ALIMEN T AN D O O B R A SILEIRO

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IPCA
8 de agosto de 2019
IPCA apresenta queda dos preços dos alimentos
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O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho de 2019, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), teve alta de 0,19%. Esse resultado, é o menor para julho desde 2014 e surpreendeu positivamente o mercado que, conforme pesquisa semanal do Banco Central junto às instituições financeiras (Boletim Focus), esperava alta de 0,23%.

Os preços dos alimentos consumidos no domicílio caíram 0,06% em julho, a terceira queda consecutiva, puxando para baixo os resultados mensais do IPCA, conforme gráfico 1 abaixo. No mês anterior, os alimentos caíram 0,39% e em maio a sequência de quedas teve início com o maior recuo, de 0,89%.

Gráfico 1- Índice Mensal de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA)- Índice Geral e Alimentação no Domicílio

Apesar dessa queda de 0,06% nos preços dos alimentos consumidos no domicílio, os preços do grupo ‘Alimentação e Bebidas’ ficaram praticamente estáveis em julho/2019 (+0,01%) uma vez que foram contrabalanceados pela alta de 0,15% nos preços dos alimentos consumidos fora de casa.

Essa queda, entre maio e julho, nos preços dos alimentos consumidos dentro do domicílio tem refletido também na melhora substancial do indicador do IPCA acumulado nos últimos 12 meses, conforme observado no gráfico 2 a seguir. Houve desaceleração no ritmo de crescimento dos preços de 4,94% nos 12 meses encerrados em abril/2019, para 4,66% em maio, 3,37% junho e 3,22% em julho. Sendo os dois últimos resultados (junho e julho) já dentro da meta inflacionária para 2019 que é de 4,25% com margem de 1,5p.p.. Nos primeiros 7 meses do ano, o IPCA acumula alta de 2,42% depois de encerrar o 1º semestre em 2,23%.

Gráfico 2- Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) - Índice Geral e Alimentação no Domicílio – Acumulado em 12 meses

Essa convergência da inflação para um patamar abaixo da meta de inflação, depois do pico alcançado em maio/2019 – quando a alta em 12 meses dos preços dos alimentos consumidos no domicílio foi quase o dobro (9,10%) do índice global do IPCA (4,94%) – permitiu ao Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) reduzir a taxa SELIC, no último dia 31 de Julho, em 0,5 p.p.. Depois de quase 1 ano e meio em 6,5%, o preço de referência do dinheiro na economia brasileira cedeu para 6% a.a. marcando o que se espera ser um novo ciclo de queda da SELIC uma vez que as expectativas de mercado apontam SELIC a 5,25% em dezembro desse ano. Ou seja, o mercado espera queda acumulada adicional de 0,75p.p. para a SELIC ainda em 2019.

Os alimentos que tiveram as maiores variações de preço em julho/2019 foram:

Enquanto as quedas de 11,28% no preço do tomate e de 3,68% no da batata-inglesa refletem a elevada oferta associada ao final da safra de inverno, os preços 4,98% menores das hortaliças e verduras são resultado do impacto do clima frio na queda do consumo.

Já a queda de 8,86% no preço do feijão-carioca é resultado do aumento da área plantada na 3ª safra do produto bem como das boas produtividades nas principais regiões produtoras. Após condições climáticas adversas e redução da área plantada determinada pelos bons preços da soja, o preço do feijão - que no 1º quadrimestre de 2019 estava acima das médias dos últimos anos – passou a ceder a partir de maio.

Por fim, a queda de 0,75% nos preços do leite longa vida em julho, em pleno auge da entressafra do produto, reflete a demanda fraca por parte do consumidor final e as margens negativas da indústria de leite UHT. A redução do preço da matéria prima, ou do litro de leite pago ao produtor, que em julho foi de 7,4% na média Brasil, corrobora com a explicação de redução de consumo, visto que as indústrias refletem no campo a perda de interesse pela matéria prima. Soma-se a isso as boas condições em termos produtivos obtidas até o mês passado, no campo em média o preço esteve 22% maior no primeiro semestre de 2019 em relação ao ano passado e os custos subiram apenas 6,5%, com isso o volume disponível de leite aumentou.

Apesar da queda média, em julho, dos preços dos alimentos consumidos no domicílio, alguns produtos observaram altas significativas no período, como foram os casos da cebola (20,7%), alho (4,9%), frutas (2,51%), carnes (1,1%) e frango em pedaços e ovos (ambos 0,92%).

A forte alta mensal (20,7%) nos preços da cebola, está associado ao excesso de chuva nas regiões produtoras do sul e sudeste levando à pouca oferta de bulbos. A chuva aliada ao clima frio também tem afetado o amadurecimento dos mamões cujos preços subiram 28,94% em julho. Já a uva teve aumento de 7,42% de preço em função da melhor qualidade da fruta ofertada e do consumo em alta. No caso do alho, além da entressafra brasileira que se estende até agosto, a menor produção de alho na China - de onde provêm 55% do alho consumido no Brasil – contribuiu para a alta de 4,92% nos preços no mercado brasileiro.

Quanto à carne suína os preços continuam influenciados pela crise internacional de peste suína clássica. Embora ainda não haja escassez do produto, a conjuntura tem permitido a recomposição das margens do setor produtivo que estavam negativas desde 2016.

Já a alta dos preços do frango em pedaços reflete a maior demanda pelo produto para o mercado exportação, principalmente China, grande consumidor de cortes. A oferta ainda está estável, o que significa que qualquer alteração nas exportações, reflete diretamente nos preços ao consumidor, mas isso não reflete no preço pago ao produtor, que continua trabalhando com margens negativas.

Por fim, o preço dos ovos no atacado não refletiu no pagamento recebido pelos produtores, que caiu 3,8% entre junho e julho. A queda no preço dos ovos ao produtor nessa época do ano é típica dos períodos de férias escolares. A variação contrária nos preços no atacado pode ser explicada pela antecipação desse setor à queda na demanda e diminuição dos estoques, diminuindo as perdas. Como consequência, o estoque foi transferido para os produtores, que não tiveram outra alternativa, além de reduzir os preços.

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