Boletim CNA destaca divulgação de balanço e perspectivas para o agro
Brasília (05/12/2020) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizou entrevista coletiva para divulgar o balanço de 2020 e as perspectivas para o agro em 2021. Este foi um dos destaques do boletim semanal da CNA, referente ao período de 30 de novembro a 4 de dezembro.
As exportações de açúcar em novembro atingiram 3 milhões de toneladas, crescimento de 60% em relação ao mesmo período de 2019. O embarque de frutas no mês passado foi de 133,7 mil toneladas, volume 15,4% superior a novembro de 2019.
A CNA e a PGFN realizaram um treinamento com técnicos de federações de agricultura e pecuária e sindicatos rurais para orientar produtores a regularizar dívidas de operações de crédito rural inscritas em Dívida Ativa da União (DAU).
Balanço e perspectivas
Nessa semana, a CNA apresentou o balanço de 2020 e as perspectivas do agro para 2021 em coletiva de imprensa virtual. Participaram o presidente da CNA, João Martins, o superintendente técnico, Bruno Lucchi, e a superintendente de Relações Internacionais, Lígia Dutra.
A Confederação também divulgou estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio, que deve crescer 3% em 2021 (R$ 1,8 trilhão) e para o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), cuja projeção é de alta de 4,2%, superando RF$ 903 bilhões. Para 2020, a previsão para o PIB do agro é um crescimento de 9%, enquanto o VBP deve ter elevação de 17,4%.
A CNA destacou que a pandemia do Covid-19 sustenta a incerteza sobre o cenário para 2021. A expectativa é que o próximo ano seja de retomada do crescimento econômico, de geração de emprego e de volta à normalidade no convívio social. A retomada consistente da atividade econômica no país dependerá da superação de desafios internos, como a problemática fiscal do Estado brasileiro e do recente repique inflacionário dos produtos mais estritamente ligados ao câmbio e ao mercado internacional.
No cenário externo, as perspectivas são de retomada do crescimento no comércio mundial em médio prazo. Nesse aspecto, a CNA também vai acompanhar atentamente as negociações de acordos comerciais envolvendo o Brasil e outros países para assegurar oportunidades para os produtos brasileiros.
Na avaliação da CNA, em 2021, a China deve abrir mais o mercado para o melão brasileiro e também será um dos principais demandantes por soja em grãos devido à recomposição do rebanho suíno do país asiático. A demanda do país asiático por carne bovina deve seguir firme também.
Crédito Rural
Em parceria com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), a CNA realizou um treinamento virtual sobre o portal REGULARIZE, que tem como objetivo regularizar os débitos de produtores rurais já inscritos em Dívida Ativa da União (DAU). No dia 30 de setembro de 2020, a PGFN divulgou a Portaria 21.561, que estabelece as condições para uma negociação de débitos originários de operações de crédito rural, inscritos em Dívida Ativa da União. Para aderir, o produtor deve demonstrar interesse por meio do site da PGFN, no portal REGULARIZE. A CNA e a PGFN treinaram técnicos de federações de agricultura e sindicatos rurais sobre a plataforma, que é o meio de negociação entre a Procuradoria e o produtor rural.
Cadastro de imóveis rurais
A CNA promoveu uma live com o objetivo de debater a modernização do Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR), com a inclusão de imóveis rurais via Declaração de Cadastro Rural eletrônica (DCR-e). Atendendo à demanda da CNA, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) simplificou o cadastramento de imóveis rurais. Os interessados em fazer inclusão ou alteração de dados nos imóveis rurais pela DCR eletrônica podem consultar o Comunicado Técnico (CT) elaborado pela entidade para mais orientações.
Frutas e hortaliças
O Sistema CNA/Senar lançou ações e conteúdos para auxiliar os produtores rurais a se adequarem à Instrução Normativa Conjunta Mapa/Anvisa 02/2018, que define os procedimentos para a aplicação da rastreabilidade na cadeia produtiva de vegetais.
Uma das iniciativas é a cartilha “Como implementar a rastreabilidade vegetal e ter segurança jurídica”. O material, além de explicar em linguagem simples as obrigações e meios de cumprimento da norma, fornece orientações para garantir segurança jurídica.
A cartilha também cita a ferramenta Agritrace Rastreabilidade Vegetal, desenvolvida pela CNA, que auxilia os produtores no cumprimento da Instrução Normativa Conjunta.
Outra ação de apoio ao produtor é o curso sobre Boas Práticas na Produção Vegetal, lançado pelo Senar em formato EaD. O treinamento fornece orientações de boas práticas em todas as etapas de produção e inclui, em todos os módulos, tópicos relacionados à adequação da normativa.
Quanto ao comércio exterior, o mês de novembro finaliza com bom ritmo de exportações para as frutas brasileiras. Em novembro, o Brasil exportou 133,7 mil toneladas, volume 15,4% superior a novembro de 2019. O preço médio da tonelada em novembro foi de US$ 976,9, valorização de 3% em relação a novembro do ano passado.
As expectativas seguem positivas para o mês de dezembro. Apesar dos problemas logísticos que afetaram o setor no início da pandemia, o volume exportado em 2020 pode superar o desempenho de 2019.
Em novembro, a sazonalidade da produção ditou os preços das frutas e hortaliças no atacado. O mamão encontra-se entre as frutas que apresentaram maior variação de preço no período, em função da restrição da oferta e redução da qualidade. Segundo dados do HF Brasil/Cepea, o mamão formosa valorizou 3% no atacado em novembro, em comparação com o preço médio praticado em outubro de 2020. Para o mesmo período, o mamão havaí valorizou 20%.
No caso da maçã, a demanda aquecida e o pico da entressafra têm sustentado os preços. Em novembro, as variedades fuji e gala apresentaram valorizações médias no atacado de 17% e 15%, respectivamente, em comparação ao mês de outubro.
O inverso ocorreu com o melão. Com a intensificação da safra na Região Nordeste, o melão apresentou desvalorização média de 18% no atacado no mês de novembro. O mesmo se repetiu para a manga e para a melancia, que tiveram desvalorizações médias de 8% e 5%, respectivamente.
Com a redução da oferta, após a colheita da safra de inverno, a batata apresentou valorização média de 43% no mês de novembro em relação a outubro. A retomada dos preços é aguardada com a intensificação da colheita e a ampliação da oferta dos tubérculos da safra das águas.
Já o preço médio da cenoura no atacado aumentou 39% em novembro. O aumento foi em função da menor área colhida na safra de inverno e chuvas na região de Cristalina, que limitou a colheita. A demanda permaneceu aquecida.
Para o tomate, as altas temperaturas que aceleraram a maturação e ampliaram a oferta da produção, na segunda parte da safra de inverno, ocasionaram redução dos preços médios no atacado de 8% no mês de novembro frente a outubro de 2020.
Sucroenergético
A exportação brasileira de açúcar continua com excelente desempenho. Em novembro, o volume embarcado superou 3 milhões de toneladas, aumento de 60% em relação a novembro de 2019.
A boa notícia do setor foi a primeira emissão de um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) “verde”. A Bioenergética Aroeira (MG) teve seu desempenho ambiental, social e de governança (ESG) analisado pela Sitawi (certificadora de financiamentos sustentáveis), com a coordenação do Banco Alfa. A captação foi de R$ 150 milhões.
Em novembro, segundo o indicador diário Esalq/B3 posto Paulínia, o etanol hidratado apresentou preço médio de R$ 2.125,25/m³, aumento de 3,8% em relação à média de outubro.
No entanto, o mês de dezembro já inicia em retração. Na última quinta-feira (03), a Petrobrás reduziu em 2% o preço da gasolina. No acumulado do ano, a redução é de 11,4%. Isso pressionou as cotações do etanol, que passou a ser negociado próximo a R$ 2.110/m³. No caso do diesel, a redução anual acumulada do preço é de 19,8%.
No mercado interno, de acordo com o Cepea/Esalq, o preço médio do açúcar em novembro foi 13,27% superior ao preço médio praticado em outubro de 2020. Para a primeira semana de dezembro, ocorreram ajustes de demanda do açúcar, e o açúcar cristal foi negociado próximo a R$ 109/saca de 50kg.
No mercado internacional, o açúcar permanece em alta nas bolsas, cotado a US$ 14,60 cents/libra nos contratos de março/2021 em Nova York.
Grãos
O plantio da soja já está sendo finalizado em praticamente todos os estados. De acordo com o levantamento da CONAB, resta menos de 10% área a ser plantada. A retomada das chuvas no Sul do Brasil favoreceu a evolução do plantio e o desenvolvimento vegetativo das lavouras já semeadas.
No Centro-Oeste, as lavouras se aproximam da fase reprodutiva e as chuvas foram mais irregulares. De acordo com o Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (IMEA), 2,51% das lavouras tiveram de ser replantadas no estado e as chuvas continuam bastante irregulares, causando perdas localizadas em algumas regiões. Nas demais regiões do país, as condições ainda são de bom potencial produtivo das lavouras.
Quanto às exportações, a baixa oferta doméstica na entressafra limita os embarques. Segundo o relatório do Ministério da Economia, o Brasil exportou 1,47 milhão de toneladas de soja em novembro. Esse é o menor volume exportado no mês desde 2016. De acordo com a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC), nenhum navio de soja deverá ser carregado nos portos brasileiros entre 29 de novembro e 05 de dezembro.
Quanto ao mercado, segundo o indicador Cepea/Esalq, o preço médio da soja no Paraná em novembro apresentou aumento de 3,9% em comparação a média dos preços praticados em outubro. Porém, seguindo a tendência de queda do final do mês de novembro, a primeira semana de dezembro iniciou com leve retração, mas ainda sustenta preços acima de R$ 150,00/saca.
Para o milho 1ª safra, foram registradas chuvas na última semana nos estados da Região Sul do Brasil, o que reduziu o estresse hídrico das lavouras. Algumas consultorias já divulgaram estimativas da redução da safra devido ao estresse hídrico do último mês nesta região. A StoneX projeta a produção de 25,3 milhões de toneladas do milho 1ª safra, queda de 1,5% em relação à safra passada.
As exportações de milho em novembro somaram 4,9 milhões de toneladas, volume recorde para o mês. Apesar do aumento, no acumulado de janeiro a novembro de 2020, o volume embarcado foi 22% menor em comparação com o mesmo período de 2019, somando 30,3 milhões de toneladas.
Por outro lado, as importações de janeiro a novembro somaram 1,12 milhão de tonelada, queda de 12% em relação à safra passada. No segundo semestre, as importações de milho foram menores em 200 mil toneladas no comparativo com 2019.
Quanto ao mercado, segundo o indicador de preços Esalq/B3, o preço médio do milho no mês de novembro foi 10,4% superior ao preço médio praticado em outubro. No entanto, assim como a soja, o cereal já tem leve tendência de baixa e as cotações apresentaram retração na primeira semana de dezembro, com cotações próximas aos R$ 75/saca.
No Rio Grande do Sul, as chuvas da última semana favoreceram a reserva de água para as lavouras irrigadas de arroz. As previsões são de ampliação da pluviosidade para a região nas próximas semanas, o que deverá favorecer o desenvolvimento das lavouras no estado.
As importações brasileiras de arroz bateram recorde no mês de novembro. Foram importadas 90 mil toneladas de arroz beneficiado e 58 mil toneladas de arroz em casca. No acumulado de março a novembro de 2020, as importações (base casca) somam 947 mil toneladas, alta de 8,8% em relação ao mesmo período de 2019. O volume importado já se aproxima de 1,1 milhão de toneladas, que era o valor projetado para a Conab para o período de março de 2020 a fevereiro de 2021.
No dia 2 de dezembro, a CNA se posicionou contra a proposta de extensão, até fevereiro de 2021, da isenção da Tarifa Externa Comum (TEC) de países externos ao Mercosul durante a reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Arroz do Mapa. O Governo liberou uma cota de 400 mil toneladas sem a tarifa até 31 de dezembro de 2020 e o início da colheita do arroz começa em janeiro em alguns estados produtores brasileiros, o que não justifica a extensão da cota.
A balança comercial de arroz reduziu o superávit em função das maiores importações de novembro. O volume exportado superou o importado de março a novembro em 665 mil toneladas (base casca). Até outubro essa diferença era de 783 mil toneladas.
Quanto ao mercado, o indicador Cepea/Senar-RS apresentou retração de 1,3% no preço médio de novembro em comparação com os preços médios praticados em outubro de 2020.
Café
Nesta semana foi publicada a Resolução 4.868 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que liberou mais R$ 150 milhões para a recuperação de cafezais atingidos por estiagem e chuvas de granizo. A decisão do CMN atende a uma demanda da CNA e que já havia sido aprovada pelo Conselho Deliberativo de Política do Café (CDPC).
O recurso é uma suplementação da linha prevista no Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para essa finalidade. Para orientar os produtores sobre como acessar os recursos, o Sistema FAEMG divulgou material que pode ser acessado aqui.
As principais áreas de café na região Sudeste registraram chuvas abaixo da expectativa para o mês de novembro. Para o mês de dezembro, as previsões climáticas indicam chuvas compatíveis com os volumes esperados para o mês. No entanto, as temperaturas devem ser superiores à média histórica.
As condições climáticas em várias regiões produtoras foram o principal fator de volatilidade para o mercado e café arábica e robusta durante o mês de novembro. O excesso de chuva e atraso na colheita no Vietnã, o Furacão Iota na América Central e a prolongada seca no Brasil levaram ao aumento da cotação dos principais contratos nas bolsas de Nova Iorque e Londres.
Aves e suínos
O mercado independente de referência para frango de corte no interior de São Paulo teve mais uma semana de estabilidade nos preços, com o produto cotado a R$ 4,60/kg. No mercado externo, o Centro de Segurança Alimentar do Departamento de Higiene Alimentar e Ambiental de Hong Kong suspendeu as importações de produtos avícolas de regiões específicas de três países com notificação de Influenza Aviária: Holanda, Coreia do Sul e Japão.
O preço da caixa de ovos em Bastos, no interior de São Paulo, apresentou alta de 3% nesta semana, sendo cotada a R$ 101,00. O produtor de ovos está na expectativa do aumento da demanda por ovos que ocorre ao final de cada ano e que já deveria ter iniciado.
Na suinocultura, apesar de as exportações se manterem em alta, a menor demanda interna pela carne suína tem feito com que os frigoríficos aumentem a escala de abate, pressionado os valores das bolsas estaduais. O estado de Santa Catarina seguiu essa semana com estabilidade de preços em relação à semana anterior. No entanto, as bolsas fecharam em queda em São Paulo (-3,3%), Minas Gerais (-10,5%), Paraná (-2,6%) e Rio Grande do Sul (-6,4%).
Lácteos
O preço do leite pago ao produtor no mês de novembro teve queda de 5,34%, segundo o Cepea, contribuindo para um desestímulo à produção de leite. Além disso, a estiagem na região Sul já prejudica a produção leite, pois tem limitado a disponibilidade de forragem, o que pode ser confirmado pela redução de 0,58% do índice de captação de leite do Cepea.
Já os preços das commodities tiveram valorização ao longo da semana. O preço do leite UHT teve aumento de 1,76%, negociado a R$ 3,84/litro, enquanto a muçarela teve aumento de 1,85%, vendida a R$ 29,88/kg.
Com a valorização dos preços dos produtos lácteos, houve aumento na busca de leite pelos laticínios, aumentando em 5,6% o valor do leite spot negociado para a primeira semana de dezembro em relação à segunda quinzena de novembro. Tal incremento deverá ter impacto positivo para os produtores nas negociações do leite produzido em dezembro a ser pago em janeiro.
Boi gordo
A redução da demanda por carne bovina já esperada no final de ano está causando redução nos preços pagos ao produtor desde o final de novembro. Apesar de o mercado interno acelerar a produção para os festejos, diversos contratos internacionais já foram liquidados e, assim, aliviam a pressão pelo processamento de proteína bovina. É natural que haja retração nos preços, que deve perdurar até meados de janeiro e fevereiro, quando o mercado internacional retoma as compras e o consumidor nacional também já aliviou os primeiros custos fixos, como impostos e despesas escolares.
Para o consumidor, a carne bovina ainda está acima dos preços praticados ao final de novembro, principalmente em cortes que não são tão populares. Porém, já se observa redução nos valores da carcaça casada, indicador que reflete o preço de todos os cortes oriundos de uma carcaça bovina.
Pelo lado do produtor, observa-se com preocupação a falta de chuvas, e, em consequência, a redução da disponibilidade de pastagem em todo o Brasil. Naturalmente, esse período já deveria estar com chuvas frequentes, o que não vem sendo relatado pelos produtores do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e São Paulo, indicando que podemos ter problemas no início da safra 2021 com falta de animais terminados.
No mercado futuro, a cotação fechou próxima a R$ 260 por arroba para dezembro e R$ 246 para janeiro. Por outro lado, o milho, um dos principais insumos da nutrição em terminação intensiva, também recuou, cerca de R$ 7 por saca no mercado futuro. Mesmo assim, o produtor que procurar intensificar a produção deve tomar cuidado com os custos operacionais e buscar alternativas para garantir a margem esperada na atividade.
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