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Bovinocultura de corte cresce no Sul de SC
ATeG Bovinocultura de Corte
Santa Catarina produz pouco mais da metade da carne bovina que consome, mas programa desenvolvido pela Faesc, Senar/SC e Sebrae/SC vai mudar essa realidade.
Cerca de 300 produtores rurais do Sul do Estado participaram, no último fim de semana, do Dia de Campo Regional do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (AteG) em Pecuária de Corte organizado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), Sebrae/SC e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). As atividades foram desenvolvidas na Fazenda Bela Vista do proprietário Arnaldo Jesus Bez Batti, no município sulcatarinense de Imaruí.
O evento foi coordenado pelo presidente do Sistema FAESC/SENAR-SC José Zeferino Pedrozo, primeiro vice-presidente de finanças e coordenador estadual do Programa Antônio Marcos Pagani de Souza e pelo superintendente do SENAR Santa Catarina, Gilmar Antônio Zanluchi. Também participaram o vice-presidente de secretaria Enori Barbieri e a supervisora regional Sueli Silveira Rosa.
O Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) em Bovinocultura de Corte iniciou em 2016 e representou um avanço na capacitação dos produtores rurais, preparando-os para a condução das atividades pecuárias com uma visão empresarial e o emprego de avançadas técnicas de gestão e controle. Essa iniciativa é resultado de uma parceria entre o Senar/SC e o Sebrae/SC. Os objetivos são aumentar a produção, a produtividade e o nível de gestão, incrementando a renda líquida nas propriedades rurais catarinenses.
Os estabelecimentos rurais são assistidos em gestão, genética, manejo adequado, melhoria da alimentação e das instalações dos estabelecimentos rurais, através de visitas técnicas e gerenciais mensais no período de dois anos. Durante as visitas são transmitidas metodologias sobre cálculo de custos de produção, indicadores e análise de dados para planejamento estratégico conforme os pontos fortes e fracos de cada propriedade. Cada técnico atende o produtor com foco na transmissão de conhecimentos relacionados à gestão da empresa rural e técnicas de manejo voltadas às atividades de cada propriedade rural.
Até o momento o programa atende 1.200 propriedades rurais, divididos em 31 Sindicatos Rurais abrangendo 98 municípios das regiões do planalto serrano, oeste, norte, meio oeste, extremo oeste, Vale do Itajaí e sul. O programa permitiu a inseminação artificial de 50.000 matrizes bovinas com protocolo IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo), ampliados agora com mais 25.000 inseminações.
RESULTADOS
Levantamento com 500 propriedades participantes do ATeG comprovou a elevação geral do nível de eficiência. O custo de produção/ano caiu 24%, o faturamento médio anual aumentou 14% e o número de animais comercializados (média cabeças/ano) cresceu 33%. Outros indicadores também são altamente positivos com taxas expressivas de crescimento: produção média anual de bezerros (+25%), peso de desmame de machos (+11%), peso de desmame de fêmeas (+11%), índice de prenhez atingiu 79% das vacas (+22%) e índice de natalidade chegou a 83% de sucesso (+12%).
Os resultados obtidos com o Projeto de IATF (Inseminação Artificial por Tempo Fixo) foram apresentados pelo coordenador estadual do programa e vice-presidente de finanças da Faesc, Antônio Marcos Pagani de Souza. A meta é inseminar 65.000 matrizes em três anos no território barriga-verde e contribuir para a melhoria genética e do padrão racial dos rebanhos. Assim, será possível obter nascimento uniforme de animais e melhorar a produtividade do rebanho.
Na temporada 2017/2018 foram inseminadas 18.905 matrizes com a obtenção de 69% de prenhez. Na temporada 2018/2019 a inseminação atingiu 21.903 matrizes com 79% de prenhez, ou seja, incremento de 10 pontos percentuais. Para o período 2019/2020 o objetivo é a inseminação de mais 25.000 vacas.
“Estamos conseguindo os resultados esperados com a padronização e o aumento na produção anual de terneiros, com estação de monta definida, melhoria do valor do kg do terneiro e aumento da renda da propriedade rural”, constatou Pagani.
O superintendente Gilmar Antônio Zanluchi apresentou os números gerais da atuação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Santa Catarina em 2018: foram capacitadas 119.794 pessoas que vivem e trabalham no meio rural, organizadas em 4.748 turmas com 218.186 horas de treinamento. As três vertentes do trabalho do Senar são a formação profissional rural (FPR), a promoção social (PS) e a assistência técnica e gerencial (ATeG).
MANEJO REPRODUTIVO & GESTÃO
O supervisor técnico do Programa de Assistência Técnica e Gerencial em bovinocultura de corte, engenheiro agrônomo Luis Henrique Silva Correia, palestrou sobre “Manejo reprodutivo e genética dos rebanhos”. Atuou na Universidade da Califórnia, onde auxiliou em experimentos com recuperação de pastagens degradadas. Atualmente ocupa o cargo de Supervisor Regional no Serviço de Inteligência em Agronegócios (SIA), coordenando a equipe que atua no estado de Santa Catarina.
Expôs que os desafios são obter a regularidade da produção, o aumento de peso da desmama e a redução do custo de produção e focalizou as ferramentas para alcançar esses resultados. Destacou a importância do manejo do rebanho de cria e o condicionante nutricional. No animal, o alimento cumpre sucessivas funções: manutenção, produção de leite, crescimento, condição corporal e reprodução. Orientou sobre a importância de dividir o rebanho em pelo menos três grupos: novilhas, vacas de primeira cria e vacas adultas. Silva Correia também abordou a condição da forrageira, manejo sanitário, execução da IATF, repasse com touros e manejo dos touros e término da estação de monta.
Na sequência, o zootecnista Davi Teixeira apresentou o tema “Planejamento e gestão financeira de propriedades rurais”. Ele é diretor-executivo do Serviço de Inteligência em Agronegócios (SIA) e doutor em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Orientou sobre a gestão nas áreas de produção e tecnologia, administrativo e operacional, financeira e contábil, ambiental e social, entre outras. Indicou como principais itens de controle a lotação e o ganho de peso do rebanho, as despesas e receitas do estabelecimento rural.
Sugeriu que o produtor deve começar pelo básico e depois evoluir gradativamente, controlando os principais dados de produção e finanças. Assinalou que “é o produtor quem define como ajustar o processo produtivo e o gerenciamento no contexto do seu negócio”.
Na etapa final da programação do Dia de Campo Regional do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) em Pecuária de Corte foram apresentados dois cases de sucesso de fazendas participantes do programa.
O primeiro foi da Fazenda Bela Vista, que sediou o Dia de Campo. O técnico de campo Luiz de Souza e o proprietário Arnaldo Jesus Bez Batti, ao lado da família, relataram a evolução da fazenda que tem 600 hectares de área total, 477 hectares de área pastoril e dedica-se à criação de bovinos de corte e venda de reprodutores, em Imaruí.
O segundo case apresentado foi da Fazenda São João, de Tubarão. O proprietário Jorge Felisberto e a técnica de campo Caroline Freccia explicitaram os avanços obtidos. O estabelecimento rural tem 60 hectares de área total, dos quais 54,3 hectares são pastagens. A atividade central é a cria de bovinos de corte.
Na etapa final, o presidente do Sistema FAESC/SENAR José Zeferino Pedrozo, os vice-presidentes Antonio Marcos Pagani de Souza e Enori Barbieri, o superintendente do SENAR/SC Gilmar Antônio Zanluchi e a supervisora regional Sueli Silveira Rosa entregaram ao produtor rural Arnaldo Bez Batti e família uma placa em agradecimento pela realização do Dia de Campo Regional na propriedade dele, a Fazenda Bez Batti.
Após o encerramento foi servido almoço de confraternização. Depois da refeição ocorreu, no mesmo local, a Reunião Regional da FAESC com os líderes sindicais rurais do Sul do Estado.