ALIMEN T AN D O O B R A SILEIRO

Campo Futuro analisa custos de produção da pecuária de corte em cinco estados
Circuito Campo Futuro Pecuaria Corte

Resultados foram apresentados na sexta (4), de acordo com levantamento feitos no AC, BA, MT, PA e TO

4 de novembro 2022
Por CNA

Brasília (04/11/2022) – Dando sequência ao circuito do projeto Campo Futuro, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou, na sexta (4), os resultados dos levantamentos de custos de produção da cadeia produtiva da pecuária de corte realizado nos estados do Acre, Bahia, Mato Grosso, Pará e Tocantins.

O projeto levantou os custos nos sistemas produtivos de cria, recria e engorda e ciclo completo em 19 propriedades rurais dos cincos estados que, juntos, representam um terço do rebanho bovino nacional, segundo dados do IBGE.

Giovanni Penazzi, analista de Custos de Produção Pecuários do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), apresentou os resultados do levantamento de cada sistema produtivo.

De acordo com ele, na cria, apesar das diferenças regionais, o sistema tem características em comum nas propriedades analisadas, que têm taxa de lotação “modesta”, com um animal por hectare.

No Custo Operacional Efetivo (COE), Penazzi afirmou que a média é de R$ 120 por arroba vendida. Apenas no município de São Félix do Xingu (PA), a propriedade demonstrou menor custo de produção, de R$ 60 por arroba vendida.

“De maneira geral, vemos o maior peso para o COE principalmente na suplementação do rebanho e a mão de obra também acaba onerando esse sistema produtivo. No Custo Operacional Total (COT), 2021/2022 foi um bom período para venda de reposição, o que acaba favorecendo esses sistemas,” disse.

“Com isso, todos os sistemas conseguiram pagar seus custos operacionais totais, se mantendo financeiramente aptos no médio prazo, mas há grande necessidade desses sistemas de diluir os gastos para que se mostrem competitivos a longo prazo”, ressaltou.

No sistema de recria e engorda, Penazzi afirmou que as fazendas são maiores em relação às amostras do sistema de cria, mas, apesar do tamanho, possuem baixo investimento em pastagens, tendo assim, baixas taxas de lotação por hectare.

“Identificamos baixa capacidade de suporte do sistema, limitando a diluição de custos fixos. Em Cruzeiro do Sul (AC), há taxa de 0,6 animal/hectare, o mesmo observado em Feira de Santana (BA), com clima mais árido e não propício à produção de forragem.”

O pesquisador destacou que, nessas propriedades, o foco é na suplementação e no desempenho individual dos animais, onde os custos se concentraram no período de terminação dos animais, gerando um período de recria extenso.

“O custo com compra foi muito alto em 2022. A reposição de animais representou 84% do COE desse sistema. De modo geral, o custo operacional efetivo ficou em torno de R$ 230. O COE alto impactou os sistemas, quando aliado à baixa produtividade, como no caso de Cruzeiro do Sul, que não foi capaz de pagar seus custos com a depreciação, terminando o ano com uma margem negativa”.

No sistema de recria e engorda a alta da arroba foi acompanhada pelos custos de produção, e os gastos foram voltados para o desempenho individual e não na escala produtiva, limitando a diluição dos custos fixos, o que impactou na capacidade de giro desses sistemas, acrescentou Penazzi.

Em relação ao sistema de ciclo completo, o Campo Futuro analisou três propriedades em Rio Branco (AC), Paragominas (PA) e Santana do Araguaia (PA), maiores do que as dos sistemas analisados anteriormente e com maior investimento na reprodução animal com uso de inseminação artificial, afirmou Giovanni Penazzi.

“Isso acabou gerando animais de valor agregado e que respondem melhor ao uso de tecnologias na suplementação mineral e uso de concentrados. O investimento em desempenho individual do animal e diminuição de tempo dele na propriedade aumentou a taxa de giro.”

O Custo Operacional Efetivo ficou na média de R$ 120 por arroba vendida em Rio Branco e Paragominas. Já em Santana do Araguaia, a arroba ficou em R$ 160.

O analista do Cepea destacou ainda que nem sempre uma maior receita significa maior rentabilidade. “Os sistemas de cria e outros mais conservadores acabaram com um custo de produção menor, mas um menor retorno. Ou seja, uma aversão ao risco acaba mitigando a capacidade de gerar caixa nesses sistemas de produção.”

A live também ouviu o gerente de Produtos Pecuários da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Gabriel Corrêa, sobre projeções e perspectivas para a pecuária de corte.

Segundo ele, no abate, espera-se uma recuperação para o final de 2022, com aumento de quase 6% frente a 2021, e para 2023 uma nova alta de 2,7%.

Já o preço do bezerro, numa projeção de agosto, deve ficar na média de R$ 2,5 mil até o final de 2023. “É um bom cenário para o terminador e os sistemas de recria e engorda”, afirmou Corrêa.

Em relação ao preço do boi gordo, Corrêa destacou que não se espera uma queda robusta da arroba, “mas uma queda a médio e longo prazo devido às demais variáveis como preço do milho, do combustível, da taxa de câmbio, etc. É um horizonte positivo para o pecuarista”.

A margem média do COE em todos os sistemas produtivos mostrou um cenário e preço neutros que devem se manter de 20% a 30% em 2022/2023, disse Corrêa. Ele ressaltou que a projeção é um aumento de 3% na produção de carne bovina em 2022, com exportações de aproximadamente 3 milhões de toneladas até o final do ano. Para 2023, o crescimento deve ficar em 5% na produção.

Na avaliação do assessor técnico da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da CNA, Rafael filho, as exportações devem continuar em patamares elevados, “o que é positivo devido ao cenário do mercado doméstico mais calmo”.

Assista a live na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=G16IYUu8WdQ

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