Campo Futuro levanta custos de produção em três estados
Painéis foram realizados em Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul
Brasília (24/05/2024) – A Confederação da Agricultura e pecuária do Brasil (CNA) promoveu, nesta semana, painéis do projeto Campo Futuro para levantamento de custos de produção da cafeicultura, suinocultura, cana-de-açúcar e pecuária de leite.
Os encontros foram realizados com produtores rurais, representantes de sindicatos, federações estaduais de agricultura e entidades de pesquisa dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Confira os destaques para cada cultura:
Suinocultura (Dourados – MS e Toledo – PR): Em Dourados, foi realizado o levantamento dos custos de produção das unidades de creches e unidades de terminação (UT). Nos dois sistemas, a produção é de cerca de 5,4 mil suínos por lote. Nas creches, a mão de obra foi o item de maior peso no COE, com 36,9%, seguido pela energia elétrica, com 18,2%. Nas unidades de terminação, a energia elétrica representou 38,4% do COE, seguido pela mão de obra, com 25,4%.
Em Toledo, no Paraná, os painéis levantaram os custos das unidades produtoras de leitões desmamados (UPD), considerando uma propriedade com 850 matrizes, e unidade de terminação (UT), com 1,5 mil suínos terminados por lote.
De acordo com o assessor técnico Rafael Ribeiro, na UPD, a mão de obra representou 59,5% do COE e a energia elétrica 14,4%. Já na UT, o item de maior peso também foi a mão de obra, com 49,1% do COE, e a manutenção, com 18,7%.
Cana (Santa Juliana e Uberaba – MG): Em Santa Juliana, produtores e técnicos da região definiram uma propriedade modal de 250 hectares de produção, com produtividade média estipulada para a safra 2024/2025 de 80 toneladas por hectare, com qualidade de matéria-prima de cerca de 135 quilogramas de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana e 6 cortes por ciclo produtivo.
Já levantamento realizado em Uberaba apontou um modal de 500 hectares, produtividade de 80 toneladas por hectare e 6 cortes por ciclo produtivo. A assessora técnica Eduarda Lee explicou que o plantio que era realizado de forma 100% manual, hoje apresenta crescimento da mecanização.
Café (Guaxupé e Capelinha – MG): Em Guaxupé, o modal foi representado por uma propriedade de 8 hectares de área produtiva de café arábica, com produtividade média de 30 sacas por hectare. Os resultados apontam elevação do Custo Operacional Efetivo (COE) em 4%, comparado ao painel de 2023, influenciado pelo aumento nos custos com corretivos (28,5%), fertilizantes (8,6%), mecanização (8,8%) e mão de obra (11,5%).
Segundo o assessor técnico da CNA, Carlos Eduardo Meireles, apesar desse aumento no COE, os melhores preços de comercialização do café e uma elevação na produtividade das áreas geraram incremento de 19% na receita da produção, resultando em margem líquida positiva.
Já em Capelinha, a propriedade considerada como modelo possui 100 hectares de área produtiva e produtividade de 35 sacas/ha. Os melhores preços de comercialização também sustentaram as margens positivas da atividade. Entretanto, com um incremento de 29,9% no COE, puxado pelo grande aumento no custo da mão de obra na região, a margem líquida foi reduzida em 38,2%, em relação ao painel de 2023.
Leite (Marmeleiro – PR): No painel realizado em Marmeleiro, foi caracterizada uma propriedade modal que adota o confinamento, em sistema Compost Barn, que produz diariamente cerca de 1,2 mil litros de leite com a ordenha média de 45 animais que produzem cerca de 28 litros ao dia.
O assessor técnico da CNA, Guilherme de Souza Dias, que acompanhou o painel, disse que foi verificado aumento no aporte tecnológico na região, especialmente nos tratos culturais para o milho para ensilagem, sendo realizados maior número de operações para garantir uma boa produtividade.
“A receita obtida pelo leite permitiu cobrir os desembolsos da atividade, com a alimentação concentrada comprometendo a maior parte, cerca de 43%, seguido pela produção de volumosos (17%), influenciado principalmente pela alta nos fertilizantes e insumos no ano passado. A mão de obra contratada ocupou a terceira colocação, respondendo por 7% da receita com o leite”.
As elevadas despesas diretas, associadas à depreciação da infraestrutura e pró-labore do produtor não permitiram cobrir os Custos Operacionais Totais, denotando a necessidade de ajustes técnicos para a sustentabilidade da atividade no médio e no longo prazo. “Contudo, a atividade leiteira se mostrou competitiva frente à outras oportunidades do uso da terra na região, com a margem bruta superando a receita obtida com o arrendamento para a soja em 70%”, explicou Dias.