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Prevenção da teníase e cisticercose no homem e no animal
Cursos e cartilhas do Senar-SP orientam sobre os riscos das doenças e como evitá-las
Por: SENAR-SP
Fonte: Comunicação do Sistema FAESP/SENAR-SP
Parasitoses causadas pela ingestão de água ou alimentos contaminados por ovos da Taenia Solium ou Taenia Saginata, a teníase e a cisticercose ainda são doenças frequentes no meio rural, em todo o Brasil. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), sua forma mais grave – a neurocisticercose, quando a larva se aloja no cérebro – é responsável por 50 mil mortes por ano em países em desenvolvimento. Segundo estudo apresentado no 54º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, de 2015 a 2017, o Brasil registrou 254 óbitos pela doença, mas estima-se que os casos são subnotificados.
A cisticercose é endêmica na região Sudeste do País. A baixa ocorrência da doença em algumas áreas do Brasil, como por exemplo nas regiões Norte e Nordeste, pode ser explicada pela falta de notificação ou porque o tratamento é realizado em grandes centros, como São Paulo, Curitiba, Brasília e Rio de Janeiro, o que dificulta a identificação da procedência do local da infecção. Diante desta realidade, o SENAR-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) desenvolve desde 2018 iniciativas que envolvem cursos e cartilhas, alertando para os riscos das doenças e orientando produtores e trabalhadores rurais quanto às práticas de prevenção.
As ações fazem parte do PPSC (Programa Promovendo a Saúde no Campo. “Neste mês estamos concluindo o processo de atualização de todas as nossas cartilhas no formato EAD, por meio de uma parceria com a UNISA – Universidade Santo Amaro. Todos os nossos 114 instrutores do estado estão passando por essa capacitação, com certificado de pós-graduação ao final”, destaca o Dr. Roberto Duarte, gerente do Programa.
A cartilha do SENAR-SP é muito didática e explica que o parasita pode causar a cisticercose ou a teníase, que são doenças distintas, de acordo as fases do ciclo de vida da tênia. “A teníase é provocada pelos vermes adultos da Taenia Solium (tênia do porco) ou Taenia Saginata (tênia do boi). A cisticercose é causada pela larva (cisticerco) da Taenia Solium”. Segundo o Dr. Duarte, a Taenia Saginata tem em média, 5 metros de comprimento, mas pode chegar a 25 metros, enquanto a Taenia Solium costuma medir entre 2 e 7 metros.
A transmissão ocorre por um ciclo vicioso, em que a pessoa infectada contamina o meio ambiente em decorrência da falta saneamento básico; os animais que vivem no ambiente contaminado ingerem os ovos da tênia; as larvas se alojam no animal e o homem, ao ingerir carnes infectadas, sem o devido preparo, acaba se contaminando novamente, perpetuando o ciclo.
Sintomas
A cisticercose pode causar diferentes sintomas a depender da localização do cisticerco. Os sintomas geralmente surgem após 3 a 5 anos da contaminação. Quando afeta o sistema nervoso, pode provocar convulsões, dores de cabeça e até mesmo demência. Ao atingir os olhos, pode provocar alterações visuais e até cegueira. Nos músculos e na região da coluna, pode provocar dificuldade para andar.
“Por isso é importante não ingerirmos carnes cruas ou malcozidas. Porque mesmo se o alimento estiver contaminado pelas larvas, com o calor do fogo, elas morrem”, ensina o gerente do PPSC. Outros cuidados incluem a lavagem correta das mãos, principalmente após o uso do banheiro e antes das refeições; utilizar somente água de fontes limpas ou fervida, filtrada ou tratada; irrigar hortas e pastagens com águas limpas e criar animais em lugares cercados. “Porém o fundamental”, adverte o médico, “é focarmos no saneamento básico, com a construção de fossas sépticas no ambiente rural”.
O déficit em saneamento básico no país é imenso. Quase 35 milhões de pessoas vivem sem água tratada e cerca de 100 milhões não tem acesso à coleta de esgoto, segundo dados de março de 2022, publicados pela Agência Senado. Diante deste cenário, os cursos do SENAR-SP assumem maior importância, ensinando o homem do campo a adotar medidas simples que podem evitar doenças e até mesmo a morte por contaminação. Depois de alguns anos no organismo da pessoa, a Taenia Solium pode se alojar no cérebro, originando a neurocisticercose, uma forma grave da doença. “Do intestino, a tênia pode atingir a corrente sanguínea e se alojar no cérebro. Uma ressonância magnética de uma pessoa com neurocisticercose revela um quadro gravíssimo, que raramente é reversível”, explica o médico.
O diagnóstico da teníase ou cisticercose deve ser feito por médico, com base em coletas sucessivas das fezes do paciente. Mesmo quando o exame não revela a presença do parasita, pelos sintomas o médico pode diagnosticar a doença e prescrever o tratamento. “A doença é muito tratável, mas a medicação deve ser prescrita por médico. Produtos da crendice popular não têm resultado efetivo para o combate ao parasita”, alerta o gerente.
Outras informações acesse o Portal FAESP/SENAR-SP