No Congresso, CNA participa de seminário sobre armazenagem
Evento foi promovido pela Frente Parlamentar Mista de Logística e Infraestrutura
Brasília (24/08/2023) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou, na quinta (24), do Seminário Frenlogi - Câmara de Armazenagem, promovido pela Frente Parlamentar Mista de Logística e Infraestrutura do Congresso Nacional.
A assessora técnica da Comissão Nacional de Infraestrutura e Logística da CNA, Elisangela Pereira Lopes, esteve no primeiro painel e mostrou dados da armazenagem no Brasil.
“Armazenagem é um assunto estratégico para o país, principalmente para o produtor rural. Estamos produzindo safras cada vez mais recordes e a infraestrutura não tem acompanhado esse desenvolvimento do agro.”
Elisangela destacou o crescimento da produção de grãos no Brasil, observado a partir da movimentação dos principais portos brasileiros.
“Em 2009, o Arco Norte movimentava 7,2 milhões de toneladas de soja e milho e, no ano passado, esse número chegou a 52 milhões de toneladas. O número superou a movimentação em Santos que, em 2021, movimentou 38 milhões de toneladas. A tendência é aumentar cada vez mais, mas sem infraestrutura, logística e armazenagem isso não será possível.”
De acordo com a técnica, o crescimento médio da safra de grãos no país tem sido de 12,9 milhões de toneladas por ano e a capacidade média de armazenagem de apenas 4,4 milhões de toneladas. “Nós concordamos que não tem que ser 100%, mas precisa minimamente acompanhar o desempenho do produtor.”
Elisangela também falou sobre a visão do produtor rural em relação à armazenagem no Brasil a partir de uma pesquisa nacional da CNA que ouviu mais de mil produtores rurais de todas as regiões do país.
A pesquisa da Confederação foi realizada pela Esalq-Log (USP) e faz parte do “Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil”, um amplo estudo da CNA sobre uma das principais atividades primárias da logística e que é fundamental para a competitividade dos produtores e do agro brasileiro.
De acordo com a pesquisa, 61% dos produtores ouvidos disseram que não têm armazenagem, mas 54% afirmaram ter interesse em expandir a capacidade estática de armazenagem na fazenda.
A pesquisa também apontou que alguns fatores fariam o produtor investir em infraestrutura como ter estratégia de comercialização, maior poder de barganha na comercialização e melhor qualidade do produto. No entanto, o principal gargalo para isso é a falta de profissionais qualificados na operação.
"Foi surpreendente saber que o produtor não coloca armazenagem na propriedade porque ele não tem conhecimento para realizar a gestão da estrutura, ele precisa de profissionais especializados. Então, o Senar já estuda uma capacitação que possa atender esse problema sinalizado pelos produtores."
Elisangela afirmou ainda que a pesquisa aborda outras questões como conhecimento dos produtores sobre linhas de crédito para armazenagem. Dos produtores ouvidos, 72,7% disseram que investiriam em armazenagem caso a taxa de juros fosse atrativa.
Ela também pontuou que há regiões consideradas fronteiras agrícolas que tem preocupado o setor devido à falta de infraestrutura de armazenagem.
“O Matopiba e as regiões de fronteira preocupam. No caso do Mato Grosso, um dos maiores produtores do país, o déficit é de 52 milhões de toneladas. No Matopiba são 21 milhões de toneladas. Somados, os dois representam 60% dos déficits de armazenagem no Brasil”.
Outro ponto de destaque do estudo da CNA é que 51,1% dos produtores declararam ganhos econômicos acima de 6% por usarem a armazenagem dentro da propriedade.
Outros dados da pesquisa destacados na apresentação:
- Em relação ao tempo médio de armazenagem na própria infraestrutura, 42,2% responderam que guardam a produção de 4 até 6 meses e 22,5% de 7 até 9 meses. Na região Centro-Oeste, 54,0% produtores responderam que armazenam sua produção em um período de 4 a 6 meses;
- O padrão mais típico do tempo médio de ocupação dos armazéns com grãos em 2021 no Brasil é de 7 a 9 meses. A média Brasil é de 31,6% de frequência. Entretanto, 29,3% dos produtores disseram armazenar os grãos de 4 a 6 meses e 23,8% de 10 a 12 meses.
- No total, 84,7% dos produtores ocupam os armazéns de 4 meses a 12 meses para evitar o período de pico da safra. Isso demonstra a relevância de se ter armazém para esperar a melhor janela de tempo/oportunidade para escoar a safra (fugindo dos altos custos de transportes observados no período de pico de escoamento da safra).
- Considerando a armazenagem própria, 24,1% apontaram não ter observado perdas de produção e 20,1% responderam ter tido perdas de 0,11% a 0,25% por mês armazenado (dado considerado irrisório, menor que 1%).
- Em algumas situações, o produtor pode receber um bônus ou prêmio por possui infraestrutura de armazenagem própria. Segundo a pesquisa, 67,7% dos produtores não recebe nenhum tipo de bônus ou prêmio e 23,1% recebe até 5% no preço do produto;
- Em 2021, 66,4% dos produtores que não possuíam infraestrutura de armazenagem contrataram serviços de terceiros. As regiões com maiores taxas de contratação foram Centro-Oeste (86,5%), Sul (77,4%), Norte (64,9%) e Matopiba (59%).
Também participaram do painel representantes da Companha Nacional de Abastecimento (Conab), Ministério da Agricultura, Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
O seminário está disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=UeILCcTdppA
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