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28 de setembro de 2018
Crescimento do PIB do Agronegócio em junho ameniza retração no 1º semestre / 2018
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O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), teve alta de 0,60% em junho, mas encerrou o primeiro semestre de 2018, com retração de -1,60%.

Todos os segmentos apresentaram alta em junho: insumos (0,60%), primário (0,53%), agroindústria (0,64%) e agrosserviços (0,63%). Já no acumulado do 1º semestre de 2018, os segmentos primário e de agrosserviços apresentaram retração de -4,36% e -1,69% respectivamente. O segmento de insumos foi o que apresentou melhor desempenho no acumulado do período, 1,27%, seguido da agroindústria que cresceu 0,45%. (Tabela 1).

Tabela 1. PIB do Agronegócio: Taxa de variação mensal e acumulada no período (%) 

Crescimento do PIB do Agronegócio em junho ameniza retração no 1º semestre / 2018

O desempenho negativo do PIB do Agronegócio no 1º semestre de 2018 reflete, basicamente, a retração de -6,69% da atividade do ramo pecuário já que o ramo agrícola cresceu, ainda que modestamente, 0,57% no acumulado do mesmo período. Enquanto a retração do ramo pecuário no 1º semestre do ano esteve disseminada em todos os segmentos – insumos (-2,58%), primário (-4,45%), agroindústria (-6,68%) e agrosserviços (-8,57%) – no ramo agrícola esteve restrita ao segmento “dentro da porteira”, com queda acumulada de -4,31%. No mesmo período, todos os demais segmentos agrícolas cresceram: insumos (3,31%), agroindústria (2,40%) e agrosserviços (1,65%). (Tabelas 2 e 3)

Tabela 2. Ramo Agrícola: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)

Em junho, o desempenho do ramo agrícola (0,87%) foi relativamente melhor, e do pecuário relativamente menos adverso (-0,03%), comparativamente ao observado no 1º semestre como um todo (0,57% e -6,69%, respectivamente). Todos os segmentos do ramo agrícola apresentaram crescimento em junho – insumos (0,60%), primário (1,13%), agroindústria (0,73%) e agroindústria (0,91%) – e todos, exceto o primário (-0,59%) do ramo pecuário, também cresceram: insumos (0,63%), agroindústria (0,40%), e agrosserviços (0,09%). (Tabelas 2 e 3)

Tabela 3. Ramo Pecuário: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)

SEGMENTO DE INSUMOS: Fertilizantes seguem com preços em alta

O segmento de insumos do agronegócio, apresentou alta de 0,60% em junho e de 1,27% no acumulado do primeiro semestre de 2018. Embora o crescimento desse segmento tenha sido, em junho, bastante similar tanto no ramo agrícola (0,60%) como no pecuário (0,63%), no acumulado do 1º semestre/2018 o desempenho foi bastante distinto, com expansão de 3,31% no ramo agrícola e retração de -2,58% no ramo pecuário.

Considerando-se dados e informações disponíveis até junho/2018, projeta-se queda no faturamento anual de 2018 das indústrias de rações (-6,96%) e de máquinas agrícolas (-0,40%). Já para fertilizantes, defensivos e medicamentos para animais, as projeções são de alta do faturamento de 2018 de 10,33%, 7,63% e 0,22%, respectivamente. (Figura 1)

Figura 1. Insumos: variação (%) anual de volume, dos preços e do faturamento – 2018/2017 com informações até junho/2018

Crescimento do PIB do Agronegócio em junho ameniza retração no 1º semestre / 2018

Na indústria de fertilizantes, a elevação prevista no faturamento é motivada pela alta de 11,29% nos preços reais, diante da queda de 0,86% em quantidade. No período, as maiores demandas interna e externa e notadamente a desvalorização do Real influenciaram os aumentos nas cotações do insumo, conforme já destacado em relatórios anteriores.

Já para os defensivos, a previsão de elevação anual de faturamento decorre do incremento na quantidade (10,80%), já que se verifica recuo de -2,86% nos preços dos primeiros seis meses 2018 com relação ao mesmo período do ano anterior.

Para rações, a maior influência veio da queda de -5,15% das cotações de janeiro a junho com relação ao mesmo período do ano anterior, mas também da baixa de -1,90% em quantidade. Segundo o Sindirações, a baixa demanda de carnes - tanto no mercado interno ainda em crise, como no mercado externo em função do fechamento de importantes mercados consumidores dos produtos brasileiros - juntamente com o encarecimento dos custos, têm prejudicado a indústria de rações.

Para a indústria de máquinas agrícolas, embora a atual perspectiva de produção ainda seja de leva queda (-0,40%), informações da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) indicam otimismo quanto às perspectivas de vendas no segundo semestre, acompanhando a melhora de cenário esperada para o produtor rural brasileiro.

SEGMENTO PRIMÁRIO: Preços reagem, mas greve dos caminhoneiros prejudica algumas atividades em junho

A renda do segmento primário do agronegócio apresentou alta de 0,53% em junho de 2018, mas baixa acumulada de -4,36% no primeiro semestre do ano. Em junho, o ramo agrícola cresceu 1,13%, enquanto o pecuário recuou -0,59%. No acumulado, verificam-se quedas respectivas de -4,31% e de -4,45% (Tabelas 2 e 3). Estes resultados estão associados aos menores preços nos primeiros seis meses de 2018, frente ao mesmo período do ano passado, e à previsão de maiores volumes de produção de muitas das culturas agrícolas e das atividades pecuárias em 2018, conforme as Figuras 2 e 3 e a Tabela 4 (apresentadas a seguir).

O segmento primário agrícola, após o forte crescimento em 2017, deve apresentar pequena alta de 1,03% na média ponderada de produção das atividades acompanhadas em 2018. Destaca-se a expansão significativa na expectativa de produção de culturas importantes em termos de valor de produção como algodão, café, trigo e soja. Já relativamente a preços, na média, verifica-se tendência de recuperação mês a mês desde o início de 2018, devido a um maior equilíbrio de oferta neste ano e a um impulso da desvalorização do Real frente ao Dólar para os produtos com grande demanda internacional. Porém, no acumulado, as cotações avaliadas para o período de janeiro a junho de 2018, em relação ao mesmo período do ano anterior, ainda seguem em queda, de -0,30%. No segmento primário da pecuária, as estimativas são de alta de 2,32% na e queda de -7,40% nos preços no primeiro semestre de 2018 frente ao mesmo período de 2017.

Dentre as culturas do segmento primário agrícola acompanhadas, as estimativas são de crescimento do faturamento para: algodão, cacau, café, soja, tomate, trigo, madeira em tora, madeira para papel e celulose e lenha/carvão. Já as culturas para as quais as estimativas são de queda no faturamento são: arroz, banana, batata, cana-de-açúcar, feijão, fumo, laranja, mandioca, milho e uva.  (Figura 2 e Tabela 4)

Figura 2. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2018/2017 com informações até junho/2018

Tabela 4. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2018/2017 com informações até junho/2018

Crescimento do PIB do Agronegócio em junho ameniza retração no 1º semestre / 2018

Dentre as culturas com perspectivas de crescimento de faturamento em 2018, destaca-se o algodão. Para esta cultura, a estimativa de crescimento é sustentada tanto pela alta nos preços de 12,41%, na comparação dos primeiros semestres de 2018 e 2017, como também pelo aumento esperado na quantidade produzida para o ano (29,24%). Segundo a equipe Algodão/Cepea, apesar de uma pressão de queda nos preços ocorrida durante junho, devido à chegada de novos lotes no mercado e à retração de alguns compradores, as cotações foram superiores as do mesmo mês do ano passado, reforçando a alta acumulada no semestre. De modo geral, a alta nas cotações do algodão no primeiro semestre relaciona-se à maior demanda externa, à oferta mais restrita no mercado doméstico, ao aumento no preço internacional e à desvalorização do Real frente ao Dólar. Com relação à projeção de produção, para a Conab os aumentos da área e de produtividade, juntamente com o clima favorável à qualidade das fibras (redução nas precipitações), tendem a levar a bom desempenho da cultura neste ano.

Quanto ao café, as projeções otimistas de crescimento do faturamento no ano  derivam do aumento esperado de 29,07% na quantidade produzida, já que na comparação entre os semestres os preços recuaram -10,14%. Assim como já destacado em relatórios anteriores, este ano é marcado pela bienalidade positiva da produção de café, apresentando, juntamente ao bom manejo da cultura e das boas condições climáticas, aumentos superiores a 20% nas produtividades dos cafés arábica e robusta. Já com relação a preços, de acordo com a equipe Café/Cepea, apesar da desvalorização do Real frente ao Dólar, em junho, as cotações permaneceram estáveis no mercado interno.

Para a soja, a elevação esperada do faturamento ocorre via elevação nas cotações (11,09%), de janeiro a junho de 2018, comparado ao mesmo período de 2017, e aumento de 4,30% na projeção da produção para o ano. Segundo a Conab, a alta de produção é motivada tanto por expansão de área, quanto de produtividade. Para preços, a equipe Grãos/Cepea, a desvalorização do Real frente ao Dólar continua influenciando de forma positiva as cotações do produto. De modo geral, os maiores preços no semestre também foram sustentados por uma firme demanda externa pela soja brasileira.

No caso do tomate, a estimativa de faturamento foi impulsionada pela alta nas cotações reais de 21,06% na comparação entre semestres e pelo crescimento estimado de 1,36% para a produção no ano. A equipe Hortifruti/Cepea destaca que, neste ano, a influência para aumento nos preços vem da melhor qualidade dos frutos, devido ao clima mais favorável à produção. A equipe destaca ainda que, apesar da alta esperada na produção anual, conforme dados do IBGE, identifica-se redução de área em algumas regiões, o que também tem influenciado na elevação de preços. Com relação à paralisação dos caminhoneiros iniciada no fim de maio, diferentemente de outras hortaliças e frutas, a maturação do tomate foi retardada pela baixa temperatura naquele mês. Isso restringiu a oferta naquele período levando à perda mínima do produto durante os protestos.

Dentre as culturas para as quais projeta-se redução do faturamento está o milho, que, mesmo com o aumento das cotações reais em 11,57% na comparação entre o primeiro semestre de 2018 em relação ao mesmo período de 2017, apresenta projeção de redução de 16,01% na produção para o ano. Segundo informações da Conab, isso se deve às menores área e produtividade da segunda safra, devido ao estresse hídrico ocorrido no período de desenvolvimento. Para preços, a equipe Grãos/Cepea destaca que, apesar da alta acumulada no semestre devido à menor oferta do produto, especificamente em junho, a colheita da segunda safra pressionou as cotações do grão, mas ainda houve a manutenção do patamar mais elevado com relação a 2017.

    No caso da cana-de-açúcar, a redução estimada no faturamento é reflexo da queda dos preços até junho, comparado ao mesmo período do ano anterior (-15,06%), bem como projeção de produção -1,15% menor. De acordo com a Conab, houve redução na área de produção destinada à cultura e estabilidade da produtividade. Já com relação a preços, a cana segue a tendência de preços dos produtos finais da cadeia sucroenergética (açúcar e etanol), sendo esses pressionados para baixo pelo recuo relevante nas cotações do açúcar no ano.

Para o segmento primário da pecuária, há expectativa de baixa no faturamento para todas as atividades (com exceção para a bovinocultura de corte), em decorrência da queda de preço reais, conforme observa-se na Figura 3.

Figura 3. Pecuária: Variação anual estimada do volume, dos preços e do faturamento 2018/2017 com informações até junho/2018

Para a bovinocultura de corte, o aumento estimado no faturamento advém do incremento de 2,23% da quantidade, enquanto as cotações apresentaram leve redução, de -0,08%, nas comparações entre o primeiro semestre de 2018, frente ao mesmo período de 2017. Segundo a equipe Boi/Cepea, junho foi marcado por forte oscilação nos preços, mas prevaleceu a queda devido à dificuldade de venda do produto do mercado, reflexo da paralisação dos transportes.

Na atividade leiteira, os preços registraram redução real de -10,48%, na comparação entre os primeiros semestres de 2018 e de 2017, e houve leve queda na produção. De acordo com a equipe Leite/Cepea, a baixa nos preços resultou das dificuldades de venda do leite no mercado à vista.

Com relação à suinocultura, os preços caíram -22,09% na comparação entre os semestres, enquanto a quantidade aumentou 4,54%. Segundo a equipe Suínos/Cepea, o mercado de suínos já vinha sofrendo com as baixas demandas interna e externa, mas junho foi marcado pelos efeitos da paralisação dos caminhoneiros, que, apesar de levar a um leve aumento nas cotações devido à menor oferta, afetou significativamente as entregas pressionando ainda mais para baixo as cotações do produto.

SEGMENTO INDUSTRIAL: Agroindústria volta a crescer em junho, acumulando alta no ano

O segmento industrial apresentou alta de 0,64% em junho e de 0,45% no acumulado do semestre (Tabela 1). Para a agroindústria de base agrícola, o crescimento mensal foi de 0,73% enquanto para a de base pecuária foi de 0,40%. No acumulado de janeiro a junho, houve expansão de 2,40% da agroindústria do  ramo  agrícola  e  queda  de -6,68% da agroindústria do ramo pecuário (Tabelas 2 e 3).

Na indústria de base agrícola, estima-se alta de 2,27% no faturamento, que reflete as elevações de 1,46% na produção estimada e de 0,79% na média de preços reais das atividades industriais acompanhadas (na comparação entre o primeiro semestre de 2017 e de 2018). No caso da indústria de base animal, a perspectiva de recuo de 2,17% no faturamento decorre de preços 5,99% menores, apesar da alta de 4,07% na produção.

No acompanhamento feito pelo Cepea para a evolução do PIB, as indústrias de base agrícola que se destacaram com perspectivas de crescimento do faturamento foram: produtos de madeira e moveis, celulose e papel, óleos vegetais, produtos e móveis de madeira, biocombustíveis, bebidas e café (Figura 4).

Figura 4. Agroindústrias de base agrícola: variação anual estimada do volume, preços reais e faturamento das indústrias agrícolas acompanhadas

Para a indústria de biocombustíveis (etanol), estima-se alta anual de 1,43% em volume. Para os preços, houve elevação de 8,15% nos primeiros seis meses de 2018, frente ao mesmo período de 2017. Segundo pesquisadores da equipe Etanol/Cepea, em junho, destaca-se que a demanda esteve aquecida para o etanol hidratado, devido à paridade favorável para o biocombustível frente à gasolina nas bombas de postos de combustível em diversos estados do Centro-Sul, como São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Paraná.

Na indústria açucareira, os preços recuaram 27,61% de janeiro a junho, com relação ao mesmo período de 2017; já a produção tem estimativa de queda de 6,31%, resultando em uma diminuição prevista de 32,17% no faturamento. Segundo a equipe Açúcar/Cepea, apesar da alta acumulado no período, especificamente em junho, os preços aumentaram, em decorrência da retração na produção de açúcar no Centro-Sul e do estímulo à exportação do produto, advindo da alta do dólar frente ao Real, diminuindo a forte queda de preços avaliada para o período.

Para a agroindústria de óleos vegetais, estima-se crescimento de 6,90% na quantidade produzida e alta de 9,05% nos preços do primeiro semestre de 2018 (frente ao mesmo período do ano anterior). Como ressaltado em relatórios anteriores, de acordo com a Abiove, a projeção de alta na produção de óleos de soja para 2018 deve-se à maior disponibilidade de soja no mercado, o que motiva o processamento. A equipe Grão/Cepea também destaca a elevação da demanda de farelo de soja, notadamente durante a primeira quinzena do mês, fato que estimula a maior produção de óleo.

Quanto à indústria de papel e celulose, a estimativa de crescimento no faturamento advém das altas de 2,59% em quantidade e de 13,56% em preços, na comparação de janeiro a junho de 2018 contra o mesmo período de 2017. Agentes de mercado indicam que esse movimento das cotações se deve à elevada concorrência internacional pela matéria-prima nesse período do ano.

Com relação às indústrias pecuárias, os dados são apresentados na Tabela 5, na qual observam-se baixas no faturamento estimadas para todos os setores. Na indústria do abate, projeta-se queda de 0,87% no faturamento, como resultado da diminuição de 6,36% nas cotações registradas no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano anterior, já que a quantidade produzida cresceu 5,83% na mesma comparação. Segundo a equipe Boi/Cepea, a desvalorização é reflexo do posicionamento recuado de compradores e das dificuldades relatadas na venda de carne bovina no atacado. Em relação às exportações, o cenário de baixa quantidade de carne bovina embarcada manteve-se em junho, o que gera oferta excedente e queda de preços.

No mercado da carne suína, a equipe Suínos/Cepea registrou elevação no preço da proteína, impulsionada principalmente pelo desabastecimento de insumos ocasionado pela paralisação dos caminhoneiros nos últimos dias de maio e, consequentemente, pelo menor número de lotes de suínos com peso ideal para o abate em junho. O ritmo mais intenso das negociações, notadamente nas primeiras semanas de junho, se arrefeceu diante da típica retração no consumo doméstico ao fim do mês e da expressiva redução das exportações da carne suína, que resultaram em maior oferta interna do produto.

No caso da carne de aves, segundo a equipe Aves/Cepea, houve elevação dos preços da carne de frango em junho, reflexo da normalização das atividades após a paralisação ocasionada pela greve dos caminhoneiros. Contudo, o movimento de alta nas cotações internas se enfraqueceu a partir da segunda quinzena do mês, em decorrência do consumo doméstico desaquecido e da diminuição no volume de carne exportada.  

Para a indústria de lácteos, como apontado em relatório passado, a menor oferta ao longo de junho – resultado de condições climáticas e da desarticulação da captação, transporte e comercialização da matéria-prima – impulsionou as cotações do produto. Contudo, a elevação de preços registrada em junho não foi capaz de reverter o quadro acumulado de retração na cotação entre janeiro e maio. Desse modo, registrou-se baixa de 5,82% nos preços no primeiro semestre de 2018.

Tabela 5. Variação anual estimada do volume, preços reais e faturamento das indústrias pecuárias acompanhas

SEGMENTO DE SERVIÇOS: Reflexo da baixa no segmento primário, serviços do agronegócio recuam

Como observado na Tabela 1, o PIB dos agrosserviços apresentou alta de 0,63% em junho, mas queda de -1,69% nos primeiros seis meses do ano. Esse resultado negativo no acumulado do 1º semestre/2018 reflete principalmente a retração de -8,57% dos agrosserviços do ramo pecuário, já que o PIB dos agrosserviços do ramo agrícola apresentou alta de 1,65% no mesmo período.

CONCLUSÕES

O PIB do Agronegócio Brasileiro encolheu -1,60% no 1º semestre de 2018 refletindo, basicamente, os baixos preços vigentes nos mercados agrícolas desde o final de 2017. Na média ponderada das atividades que compõem o PIB do Agronegócio do CEPEA/CNA, os preços agrícolas e pecuários foram, respectivamente, 0,30% e 7,40% menores no 1º semestre de 2018 comparativamente ao mesmo período do ano anterior. 

Quanto à produção, a expectativa é de que em 2018 haja crescimento de 1,03% no volume agrícola produzido, e de 2,32% no pecuário, refletindo o esperado crescimento de culturas e atividades importantes como soja (4,3%), trigo (20,6%), algodão (29,2%) e ovos (5,8%), apesar da menor produção esperada para outros como batata (-11,2%), feijão (-6,3%) e principalmente milho (-16%).

No decorrer de 2018 tem se verificado uma recuperação progressiva e contínua nos preços, tendência que deve ser manter até o final do ano. Além disso, a recuperação na renda dos agentes envolvidos nas atividades do agronegócio tem ocorrido também pela desvalorização do Real frente ao Dólar que contribui para maiores receitas em Reais.

Esse desempenho significativamente negativo do PIB do Agronegócio no 1º semestre de 2018 (-1,60%) reflete, basicamente, a retração de -6,69% da atividade do ramo pecuário já que o ramo agrícola cresceu, ainda que modestamente, 0,57% no acumulado do mesmo período. As atividades da pecuária seguiram prejudicadas pela menor demanda interna dada a lenta recuperação da atividade doméstica, e pelo fechamento de mercados externos importantes – como a da Rússia para suínos e da União Europeia para aves – contexto que já vinha gerando excedentes de oferta nessas atividades. Ademais, o quadro foi agravado pela greve dos caminhoneiros, que além de levar à completa paralisação do comércio de bois no período, impactou sobremaneira também a indústria de processamento de carnes e a distribuição ao varejo. Além disso, enquanto a retração do ramo pecuário no 1º semestre do ano esteve disseminada em todos os segmentos – insumos (-2,58%), primário (-4,45%), agroindústria  (-6,68%) e agrosserviços (-8,57%) – no ramo agrícola esteve restrita ao segmento “dentro da porteira”, com queda acumulada de -4,31%. No mesmo período, todos os demais segmentos agrícolas cresceram: insumos (3,31%), agroindústria (2,40%) e agrosserviços (1,65%).

Importante dizer que, apesar de negativos, esses resultados referentes ao 1º semestre de 2018 foram beneficiados pela relativa melhora do desempenho do PIB do Agronegócio em Junho, cujo crescimento de 0,60% reflete um desempenho mensal positivo de todos os segmentos que o compõem: insumos (0,60%), primário (0,53%), agroindústria (0,64%) e agrosserviços (0,63%). Além disso, em junho o desempenho do ramo agrícola (0,87%) foi relativamente melhor, e do pecuário relativamente menos adverso (-0,03%), comparativamente ao observado no 1º semestre como um todo (0,57% e -6,69%, respectivamente). Todos os segmentos do ramo agrícola apresentaram crescimento em junho – insumos (0,60%), primário (1,13%), agroindústria (0,73%) e agroindústria (0,91%) – e todos, exceto o primário (-0,59%) do ramo pecuário, também cresceram: insumos (0,63%), agroindústria (0,40%), e agrosserviços (0,09%).

Na direção oposta à esse cenário de relativa melhora na atividade em junho, a adoção em 30/maio/2018 do tabelamento de fretes - cuja tabela foi definida sem “contar com a participação dos representantes dos embarcadores e dos contratantes dos fretes”, conforme prevê o artigo 6º da Lei nº 13.703 que institui a Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas - tem elevado sobremaneira os custos de transporte dos produtos agropecuários representando séria ameaça à safra 2018/19 e, portanto, à renda dos agentes do agronegócio, sejam eles dentro ou fora da porteira. Perde o Agro e perde o Brasil cuja oferta abundante de alimentos e impactos positivos na geração de renda, de emprego, de divisas internacionais e na estabilidade de preços ficam comprometidos com o tabelamento e o aumento em até 200% no custo do frete.

Por fim, as projeções do PIB-volume do Agronegócio, calculado pelo critério de preços constantes, são de alta de 1,70% para 2018 com a seguinte distribuição por segmento: insumos (1,58%), primário (0,65%), agroindústria (2,11%) e agrosserviços (2,08%).

ANEXO I – PROJEÇÕES ANUAIS, TABELAS DE DADOS E METODOLOGIA

A1) PIB do Agronegócio: Taxas de variação mensal e acumulado do período (em %)

Crescimento do PIB do Agronegócio em junho ameniza retração no 1º semestre / 2018

A2) PIB do Agronegócio: Participações dos segmentos (em %)

A3) PIB Volume do Agronegócio: Taxa anual (em %)*

Crescimento do PIB do Agronegócio em junho ameniza retração no 1º semestre / 2018
  • Nota técnica: O PIB Volume do Agronegócio trata-se do PIB do agronegócio calculado pelo critério de preços constantes. Resulta, portanto, a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.

A4) PIB DO AGRONEGÓCIO - METODOLOGIA

O Relatório PIB do Agronegócio Brasileiro é uma publicação mensal resultante da parceria entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O agronegócio é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica (ou primária), agroindústria (processamento) e agrosserviços – como na Figura que segue. A análise desse conjunto de segmentos é feita para o ramo agrícola (vegetal) e para o pecuário (animal). Ao serem somados, com as devidas ponderações, obtém-se a análise do agronegócio.

Crescimento do PIB do Agronegócio em junho ameniza retração no 1º semestre / 2018

Pelo critério metodológico do Cepea/Esalq-USP, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor Adicionado (VA) total deste setor na economia. Ademais, avalia-se o VA a preços de mercado (consideram-se os impostos indiretos menos subsídios relacionados aos produtos). O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo por todas as demais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. A renda, por sua vez, se destina à remuneração dos fatores de produção (terra, capital e trabalho).

Após estimado o valor do PIB do agronegócio no ano-base, que desde janeiro/17 refere-se ao ano de 2010, parte-se para evolução deste valor de modo a se gerar uma série histórica, por meio de um amplo conjunto de indicadores de preços e produção de instituições de pesquisa e governamentais. Seja para a estimação anual do valor do PIB, ou para as reestimativas mensais das previsões anuais, consideram-se informações a respeito da evolução do Valor Bruto da Produção (VBP) e do Consumo Intermediário (CI) dos segmentos do agronegócio. Pela evolução conjunta do VBP e do CI, estima-se o crescimento do valor adicionado pelo setor. 

Com base nos procedimentos mencionados e processos adicionais realizados pelo Cepea, os cálculos do PIB do agronegócio resultam em dois indicadores principais, que retratam o comportamento do setor por diferentes óticas:

•      PIB-renda Agronegócio (equivale ao PIB divulgado anteriormente pelo Cepea): reflete a renda real do setor, sendo consideradas no cálculo variações de volume e de preços reais, sendo estes deflacionados pelo deflator implícito do PIB nacional.

•             PIB-volume Agronegócio: PIB do agronegócio pelo critério de preços constantes. Resulta daí a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.

Mensalmente, o foco de análise principal é o PIB-renda Agronegócio, que reflete a renda real do setor. Por conveniência textual, o PIB-renda do agronegócio é denominado apenas como PIB do Agronegócio ao longo deste relatório. Destaca-se que as taxas calculadas para cada período consideram igual período do ano anterior como base, exceto para as quantidades referentes às safras agrícolas, para as quais computa-se a previsão de safra para o ano (frente ao ano anterior).

Importante também destacar que cada relatório considera os dados disponíveis – preços observados e estimativas anuais de produção – até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, há a possibilidade, portanto, de ocorrer alteração dos resultados, tanto no que se refere ao mês corrente, como também ao que se refere a meses e anos passados. Recomenda-se, portanto, sempre o uso do relatório mais atualizado. Para uma análise mais detalhada dos aspectos metodológicos, bem como dos resultados dos demais indicadores (PIB volume, Consumo Intermediário, etc.) ver http://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx

Áreas de atuação