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IPCA
10 de julho de 2019
Queda de 0,39% nos preços dos alimentos consumidos no domicílio garante IPCA de apenas 0,01% em junho/2019
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O IPCA de junho de 2019, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), teve alta de 0,01% graças, principalmente, à queda de 0,39% nos preços dos ‘alimentos consumidos no domicílio’.

Tal queda teve impacto de -0,06 pontos percentuais no IPCA de junho. Ou seja, sem a queda de preços dos ‘alimentos no domicílio’, o IPCA de junho teria sido de ao menos, +0,07%.

Já os preços dos alimentos ´consumidos fora do domicílio´ subiram 0,02% em junho com impacto praticamente nulo (0,002 p.p.) no indicador mensal, como revela o quadro 1 a seguir.

Quadro 1: Grupos de produtos que mais impactaram o IPCA em junho/2019

No acumulado de 12 meses, houve queda de 4,66% em maio para 3,37% em junho. Essa queda de 1,29p.p. em um mês deriva do descarte do mês de junho de 2018 quando a inflação foi de 1,26%.

Além de garantir o retorno do IPCA para um patamar abaixo do centro da meta (4,25%) estabelecida para 2019, o resultado de junho do IPCA (0,01%) reforça as expectativas de mercado para um novo ciclo de queda da SELIC. Para dezembro de 2019, a expectativa do mercado é de SELIC a 5,5%. Há 1 mês era de 6,5%. Além da acomodação inflacionária, o elevado grau de ociosidade da economia brasileira, e o cenário de flexibilização da economia monetária também na Europa e EUA reforçam as apostas na queda da SELIC, o que para ¾ das instituições pesquisadas pelo BACEN, já deve ocorrer na próxima Reunião do Copom em 30 e 31 de Julho.

Os alimentos que tiveram as maiores variações de preço em junho/2019 foram:

O aumento da área plantada na 3ª safra do feijão bem como as boas produtividades nas principais regiões produtoras, explicam a queda de preço dos diferentes tipos de feijão. Após condições climáticas adversas e redução da área plantada determinada pelos bons preços da soja, os preços do feijão - que no 1º quadrimestre de 2019 estavam acima das médias dos últimos anos - começaram a ceder em maio (feijão carioca: -13,04%; e feijão preto: -8,76%). Em junho essa tendência foi reforçada com quedas, respectivamente, de -14,8% e -8,3%.

A queda de 6,1% nos preços das frutas em junho reflete um excesso de oferta observado desde abril, quando os preços caíram em média 0,71%. Em maio, o recuo foi de 2,87%. Tal descompasso entre oferta e demanda é reforçado pela inibição de consumo, típica do clima frio, e pela substituição de consumo de outras frutas, como o maracujá, em favor da poncã, tangerina e morango que estão em plena safra.

As quedas de preço, em junho, do pescado (-2,2%), batata-inglesa (-1,34%) e ovos (-1,14%) também refletem o excesso de oferta no mercado. No caso do pescado, esse descompasso deriva da estratégia de concentração de despesas, em maio, por parte dos produtores que planejam o repovoamento apenas para o final do inverno. Já a queda nas cotações da batata-inglesa (-1,34%) já foi parcialmente revertida no final de junho e início de julho, diante da menor área plantada e da produtividade na temporada atual (temporada das secas) e, principalmente, pelo intervalo de colheita até que tenha início a safra de inverno, com a intensificação da colheita no Sudoeste Paulista, a partir da 2ª quinzena de julho. Por fim, a queda de 1,14% nos preços dos ovos deriva da demanda menos aquecida típica da proximidade das férias escolares. Ainda assim, as cotações ao produtor estão mais altas que no mesmo período de 2018 já que o segmento promoveu significativo descarte de poedeiras.

Apesar da queda média, em junho, dos preços dos alimentos consumidos no domicílio, alguns produtos observaram altas significativas no período, como foram os casos do tomate (5,3%), alho (5,2%), frango (em pedaço: 2,7%; e inteiro: 1,7%), leite longa vida (0,72%) e carne de porco (4,6%).

O atraso na maturação do tomate, derivado do clima frio, e o encerramento antecipado da produção em algumas importantes regiões produtoras explicam a alta dos preços em junho. No caso do alho, além da entressafra brasileira que se estende até agosto, a menor produção de alho na China - de onde provêm 55% do alho consumido no Brasil – contribuiu para a alta de 5,2% nos preços no mercado doméstico.

 A alta nos preços da carne de frango (2,7% em pedaço e 1,7% frango inteiro) refletem maior ajuste entre oferta e demanda do produto nas praças exportadoras. As exportações do produto cresceram 11,4% (em volume) e 14,9% (em US$) no 1º semestre de 2019 frente ao mesmo período do ano passado. Apesar disso, esse aumento do preço ao consumidor não é observado no preço pago ao produtor, que no período tem recebido menos pelos animais entregues à agroindústria. Isso ocorre porque nas praças dedicadas ao mercado interno, a oferta segue significativamente maior que a demanda.

Já o preço do leite pago ao produtor em junho/2019 teve alta de 0,68% em relação a maio. Tal tendência de alta vem se repetindo desde de janeiro desse ano, e com isso o preço da matéria prima para o processamento do Leite Longa Vida segue impactando o preço final do produto. Contudo, a demanda desaquecida, aliada à crescente produção de leite no campo, repercutem em um cenário favorável ao consumidor quando analisamos a redução de 8,57% nos preços médios do leite longa vida nos primeiros seis meses de 2019, comparativamente ao mesmo período do ano anterior.

Por fim, a alta de 4,6% em junho no preço da carne de porco reflete os preços recordes que têm sido praticados no comércio internacional do produto, no contexto da queda de oferta chinesa diante da peste suína africana.

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