Paraná
“Brasil é a fábrica de comida do planeta”, diz Doutor Agro
Em palestra aos líderes rurais paranaenses, Marcos Fava Neves apontou caminhos para agropecuária estadual ampliar papel de destaque nos próximos anos
O mar de camisetas amarelas no Encontro Estadual de Líderes Rurais representava também a quantidade de oportunidades abertas ao agronegócio brasileiro. Essa foi a conclusão de Marcos Fava Neves, palestrante internacional conhecido como Doutor Agro, que compartilhou conhecimento com os mais de 4 mil participantes do evento, no dia 2 de dezembro, no Expotrade Pinhais. Em sua fala, Neves apontou que o mundo busca, freneticamente, algo que o Paraná e o Brasil têm de sobra: comida sustentável.
“Não tem outra alternativa, pois não há outro espaço no mundo. O Brasil é a fábrica de comida do planeta”, cravou. “O Paraná é um exemplo para o mundo, já que aumenta a produção e a sustentabilidade. Os produtores paranaenses são um exemplo do que o mundo precisa, com produção de comida de forma cooperativista, social e sustentável, com indicadores para se posicionar no planeta dessa forma”, completou.
Ao longo de sua palestra, o Doutor Agro fez um diagnóstico da confusão pela qual a economia mundial passa. Entre os diversos fatores que levaram a preços recordes das commodities, o que mais pesou foi a pandemia do novo coronavírus. Para o especialista, esse episódio demonstrou que a disputa por comida vai se acirrar cada vez mais. “Hoje, o mundo pede a expansão da produção agropecuária do Brasil, que vai puxar o movimento para suprir a demanda”, disse.
Em suas projeções para o futuro, Neves prevê que 65% da soja do mundo vão ser compradas do Brasil até 2032. “Olha a dependência que estamos construindo do planeta para empoderar nossa sociedade”, destacou.
O palestrante também enfatizou que o Brasil é injustamente atacado interna e externamente, mesmo tendo os melhores indicadores ambientais do planeta. “Conseguindo resolver o desmatamento ilegal, nós colocamos um carimbo sustentável
na nossa comida. Temos condições de chegar em 250 milhões de hectares de área produtiva. Se isso acontecer, ainda sobram 600 milhões de hectares sem atividade agrícola no Brasil”, calcula.
Cautela
Apesar de o momento vivido pelo setor produtivo ser positivo, o Doutor Agro recomendou cautela aos líderes rurais paranaenses. Os preços das commodities, em patamares históricos, devem cair e voltar a níveis mais próximos do normal nos próximos anos, em um contexto de custos de produção altos. “Essa é a hora de se construir margem para estarmos preparados para quando as commodities começarem o processo de acomodação de preço. Tem que ter caixa, saber o momento de comprar, de vender. Em resumo, tem sempre que ficar melhor antes de ficar maior”, ensinou.
Aliado a isso, o palestrante também recomendou que os produtores pratiquem o que chama de “excelência de gestão”. “Nesse ponto é importante gerar dados, pois todos os detalhes importam, e ter talentos na equipe. É preciso fazer a gestão na unha”, recomendou.