Paraná
Programa de Capacitação em ILPF premia três projetos inovadores
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Com apoio do Sistema Faep/Senar-PR e da Cocamar, 32 técnicos foram capacitados para prestar assistência técnica em sistemas de integração
Por: Comunicação Sistema Faep/Senar-PR
Fonte: Comunicação Sistema Faep/Senar-PR
O Sistema Faep/Senar-PR e a cooperativa Cocamar , com apoio da Associação Rede ILPF , Embrapa e Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) , desempenharam, ao longo do último ano, um papel significativo na promoção e difusão dos sistemas de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) no Paraná. Durante 13 meses, 32 técnicos da Cocamar e do IDR-Paraná, da Cooperativa de Trabalho dos Profissionais de Agronomia (Unicampo) e instrutores do SENAR-PR desenvolveram 19 projetos em propriedades rurais de associados da Cocamar para implementação das técnicas de ILPF. Os resultados deste trabalho foram apresentados no dia 6 de junho, no evento de encerramento do Programa de Capacitação em ILPF, em Maringá.
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Trinta e dois técnicos receberam certificados pela conclusão do Programa de Capacitação em ILPF
A iniciativa premiou três equipes, que desenvolveram projetos nos municípios de Terra Rica, Alto Paraíso e Centenário do Sul, na região Noroeste do Paraná. Os participantes receberam certificados pela conclusão do programa. Com isso, os profissionais formados estão aptos para prestar assistência técnica e fomentar a tecnologia entre os produtores rurais.
VENCEDORES: conheça abaixo as equipes e um resumo de cada projeto
“Fazemos uma menção muito especial aos profissionais que agora estão concluindo o curso, com um agradecimento aos parceiros e aos produtores rurais que abriram suas propriedades para que os participantes pudessem elaborar seus projetos. Todos já são profissionais diferenciados”, afirmou a diretora técnica do Sistema Faep/Senar-PR, Débora Grimm.
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A diretora técnica do Sistema Faep/Senar-PR, Débora Grimm
Segundo Leandro Cezar Teixeira, superintendente de relação com o cooperado da Cocamar, o principal objetivo do programa é melhorar o Noroeste do Paraná e ajudar outras regiões do país a desenvolverem sistemas de integração. “Quando um produtor implementa a ILPF em sua propriedade, não tem volta. Há estabilidade produtiva, a renda é outra, a soja traz resultados para a pecuária, sem falar da valorização da propriedade”, elencou. Ele também reforçou a importância do acompanhamento dos técnicos, acrescentando que, com a formação, terão uma base maior para sensibilizar os produtores mais resistentes.
O presidente do Sindicato Rural de Maringá, José Antonio Borghi, destacou que a ILPF promove a diversificação de atividades e o aumento da renda, condições essenciais para regiões como o Noroeste, devido à predominância do Arenito Caiuá, um tipo de solo mais arenoso, que requer cuidados em relação à erosão e à conservação de solo e água. “A integração é uma ferramenta que cai como uma luva para essa região”, pontuou.
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O presidente do Sindicato Rural de Maringá, José Antonio Borghi
Para o presidente do conselho gestor da Associação Rede ILPF e gerente executivo técnico da Cocamar, Renato Watanabe, a capacitação é um diferencial competitivo, já que o Brasil possui 604 universidades que oferecem cursos de Agronomia, mas apenas três incluem a ILPF em sua grade curricular. Watanabe também citou que, para reformar 40 milhões de hectares de pastagens degradadas, são necessários, no mínimo, 4 mil profissionais especializados em ILPF, ou seja, um para cada mil hectares.
“Se trouxermos, ao menos, 30 milhões de hectares para o programa, poderemos ampliar o rebanho bovino das atuais 200 milhões para 300 milhões de cabeças e acrescentar mais 100 milhões de toneladas à safra de grãos. A ILPF é uma prática transformadora que coloca o país à frente dos outros, por cuidar da saúde do solo e ser um modelo sustentável”, apontou.
“Temos que ressaltar também a integração que foi feita entre as instituições para viabilizar esse programa”, citou o diretor-presidente do IDR-Paraná, Richard Golba. “O Brasil é pioneiro em inovações como a ILPF. Por isso, o melhor investimento de um país é investir na educação”, acrescentou a chefe de transferência de tecnologias da Embrapa Soja, Carina Ruffino.
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O diretor-presidente do IDR-Paraná, Richard Golba
Condução dos projetos
Os trabalhos desenvolvidos aconteceram na área de atuação da Cocamar, abrangendo os Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, sendo a maioria deles realizados no último. Os projetos foram conduzidos por uma equipe de técnicos, entre engenheiros agrônomos, médicos veterinários, engenheiros florestais e zootecnistas, ao lado dos proprietários das fazendas.
Durante a capacitação, foram abordados temas para o nivelamento técnico dos profissionais, como culturas, pastagens, fertilidade do solo, uso da água, gestão da propriedade, uso de ferramentas digitais e o complemento florestal. “Para o sucesso da integração em uma propriedade, é preciso que essas especialidades sejam trabalhadas em conjunto. A junção de uma equipe técnica durante a capacitação permite que todos possam trabalhar também de forma integrada”, explicou o gerente técnico de ILPF da Cocamar, Emerson Nunes.
“Os técnicos prestam um trabalho extremamente importante, mas a decisão é sempre do produtor. Por isso, é fundamental que ele esteja comprometido com o trabalho, porque as decisões também terão embasamento técnico. É vantajoso para os dois lados: para o produtor, que ganha desenvolvimento na propriedade, e para o técnico, que pode aplicar seu conhecimento”, apontou Neder Corso, técnico do Sistema FAEP/SENAR-PR.
No total, o programa contou com 141 horas de formação, com realização de 16 encontros com aulas teóricas e práticas, envolvendo Dias de Campo, visitas técnicas e consultorias.
A expectativa é identificar produtores com potencial para difusão da tecnologia no Estado, ampliando a adoção deste sistema no setor produtivo. Dessa forma, a Cocamar pretende ter produtores-chave com áreas-modelo, para promover eventos dedicados à ILPF, com realização de Dias de Campo nas propriedades rurais para ajudar a fomentar o sistema nas regiões.
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José Antonio Borghi, Carina Ruffino, Débora Grimm, Richard Golba, Leandro Cezar Teixeira e Renato Watanabe: representantes das entidades parceiras do Programa de Capacitação em ILPF
ILPF no Brasil
Em 15 anos, a área ocupada pela ILPF aumentou em 52% no Brasil, atingindo 17,4 milhões de hectares na safra 2020/21. Apesar do cenário favorável, esse número corresponde a apenas 8,35% das áreas sob uso agropecuário no Brasil, segundo dados da Rede ILPF. A meta da Rede ILPF é atingir 35 milhões de hectares no país até 2030.
No Paraná, a ILPF começou a ser implementada na década de 1990, quando a Cocamar, atendendo a pedidos de agricultores, buscou alternativas para viabilizar o plantio de soja no Arenito Caiuá. Na época, a Embrapa já havia desenvolvido tecnologias para implementar a cultura de grãos no Cerrado, fazendo com que o Arenito começasse a ser visto como uma oportunidade. A partir disso, a Cocamar passou a prestar assistência técnica e instalou estruturas operacionais para o recebimento de grãos em pontos estratégicos.
Hoje, são 633 mil hectares com implantação de ILPF no Paraná, representando 6,74% da área nacional. Nas regiões atendidas pela Cocamar, os sistemas de integração estão presentes em aproximadamente 200 mil hectares, em diferentes formatos.
Projetos vencedores
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Equipes premiadas foram reconhecidas pela inovação dos projetos
1º LUGAR
Avner Gomes, Luiz Henrique Lima e Rodrigo Rossi
Propriedade: Agropecuária Zafanelli (Fazenda Guaraúna, Fazenda 3 Minas e Fazenda Perdigão 2)
Proprietários: Élton Zafanelli Silveira e Franciele Zafanelli Silveira (irmãos)
Área: 315 hectares
Município: Alto Paraíso – PR
Resumo: Por meio dos estudos de viabilidade técnica e operacional do sistema de integração, o projeto estimou a rentabilidade, produtividade e possibilidades de ajustes nas três fazendas. Após diagnóstico, a proposta elaborada foi a implantação do sistema de ILPF apenas na Fazenda Guaraúna (200 hectares), estruturada para o rebanho de cria.
Dessa forma, o projeto propôs um plano de ação com cronograma de implantação do sistema até a safra 2035/36, com medidas de intervenção em todos os componentes, considerando, também, o sinergismo entre as atividades. Além disso, foi estabelecido um cronograma de visitas e treinamentos técnicos para difusão dos benefícios da ILPF na propriedade.
Benefícios alcançados:
Produção de pastagem na entressafra, conforto térmico para os animais, redução de abortos na fase embrionária por estresse térmico e quebra de ciclo de parasitas, melhorando as condições sanitárias para o rebanho;
Enriquecimento da fertilidade do solo (químico, físico e biológico), controle de erosão, cobertura e proteção do solo;
Fixação biológica de nitrogênio, enriquecimento da paisagem com aumento da diversidade de espécies, reciclagem de nutrientes e aumento de polinizadores;
Maior produção por árvore comparada com o maciço florestal, redução da intensidade dos ventos e efeito de microclima;
Diversificação do fluxo de caixa, possibilidade de realocação de capital no fluxo de caixa e geração de demandas para prestadores de serviços terceirizados.
2º LUGAR
José Matheus Rodrigues e Telma Forza
Propriedade: Fazenda Nata
Proprietários: Armando Vieira Moreira e Fernanda Barros Moreira (pai e filha)
Área: 363 hectares
Município: Centenário do Sul – PR
Resumo: O objetivo deste trabalho é acelerar a recuperação das pastagens degradadas, aumentar a produtividade agrícola e pecuária e aderir à Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF), melhorando e atualizando os benefícios do sistema de Integração Lavoura Pecuária (ILP), implantado na propriedade há mais de seis anos. Além disso, a proposta engloba melhorias na gestão da propriedade, com acompanhamento gerencial e financeiro das atividades agropecuárias.
De acordo com os dados levantados em diagnóstico, o foco do projeto é o manejo de pastagens, com reforma de piquetes e organização do cronograma de plantio, resultando no aumento da produtividade da soja e consolidando as atividades dentro do sistema ILP. A partir da concretização das propostas, um dos objetivos é que a propriedade se torne uma Unidade de Referência Tecnológica (URT), para difundir os benefícios da ILP na região.
Benefícios alcançados:
Maior ganho de peso diário dos animais mantidos a pasto, de 400 para 600 gramas/cabeça/dia, devido à qualidade da pastagem combinada à nutrição balanceada e manejo fitossanitário adequado dos animais;
Recuperação das pastagens degradadas na entressafra e a partir da introdução da produção de soja no sistema, com implantação de cronograma para rotação das áreas;
Melhoria das características biologias, físicas e químicas do solo para plantio subsequente da cultura da soja;
Na safra 2023/2024, o total de pastagens recuperadas pela soja foi de 121 hectares.
3º LUGAR
Jorge Luiz Vecchi e Isabela Melo
Propriedade: Fazenda Nossa Senhora Aparecida
Proprietário: Luís Fernando Viana Artigas Junior
Área: 330 hectares
Município: Terra Rica – PR
Resumo: A propriedade é dedicada à pecuária de corte, com foco na criação, utilizando estratégias de melhoramento genético dos animais por meio de protocolos de inseminação. Além disso, há produção de silagem para auxiliar na alimentação e manutenção dos animais durante o inverno. O projeto proposto visa uma série de intervenções estratégicas com o objetivo de otimizar a produção e a gestão das pastagens, bem como a eficiência geral do sistema agropecuário.
Com a implantação de um sistema de integração, o objetivo é tornar a propriedade mais produtiva e economicamente independente, utilizando um modelo produtivo mais sustentável e rentável. As ações também visam a otimização dos recursos disponíveis, contribuindo para uma gestão mais eficaz e econômica da propriedade.
Benefícios alcançados:
Diversificação das pastagens, com expansão das áreas e reforma gradativa dos piquetes de maneira direta e eficiente;
Melhorias nas divisões e nomenclaturas das pastagens, otimizando as rotações do rebanho, os manejos da propriedade e o trabalho dos colaboradores;
Rebanho renovado por meio de melhoramento genético, com reposição de matrizes, uso de inseminação artificial e repasse com touros;
Aumento do número de animais na propriedade, de 453 para 506 cabeças;
Durante os períodos de seca, os animais seguem recebendo silagem como complemento nutricional, mantendo o repouso para as pastagens e respeitando a área em processo de reforma e a rotação dos lotes.