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Indústria espera recuperar exportação de carne de frango e suína em 2018
Por: Globo Rural
Depois das dificuldades enfrentadas neste ano, a indústria brasileira de aves e suínos espera recuperar, em 2018, pelo menos parte do que deixou de exportar em função da Operação Carne Fraca e entraves considerados pontuais em alguns mercados. Foi o que disseram, nesta quarta-feira (13/12), dirigentes da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa o setor.
No caso da carne de frango, a expectativa para 2018 é aumentar a exportações entre 1% e 3%. O volume embarcado deve ficar entre 4,36 milhões e 4,45 milhões de toneladas, revertendo a queda nos volumes em 2017. Entre as apostas, está a abertura de mercados como El Salvador, Taiwan e República Dominicana, além das vendas para a Indonésia, depois de painel na Organização Mundial do Comércio (OMC). O Brasil também questiona barreiras da Nigéria.
Até o fim deste ano, as remessas devem totalizar 4,319 milhões de toneladas, uma queda de 1,48% em relação a 2016. É a primeira vez que a indústria deve fechar o ano com queda no volume embarcado, segundo a ABPA. De janeiro a novembro, as exportações foram de 3,92 milhões de toneladas, 0,8% a menos que no mesmo período em 2016. O menor volume não impediu um aumento de 6,9% na receita no período, contabilizando US$ 6,62 bilhões.
Principal mercado para a carne de frango brasileira, a Arábia Saudita, que responde por 13,8% do total exportado, comprou 20% menos neste ano. A explicação para este movimento está na elevação de tarifas por parte do país e na cobrança de um imposto sobre a mão-de-obra, o que levou à menor demanda.
“Foi o principal drive de queda na exportação, mas é pontual. Acredito que a gente deva recuperar pelo menos a metade do que a gente deixou de exportar para lá por causa desses movimentos comerciais”, explicou o vice-presidente de mercado da ABPA, Ricardo Santin, acrescentando que o crescimento da produção saudita não deve afetar a demanda pelo produto brasileiro.
Outro mercado com redução significativa foi a China, com 19% a menos. Para a ABPA, a queda está associada ao incentivo à produção de carne suína chinesa. “A carne suína é a preferida deles. Com a oferta interna maior, o preço caiu, o consumidor comprou mais e demandou menos frango”, disse Santin.
De outro lado, a indústria brasileira observou um forte crescimento das exportações de carne de frango para o continente africano. As 639 mil toneladas enviadas entre janeiro e novembro deste ano superaram em 36% o registrado no mesmo período no ano passado. “Tem muito problema sanitário e estamos nos inserindo na região”, avaliou Turra.
Carne Suína
As exportações de carne suína devem crescer entre 4% e 5% no próximo ano, variando entre 720,7 mil e 727,6 mil toneladas. A partir dessa projeção, o segmento deve praticamente se recuperar da queda no volume embarcado neste ano, estimada em 5,4%. Até o final deste mês, as remessas devem somar 693 mil toneladas.
A Associação Brasileira de Proteína Animal espera pela abertura de mercados como o Peru, Coreia do Sul e África do Sul para o produto brasileiro. E acredita que a Rússia deve retomar compras em função da ocorrência de Peste Suína Clássica e tendo em vista um aumento de demanda em função da Copa do Mundo no país. “Do que a Rússia importa, 90% é do Brasil. Copa do Mundo é um estímulo importante”, avalia Turra.
Principal destino das exportações brasileiras de carne suína, com 39,5% de participação, a Rússia aumentou as importações em 8% no acumulado de janeiro a novembro deste ano. No final do mês passado, os russos anunciaram uma restrição temporária à carne suína e bovina do Brasil. A ABPA acredita que, se confirmada uma reversão das barreiras antes da virada do ano, as vendas possam ser retomadas já no início de 2018.
Na contramão dos russos, os chineses importaram 50% menos carne suína do Brasil de janeiro a novembro, refletindo, assim como na carne de frango, o aumento da oferta interna da proteína mais consumida no país. Hong Kong, outro mercado importante, reduziu as compras em 9%.
No total, de janeiro a novembro deste ano, o Brasil enviou 5,8% menos carne suína para o mercado externo, totalizando 635 mil toneladas. Ainda assim, o faturamento foi de US$ 1,499 bilhão no período, um aumento de 9,8% em relação ao mesmo intervalo em 2016.
Operação Carne Fraca
Os executivos da ABPA pontuaram que o desempenho das exportações poderia ter sido melhor, não fosse a Operação Carne Fraca, que investigação sobre irregularidades na relação entre a indústria frigorífica e servidores do Ministério da Agricultura. Só nos primeiros três meses após a ação, entre 150 mil e 200 mil toneladas de carne de frango e suína deixaram de ser exportadas.
Ao todo, 77 mercados apresentaram alguma restrição às carnes do Brasil por conta da investigação da Polícia Federal. Apenas três ainda não foram reabertos, informou o presidente da ABPA, Francisco Turra: Santa Lúcia, Trinidad e Tobago e Zimbábue, cujos volumes de comprar têm pouca representatividade paras as exportações do setor.
“Aqui dentro, o esclarecimento foi mais fácil, mas lá fora foi mais difícil. Saímo-nos bem, recuperamos mercados. Mas os países estão mais exigentes, houve missões que chegaram”, ressaltou Turra.
Reverter o dano à imagem foi custoso para o setor, disse o diretor técnico da ABPA, Rui Vargas. Segundo ele, pelo menos 36 missões estrangeiras visitaram o Brasil para buscar esclarecimentos, inclusive países que importam há décadas a carne brasileira. Tomando por base o resultados das exportações neste ano, ele considerou que a indústria recuperou a credibilidade.
“Os números demonstram que o entendimento entre o governo do Brasil e seus parceiros teve sucesso. Nos mobilizamos também para olhar para dentro e saber como prevenir qualquer possibilidade de riscos. E podemos apresentar números satisfatórios”, afirmou Vargas.