Porro.

Ele ressaltou ainda que os produtores rurais desempenham papel essencial na sustentabilidade climática e que a COP 30, que será realizada no Brasil, representa uma oportunidade para mostrar ao mundo como o setor pode contribuir positivamente com o meio ambiente.

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O conselheiro das Confederações Rurais Argentinas (CRA), Martín Rapetti, afirmou que temas ambientais e de bem-estar animal devem ser tratados de forma equilibrada, evitando imposições que elevem custos e prejudiquem os produtores. “É preciso que exigências não se tornem barreiras comerciais”, afirmou.

A diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori, também participou do painel e destacou que o Regulamento Europeu Antidesmatamento (EUDR), se tornou um dos temas prioritários para o setor agropecuário, especialmente pela sua relevância comercial e pelos potenciais impactos sobre as exportações do agro.

Segundo ela, a CNA acompanha de perto a implementação do regulamento e as discussões sobre a ampliação do seu escopo, que atualmente cobre sete cadeias produtivas.

“É fundamental que o Brasil continue atuando de forma propositiva, defendendo a sustentabilidade da nossa produção e evitando a criação de barreiras que prejudiquem o produtor rural”, completou.

Sanidade animal - O segundo painel do dia, mediado pelo ex-ministro da Agricultura do Uruguai, Fernando Matos, discutiu a sanidade animal, o reconhecimento dos protocolos sanitários de cada país e a facilitação do trânsito de animais e material genético.

O presidente da Associação Rural do Uruguai (ARU), Rafael Ferber, ressaltou a importância de avançar na integração sanitária e genética entre os países do Mercosul.

“Se queremos garantir o trânsito seguro de animais entre os países do Mercosul, é fundamental alinhar os protocolos sanitários. Nenhum país pode correr o risco de receber animais sem as garantias adequadas de imunização”, afirmou.

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O presidente da Comissão de Relações Internacionais da Associação Rural do Paraguai (ARP), Dario Baumgarten, também enfatizou a necessidade de fortalecer a cooperação sanitária entre os países do bloco e de avançar no reconhecimento mútuo dos protocolos de saúde animal.

“A cooperação internacional e o planejamento são vitais. As doenças são disseminadas rapidamente, então, o fortalecimento dos serviços veterinários são fundamentais para enfrentar essa situação”.

O coordenador de Produção Animal da CNA, João Paulo Franco, também participou do debate e reforçou a necessidade de uma atuação conjunta entre os países do Mercosul.

“Enxergamos, sem sombra de dúvida, grandes possibilidades de avanços, não apenas na questão sanitária, mas também no trânsito de animais e material genético. Precisamos avançar como um bloco, fortalecendo nossas cadeias produtivas e promovendo o desenvolvimento conjunto da pecuária regional”, afirmou.

Acordos - À tarde, o terceiro painel abordou a ampliação da pauta exportadora de produtos agropecuários, acordos comerciais e abertura de mercados. A diretora-adjunta de Relações Internacionais da CNA, Fernanda Carneiro, mediou o debate e falou sobre os reflexos da geopolítica mundial na rede de acordos do Mercosul. Ela citou o protecionismo, medidas regulatõrias e tarifas.

“O setor agropecuário precisa de uma previsibilidade tarifária para ser competitivo. Esse debate é importante para entender como podemos reduzir nossas vulnerabilidades, ampliar nossa rede de acordos e atender às exigências regulatórias de uma forma mais proveitosa. É uma agenda mais ambiciosa e ordenada”, disse.

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A ministra da Agricultura do Chile, Maria Ignacia Fernandez, participou do painel e destacou a importância de fortalecer o Mercosul com foco em uma agenda agroexportadora sustentável. Já o secretário executivo da Farm, Raul Roccatagilata, disse que o bloco sul-americano tem papel essencial na cadeia agroalimentar global e está bem posicionado para atender o aumento da demanda mundial por alimentos.

O diretor-adjunto do Departamento de Negociações e Análises Comerciais (DNAC) do Ministério da Agricultura, Leonardo Recupero ressaltou a representatividade do agro na balança comercial brasileira, a necessidade de ampliar a pauta exportadora que ainda é concentrada em poucos produtos e focar nas barreiras sanitárias e técnicas que limitam o acesso a mercados mais valorizados.

Sustentabilidade - A última discussão do dia contou com uma palestra do representante do Brasil no Mercosul e na Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), embaixador Antônio Simões, sobre o “Mercosul Verde”. O embaixador disse que o bloco é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, mas ainda não possui uma estratégia comum compatível com essa relevância.

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Simões disse que o Mercosul precisa vender a sustentabilidade do agro. “Temos avançado em negociações com parceiros externos, contudo, a assinatura de acordos não é suficiente para ganhar mercados, sobretudo nos países europeus”.

Para Simões, a disseminação da informação sobre o agro do Mercosul impacta negativamente a opinião pública e as possibilidades de negócios. “É necessário avançar nessa área para superar o protecionismo verde”.

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