CNA levanta custos de produção de grãos, frutas, leite e cana
Projeto Campo Futuro fez o levantamento das informações em seis estados brasileiros
Brasília (12/07/2024) – O projeto Campo Futuro da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizou, nesta semana, painéis para levantar os custos de produção de grãos, frutas, leite e cana-de-açúcar em seis estados brasileiros.
As reuniões ocorreram nos estados de Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Sul com a presença de produtores rurais, sindicatos, cooperativas, federações estaduais de agricultura e instituições de pesquisa.
Confira os principais resultados dos painéis desta semana.
Frutas (Bahia e Pernambuco) – O levantamento de custos de produção de frutas aconteceram com produtores de uva, goiaba e manga. No painel de uva, em Petrolina (PE), os produtores definiram uma propriedade modal de 6 hectares com predominância da variedade Vitória. Em razão do clima, houve queda drástica na produtividade, resultando em 40 toneladas por hectare na safra 2023/24.
No painel de manga, em Juazeiro (BA), foi definido o modal produtivo 6 hectares da variedade Palmer. A produtividade na safra 23/24 foi de 15 toneladas/hectare, abaixo das médias da região e do potencial produtivo. Os custos com insumos aumentaram, em especial defensivos, devido à necessidade do controle de pragas.
Os painéis de goiaba foram realizados em Petrolina e Casa Nova (BA). No município pernambucano, o modal definido foi de 3 hectares cultivados, com produtividade média de 5 caixas por planta, em uma área de 5 anos de plantio.
Em Casa Nova, o modal produtivo é de 5 hectares cultivados com goiaba da variedade Paluma. A mão-de-obra é predominantemente familiar e são contratados prestadores de serviço apenas para algumas atividades, dentre elas poda e colheita. O ciclo produtivo, entre poda e finalização da colheita, é de sete meses. No último ciclo, a produtividade foi de quatro caixas por planta, sendo cerca de 36 toneladas por hectare.
Leite (Minas Gerais) – Em Patos de Minas, foi realizado o painel de leite, onde foi definida uma propriedade modal de 51 hectares, com produção de 22 mil litros de leite por hectare ao ano. A propriedade possui alto nível tecnológico e produz cerca de 2,9 mil litros/dia em sistema compost barn.
A receita obtida com a pecuária de leite permitiu remunerar os desembolsos da atividade, bem como a depreciação e o pró-labore, denotando a sustentabilidade no médio e longo prazos.
O elevado aporte tecnológico apresentado pela propriedade modal denota que a escala de produção permitiu diluir os gastos com depreciação e prolabore em um volume de leite maior, favorecendo o desempenho econômico.
Cana (Alagoas, Paraíba e Pernambuco) – Os levantamentos de custos da cana-de-açúcar ocorreram em três estados. Em João Pessoa (PB), produtores e técnicos definiram uma propriedade modal de 100 hectares de produção, com produtividade média de 60 toneladas/hectare na safra 2023/24, qualidade de matéria-prima de cerca de 124 kg de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana e 5 cortes por ciclo produtivo.
Em Maceió (AL), a propriedade modal definida possui 120 hectares, com produtividade média de 59 toneladas/ha e 6 cortes por ciclo. Já em Recife (PE), a propriedade tem cerca de 170 hectares, produtividade de 60 toneladas/ha, 126 kg de ATR por tonelada de cana e 7 cortes por ciclo produtivo.
Segundo os produtores, o ciclo foi favorecido pela queda de preços de alguns insumos, principalmente fertilizantes. Em todas as regiões, prevalece o plantio e a colheita manuais, porém a disponibilidade de mão de obra está sendo um dos principais desafios da atividade.
Grãos (Minas Gerais e Rio Grande do Sul) – Em Camaquã (RS), a safra 2023/24 foi desafiadora para a cultura da soja. O plantio foi realizado em período de seca e a colheita foi sob chuva severa, prejudicando a produtividade e a qualidade dos grãos. Já no painel de arroz, foi relatado que a redução da produtividade em 15% em relação à safra passada, também em decorrência do clima adverso.
Em Campo Florido (MG), o clima seco e quente afetou as produtividades médias e comprometeu a receita dos produtores de grãos. Para a soja, a redução foi de 10 sacas por hectare, em relação ao ano passado. A produtividade do milho caiu 35% e do sorgo 38%.