CNA defende diálogo amplo sobre legislação europeia

Entidade falou sobre o tema em evento com produtores de soja do Brasil e do exterior

Por CNA 24 de julho 2025
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Congresso soja eudr felipe

Brasília (24/07/2025) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) defendeu um diálogo mais amplo entre os países exportadores sobre a legislação antidesmatamento da União Europeia (EUDR).

O coordenador de Inteligência Comercial e Defesa de Interesses da CNA, Felipe Spaniol, falou sobre o tema durante o Diálogo Internacional de Produtores de Oleaginosas (IOPD) 2025, na terça (22), em Foz do Iguaçu (PR). O encontro reuniu entidades representativas de produtores de oleaginosas do Brasil e do exterior.

Spaniol participou a distância do evento e apresentou um panorama crítico sobre os impactos da nova regulamentação europeia que proíbe a importação de produtos provenientes de áreas desmatadas após 31 de dezembro de 2020, sobretudo, produtos agropecuários.

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“A discussão é importante e toda a cadeia tem que participar do debate e da construção de melhores alternativas para as imposições da União Europeia. Essas regras têm gerado incertezas, inclusive já se sente os reflexos disso na prática. Não existe solução única e é importante ouvir todas as partes porque houve pouca escuta na construção da EUDR”, disse.

Ele citou a composição do Parlamento Europeu para o período de 2024-2029, que na sua visão, “mudou muito nos últimos anos” e influenciou a legislação antidesmatamento.

“Não é só a questão de desmatamento, mas de pesticidas, bem-estar animal e limite máximo de resíduos, temas que estão sendo discutidos pelo Parlamento Europeu e podem derivar em novas legislações”, advertiu.

Spaniol lembrou dos impactos da medida para o setor da soja, que é um dos principais produtos exportados para o bloco europeu. Apenas em 2023, do total de 14,6 bilhões de toneladas de produtos agropecuários comercializados para a UE, 8,1 bilhões eram do complexo da soja.

“A lei europeia gera insegurança nas questões comerciais e aumento de custos para os exportadores brasileiros, que podem perder espaço caso não consigam atender as exigências da nova legislação.”

A lei foi adiada em 2024 e pode ser regulamentada e entrar em vigor no final desse ano. Na avaliação de Felipe Spaniol, os efeitos da lei seguem preocupando o agro brasileiro.

“A CNA acredita que tem uma série de problemas gravíssimos na lei que precisam ser discutidos. Inclusive existe pressão na própria UE para que haja mudanças na legislação, ou seja, ainda não está razoável para ninguém e precisa de revisão. É importante lembrar também que um novo adiamento não mitiga os impactos da lei, principalmente em relação a custos e exclusão de produtores rurais.”

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