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Trabalho que faz a diferença no campo
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Integração entre assistência técnica e irrigação melhorou os resultados de propriedade leiteira em Goiás

25 de agosto 2017
Por Senar

Intensificar a produção, manejar os fatores produtivos de uma propriedade, de maneira individual e de forma tecnológica, proporcionando ao produtor tecnologias para que ele obtenha uma produção elevada e custos mais baixos. Estes são os principais objetivos da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (SENAR Goiás). Quem tem motivos de sobra para comprovar tais resultados é o engenheiro mecânico e produtor rural de Petrolina de Goiás, Marcos Paulo Ribeiro, de 28 anos. Isso porque, desde 2012, ele é beneficiado pelo programa. Um dos destaques para seu sucesso no campo foi a implantação da irrigação em sua propriedade, numa área de 4,5 hectares, localizada a dez quilômetros de Petrolina.

A propriedade conta agora com um sistema de irrigação por aspersão, que tem por finalidade reproduzir sobre as plantas ou solo o fenômeno artificial da chuva, através de pequenas gotas que jorram do pequeno aspersor. Na irrigação é feito o controle da intensidade, duração e momento de rega. O sistema é por um bombeamento que faz a água percorrer um conjunto de tubulações, gerando a pressão necessária para acionar os aspersores. “Nossa irrigação é dividida em cinco setores, num ciclo de cinco dias. Ela é feita à noite, no período de 12 horas. O bombeamento da água inicia às 19 horas e se encerra às sete e a cada noite um setor é irrigado”, explica Marcos Paulo.

“Antes da implantação deste sistema, o solo era seco. Tudo era bem complicado”, diz Marcos Paulo. Foi por meio da ATeG do SENAR Goiás que o produtor passou a ter mais conhecimento sobre novas técnicas e soluções para sua propriedade, reduzindo os custos do seu negócio. Segundo o produtor, o gado era levado ao cocho e alimentado apenas com silagem. Tudo era feito sem estudo e planejamento. Não era possível prever onde deveria realmente investir. “Conto hoje com a orientação de um técnico do Senar Goiás. Ele faz toda parte zootécnica e de nutrição, me ajuda também no planejamento. Sempre anoto todas as informações que são passadas”, explica o produtor.

O que garantiu grande transformação para a propriedade foi a gestão. Hoje, ele cuida melhor do gado e, consequentemente, produz mais, garantindo maior produtividade ao seu negócio. Outras técnicas também foram implantadas, como piquetes para sistema rotacionado, correção do solo, aumentando assim a lotação animal, não sendo mais necessário o arrendo de áreas complementares para alojar animais. “Com a irrigação, os animais passaram a ficar dentro da minha propriedade. Não alugamos nenhuma pastagem fora”, diz Marcos Paulo.

Orientações no campo

O trabalho de assistência técnica na propriedade de Marcos Paulo teve início em julho de 2012, mas a irrigação foi implantada em fevereiro deste ano. O técnico responsável que orienta o produtor é o médico veterinário, Leandro Fernandes Braga. “As instalações e montagens do sistema foram feitas no início deste ano. Assim que cessou a chuva começamos a irrigação e hoje estamos vendo seus benefícios”, diz. Atualmente, é irrigado um módulo de grama, numa área de 2,7 hectares e o capim Mombaça, em 1,8 hectares de terra. “Temos dois módulos de gramas, mas queremos trocar o Mombaça pela grama. Já que a variedade jiggs possui um teor de fibra menor e suporta uma lotação maior por hectare”, afirma Leandro.

Segundo o médico veterinário, a irrigação reduziu em torno de 60% a 70% do consumo de silagem ingerida pelas 40 vacas que ficam no pasto. Durante o dia, elas se alimentam no cocho, com a silagem. Por conta da irrigação, houve também uma redução do custo da produção de leite. Isso proporcionou uma alimentação mais barata aos animais, até mesmo em períodos mais frios, já que o gado continua no pasto reduzindo a quantidade de silagem utilizada. “O custo da alimentação com a ração reduziu bastante, porque a grama possui um teor de proteína maior que a silagem”, explica o técnico.

De acordo com Leandro Fernandes, o programa Senar Mais auxilia o produtor por todo controle da propriedade, desde zootécnico, planejamento, informações econômicas, parte nutricional, entre outros aspectos que se fizer necessário. No caso da propriedade de Marcos Paulo, o técnico começou a atuar em 2012. Nesta época, a produção estava entre 380 e 400 litros. Agora, ela gira em torno de 1,2 mil litros de leite por dia. O saldo desta propriedade também era negativo. Atualmente, o produtor mantém seu custo em torno de 65%, tendo lucro de R$ 15 a 20 mil por mês.

A implantação da irrigação nesta propriedade surgiu como uma alternativa para reduzir custos com a silagem, mas o acesso à água era um limitante. “Foi necessário trazer água a uma distância de 650 metros, com 50 metros de desnível. Tínhamos muitos animais e não estávamos dando conta de produzir a silagem para as vacas comerem na seca, por isso, muitas vezes tínhamos que comprar fora”, diz Leandro. O resultado foi tão positivo que hoje toda silagem feita, além do consumo interno, sobra para venda.

Metodologia aplicada

O consultor e engenheiro agrônomo do SENAR Goiás, Carlos Eduardo Freitas, diz que o SENAR Mais é uma metodologia que veio do Senar Central. “O método foi adaptado para nossa instituição, com conhecimentos de intensificação de produção, que capacitam os técnicos de maneira gerencial e tecnológica”, explica. Segundo ele, o técnico atua atendendo um grupo de produtores dentro de um município ou região, que trabalham numa mesma atividade. Para isso, é feito uma visita por mês, com duração de quatro a cinco horas. O objetivo é fazer com que os produtores utilizem as técnicas que foram aplicadas de forma gerencial.

De acordo com Carlos Eduardo, a visita é feita pelos técnicos de campo, podendo ser geralmente engenheiros agrônomos, zootecnistas, médicos veterinários ou técnicos em agronegócio. A cada dois meses este trabalho conta com uma supervisão realizada pelos profissionais do Senar Goiás. O trabalho também recebe, a cada seis meses, a visita de um consultor. “O processo é muito bem acompanhado. Isso porque se surgir qualquer problema é possível fazer uma ação corretiva naquilo que foi proposto”, diz o consultor.

O produtor recebe orientações de gestão e de tecnologia, para que ele obtenha mais produtividade, de maneira sustentável. O grande objetivo do trabalho é fazer com que as propriedades gerem renda ao produtor. São feitas avaliação, diagnóstico inicial e dessa forma, é possível comparar a difusão da tecnologia desta propriedade, de maneira que os resultados alcancem novos produtores. No caso da irrigação, quando orientada pelo técnico, é necessário verificar se o produtor está apto para fazer a irrigação, se existe água disponível na propriedade, se é possível investir nesta tecnologia, se existem condições operacionais. Isso é feito junto com os cursos do Senar Goiás, de forma a contribuir ainda mais com o processo. “O técnico orienta o produtor a fazer um projeto de irrigação, a retirar os documentos exigidos pelo órgão ambiental, que são a outorga e a licença ambiental, isso tudo para que o produtor tenha sua atividade regularizada”, explica Carlos Eduardo.

Técnicas de irrigação

O gerente de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do SENAR Goiás, Guilherme Bizinoto, explica que a irrigação é uma das alternativas utilizadas dentro do Senar Mais para se produzir alimentos, tanto aos animais quanto ao ser humano, no período da seca. “No caso da pecuária de leite, quando a propriedade possui água disponível, projetos de irrigação de pastagens são implementados, permitindo que se tenha produção de volumoso também no período seco”, conta.

Dentro desta vertente, a irrigação também é utilizada na agricultura, horticultura e fruticultura, permitindo uma produção durante todo o ano. Com o auxílio dessa tecnologia é possível fazer o planejamento alimentar eficiente do rebanho, manter as pastagens nas estiagens e seca, aumentando as unidades animais e, consequentemente, reduzindo os custos com alimentação.

Segundo Bizinoto, esta é uma forma de produzir alimento com custo de produção mais em conta. Além disso, em períodos de veranico – períodos que ficam sem chover - o produtor pode utilizar este recurso. “Quando aplicada de maneira eficiente, os produtores garantem aos animais comida de maneira estável, ao longo do período de estiagem, com um custo de produção considerável”, explica Guilherme.

Atualmente, o Programa Senar Mais atua em todas as regiões de Goiás. No total, são 1,2 mil produtores distribuídos em sete cadeias produtivas - apicultura, fruticultura, horticultura, ovinocaprinocultura, pecuária de corte, pecuária de leite e piscicultura. Somam 70 técnicos de campo que assistem os produtores rurais mensalmente.

Debate

Com o tema ‘Irrigação: eficiência e sustentabilidade na agropecuária’, a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (SENAR Goiás), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Goiás (Sebrae Goiás), realizarão nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, em Goiânia (GO), o 2º Seminário de Irrigação de Goiás. O objetivo do evento é envolver os produtores rurais, técnicos e sociedade no debate acerca da utilização sustentável da água. O evento ocorrerá no auditório da Federação.

Assessoria de Comunicação do SENAR Goiás
www.senargo.org.br

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