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Pará

Sistema Faepa/Senar e MPPA instalam escola-indústria de chocolate
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Parceria também vai estimular verticalização da produção de cacau

30 de outubro 2024

Por: Paula Catarina de Almeida Costa

Fonte: Ascom Faepa-PA

Equipamentos para produção de chocolates foram entregues em setembro na sede da Faepa, em Belém, para a instalação da nova Escola-Indústria de Chocolates do município de Novo Repartimento, no sul do Pará, que beneficiará produtores de cacau do Assentamento Tuerê, por meio de uma parceria junto ao Ministério Público (MPPA).

O Sistema Faepa/Senar, disponibilizará todos os equipamentos necessários para a produção de chocolates e promoverá a capacitação para a formação de chocolatiers na comunidade.
A entrega deve beneficiar prioritariamente os produtores de cacau da região do Assentamento Tuerê, na zona rural do município, onde mais de 3 mil famílias residem.

O superintendente do Senar no Pará, Walter Cardoso, afirma que o projeto das escolas-indústrias de chocolate executadas no Pará, são os principais projetos ligados à cadeia do cacau disponibilizados pela instituição no Brasil inteiro. “As escolas são um marco bastante expressivo. Hoje nós temos cinco escolas-indústria formando e levando ao produtor rural ensinamentos para que eles tenham condições de produzir um cacau fino, de qualidade. Vamos todos apoiar essa cadeia do cacau de forma cada vez mais definitiva. Vamos caminhar juntos, o Senar, a Federação da Agricultura, a Sedap, o Funcacau e todos os plantadores de cacau”.

Segundo a promotora de Justiça Rural, Alexssandra Muniz Mardegan, responsável pela solicitação dos equipamentos à Senar, a região é carente de iniciativas que promovam a verticalização da cadeia do cacau, como a produção de chocolates. “Tudo começou quando fui visitar a comunidade do Tuerê e percebi o quanto era sofrida a vida daqueles homens e mulheres. Principalmente as mulheres, pois são elas que beneficiam o chocolate artesanal, atualmente com muita dificuldade sem equipamentos. Vendo aquele esforço, aquela luta para produzir e empreender, eu fiquei tocada. Então passei a buscar parcerias, me reuni com a Faepa, Senar, Sebrae e outros parceiros, sempre explicando a importância do investimento naquela comunidade”, explica Mardegan.

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A produtora de cacau Maria Helena, moradora do Tuerê 2, afirma que existe uma grande dificuldade na irrigação da plantação atualmente, mas que tudo vai mudar a partir do novo sistema de irrigação. “Hoje em dia o meu sofrimento é grande. Têm dias que eu acordo às 5 da manhã e vou para luta, molhando a mão 3 mil pés de cacau, às vezes até 11 horas da noite, meia-noite”.

Atualmente, o Pará é o maior produtor de cacau do Brasil. Ao todo, segundo dados do Governo do Estado sobre a última safra, cerca de 145 mil toneladas do fruto foram colhidos aqui. Esse número representa 51,80% da produção nacional. Não é somente a quantidade que impressiona, mas também a qualidade, como explica Eliana Zacca, assessora técnica da Faepa. “Hoje o Pará tem chocolates que foram premiados em vários cantos do mundo. Não é só em suas amêndoas, mas em chocolates mesmo. Então tem muita qualidade. Nós aqui no estado temos uma diversidade chamada de ‘terroir do cacau’. São vários ecossistemas produzindo e que dão sabores e texturas muito diferenciados. O ponto de fusão do cacau daqui é um dos mais altos, o que para o chocolate é ótimo, porque é maior resistência ao calor”, pontua Zacca.

Inclusive, a comunidade do Tuerê é reconhecida em festivais de gastronomia como uma das melhores amêndoas produzidas na região, porém ainda conta com muitas dificuldades no beneficiamento do fruto. “A comunidade já recebeu prêmio internacional, mas ainda não conseguiu ultrapassar a produção primária. Agora com a escola-indústria, os cursos são muito importantes, eles vão começar a fazer pequenos processamentos na sua produção”, comenta Zacca.

Além da Faepa, Senar e o MPPA, representantes do governo estadual, a Caixa Econômica e o Banco do Brasil estiveram presentes na entrega. Bruno Kono, presidente do Iterpa, ressalta a necessidade de parcerias como esta para a mudança de realidades de locais carentes no Pará. “Você nunca faz política pública sozinho. Não é só o Estado que tem essa atuação. Quando você traz organizações da sociedade civil como a Faepa e o Senar, Prefeitura e Ministério Público, você consegue construir uma política pública visando ações e resultados concretos. É uma proposta de desenvolvimento social e econômico desta região”.

O secretário de Agricultura da cidade de Novo Repartimento, Edelson Storck, afirmou que a nova Escola-Indústria é um sonho e contemplará não somente o Tuerê, mas a região como um todo. “70% da produção de cacau do município já vem desta comunidade, mas é um projeto inovador que visa atender a região. Já existia esse sonho da escola há muito tempo, então quero agradecer as parcerias”.

Os equipamentos devem ser instalados na comunidade nos próximos dias. A entrega contém forno, torre de nibs, temperadeira, liquidificador, mesas e outras peças fundamentais para confecção dos doces. A promotora Alexssandra Mardegan também explica que esta verticalização deve diminuir a dependência de atravessadores e aumentar a margem de lucro dos assentados. “No novo processo eles devem receber a maior parte pelo que produzem. Nós fizemos uma conta em que hoje em dia a comunidade recebe menos de 10% do valor do produto final.”

Segundo dados da Ceplac, Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira do Ministério da Agricultura, os municípios do Pará que mais produzem cacau são Medicilândia, Uruará, Altamira, Placas, Anapu, Brasil Novo, Novo Repartimento, Vale do Xingu, Tucumã e Tomé-Açu. A Comissão aponta que cerca de 60 mil empregos diretos são gerados na lavoura estadual do fruto, com geração de valor bruto no PIB do Pará, em 2023, de R$2 bilhões aproximadamente.

Senar, Faepa, Governo do Estado, Ceplac e Fundo de Apoio à Cacauicultura no Pará, começaram a implementar, desde 2019, as Escolas-Indústria de Chocolates nos municípios de Altamira, Igarapé-Miri, Medicilândia, Castanhal e Cametá, no intuito de promover a capacitação, verticalização e aumento de valor agregado da produção paraense.

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