CNA levanta custos de produção em quatro estados
Painéis foram realizados com produtores de café, leite, pecuária de corte e cereais
Brasília (28/06/2024) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu, durante a semana, painéis do projeto Campo Futuro para levantar os custos de produção da pecuária de leite e de corte, cafeicultura e grãos em quatro estados.
Os painéis ocorreram nas modalidades presencial e online, com a parceria das Federações de Agricultura e Pecuária e a presença de produtores e técnicos de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.
Confira os principais resultados dos painéis:
Café – O levantamento de custos do café aconteceu em Santa Rita do Sapucaí (MG). Os produtores apontaram uma pequena melhora na produtividade média das lavouras e preços médios de venda mais atrativos. Os desembolsos com mão de obra se elevaram em 2% e fertilizantes 3%, em relação ao painel de 2023.
Segundo a assessora técnica da CNA, Raquel Miranda, outros itens tiveram redução: mecanização (-17%), corretivos (-11%) e defensivos (-16%). No mesmo período, a receita da atividade teve alta de 52%, possibilitando margem bruta e líquida positivas.
Pecuária de corte – Os painéis de pecuária de corte foram realizados em São Paulo. Em Adamantina, o sistema de produção é recria e engorda de bovinos, considerando uma propriedade modal com abate anual de aproximadamente 90 animais. O Custo Operacional Efetivo (COE) desse sistema produtivo foi estimado em R$ 205,22 por arroba vendida, sendo os itens de maior peso a reposição dos animais (72,1%) e a suplementação mineral (9,1%)
O assessor técnico da CNA, Rafael Ribeiro, informou que, em Tupã, a propriedade modal foi de cria (produção de bezerros), com 122 matrizes e 70 bezerros vendidos por ano. Nesse sistema, o COE foi estimado em R$ 249,88/@ vendida. O item mão de obra representou 21,8% do COE, seguido pela suplementação mineral, com 18,7% do COE.
Já em Itapetininga, foram levantados os custos de produção da cria e recria de bovinos de uma propriedade modal com 30 matrizes e 21 cabeças vendidas anualmente, entre bezerros, garrotes e vacas secas. O COE foi estimado em R$ 291,70/@ vendida, sendo os insumos para pastagens o item de maior peso, representando 32,7% do COE.
Pecuária de leite – Os custos de produção da pecuária de leite foram levantados em Minas Gerais. No município de Pompéu, a propriedade caracterizada produz mil litros de leite por dia, com animais da raça Girolando (17 litros/cabeça/dia). A propriedade possui media tecnologia e a receita obtida com o leite permitiu remunerar apenas os desembolsos da atividade, ficando aquém da depreciação da infraestrutura, do pró-labore do produtor e da remuneração do capital investido.
De acordo com o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias, em Pompéu a atividade se mostrou resiliente, diante da evolução na produção diária de leite, que aumentou 200 litros desde o painel realizado em 2021.
Em Uberlândia, a propriedade modal produz 400 litros por dia, totalizando cerca de 7 mil litros por hectare de área útil por ano. Os animais também são da raça Girolando e produzem 18 litros de leite/dia cada.
A atividade possui média-alta tecnologia e a receita obtida com o leite permitiu remunerar apenas os desembolsos, ficando aquém o pró-labore, da depreciação e da remuneração do capital. “Os produtores relataram que em função das margens estreitas no ano passado, houve redução do porte das propriedades”.
Já em Passos, a propriedade modal possui porte elevado, com produção diária de 4,5 mil de leite e animais da raça girolando (25 litros/animal/dia). A produção é realizada em sistema compost barn, e o elevado perfil tecnológico permitiu a produção de 22 mil litros por hectare ao ano.
“A receita obtida com o leite permitiu remunerar os desembolsos e ficou bem próxima dos Custos Operacionais Totais, denotando que pequenos ajustes técnicos podem contribuir para superar essas despesas, possibilitando a viabilidade da atividade no médio prazo”, disse Dias.
Grãos – Os levantamentos de cereais, fibras e oleaginosas ocorreram em Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Em Carazinho (RS), foi observada uma melhora na produtividade para a soja e para o milho, visto que a safra anterior foi prejudicada pelo fenômeno La Niña. As produtividades médias de soja cresceram 61% e de milho 3%. Por outro lado, o trigo sofreu com altos volumes de chuva no final do ciclo, com uma quebra de produtividade de 53%.
O assessor técnico da CNA, Tiago Pereira, destacou que diferentemente de outras regiões do estado, em Chapadão do Sul (MS) o clima foi favorável para o milho segunda safra, com produtividade média de 130 sacas por hectare. Em contrapartida, os custos diretos fecharam em patamar superior à safra passada.
Os herbicidas colaboraram com essa alta, apresentando crescimento de 96%. A soja enfrentou períodos de restrição hídrica, fechando com média de 60 sacas/ha, redução de 13 sacas em relação à temporada anterior. Já os preços da oleaginosas caíram 19%.
Em Uruguaiana (RS), o levantamento de custos do arroz mostrou uma retração na produtividade de 11%, comparada ao painel da safra 2022/23, mas ainda dentro das expectativas dos produtores. “O volume de chuvas no final do ciclo da cultura impactou momentaneamente as lavouras, mesmo com mais de 80% da colheita já realizada entre abril e maio”, disse Tiago.
Já em Maracaju, os produtores relataram pelo menos quatro ondas de calor severas que atingiram 45 graus no desenvolvimento das lavouras. A produtividade média da soja foi de 50 sacas/ha, queda de 29% ante a safra anterior. Os preços também caíram no período (-14%). Para o milho, a redução na produtividade foi de 33%.
Em Ponta Porã, o Campo Futuro realizou o levantamento de custos de produção pela primeira vez. A região foi severamente afetada pela seca nesta temporada, alcançando produtividades para a soja, milho e trigo de 46, 45 e 40 sacas/ha, respectivamente.