Paraná
Pato Branco celebra união do agro em encontro de líderes
Com destaque para participação feminina, evento reuniu 250 pessoas, que foram convidadas a refletir sobre a representatividade do meio rural
As produtoras rurais do Sudoeste paranaense marcaram presença nesta terça-feira (20) no 3º Encontro Regional de Líderes Rurais – Cultivando Conexões, realizado em Pato Branco. Cerca de 65% dos 250 participantes eram do sexo feminino. Este foi o terceiro evento desta edição, que vai percorrer ainda sete cidades do Estado, com a intenção de provocar a reflexão entre os participantes sobre a necessidade de ampliar e fortalecer a representatividade do meio rural e estimular o surgimento de novas lideranças no campo. Antes de Pato Branco, outros dois encontros foram realizados em Londrina e Cambará.
Logo que chegaram, os participantes foram divididos de modo que pessoas que não se conheciam dividissem a mesma mesa. A estratégia serve para formar novos laços e favorecer o surgimento de novas conexões. O presidente do Sindicato Rural de Pato Branco, Sinauri Bedin, abriu os trabalhos, destacando o empenho dos participantes, muitos dos quais levantaram ainda de madrugada, em uma manhã extremamente fria, para participar do evento.
O presidente do Sindicato Rural de Pato Branco, Sinauri Bedin
“Como o agro não para, nós temos que ser dinâmicos, continuar nosso trabalho no campo, mas esse encontro é muito importante para nos orientar. Talvez aqui estejam os futuros líderes que vão dar continuidade do sucesso do agronegócio”, destacou. “Vejo que estamos em mais mulheres do que homens, isso é muito importante”, considerou.
Na sequência, o presidente do Núcleo dos Sindicatos Rurais do Sudoeste (Assinepar), Ari Reisdoerfer, falou sobre a importância da união do setor produtivo, representada no encontro. “Nós sabemos plantar, colher, cuidar da propriedade, mas nem sempre sabemos o que está acontecendo ao nosso redor. Aí vem a importância da união. Um só agricultor tem força. Mas se ele estiver ligado ao sindicato, essa força aumenta. Se estiver ligado à federação, ela triplica”, avaliou. Segundo ele, esse trabalho deve ser compartilhado com as bases. “A federação e seus técnicos estão atentos 24 horas por dia. Mas nós também temos que estar vigilantes. Temos a obrigação de levar nossas demandas ao sindicato e ele levar para frente”, afirmou.
O presidente do Assinepar, Ari Reisdoerfer
Em seu discurso na abertura do evento, o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette, elencou diversas conquistas do agro paranaense que só puderam ser obtidas por meio da união da classe produtora e sua mobilização política. “O sistema sindical é o braço político do produtor. A importância de estarmos aqui, hoje, é afinar a viola para enfrentar o que vem pela frente. Sem uma liderança forte, estaríamos sofrendo muito mais”, pondera.
Entre os exemplos trazidos por Meneguette, estão a luta contra a proibição do plantio de transgênicos no Estado, conquista que completou 20 anos; a obtenção do status de área livre de febre aftosa sem vacinação; a mobilização para aprovação do Código Florestal, que levou mais de 5 mil produtores a Brasília; e, mais recentemente, a derrubada do regime de urgência do projeto de lei do Executivo estadual, que pretendia taxar o agronegócio para reparar as estradas. Com a mobilização de produtores na Assembleia Legislativa, a urgência foi retirada e o projeto voltou a tramitar normalmente, dando a oportunidade de o setor argumentar contra a aprovação da proposta.
O presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette
“Essa mobilização mostrou que somos uma classe unida e que merecemos respeito. Vocês conseguiram, com esse trabalho, impedir a taxação de R$ 2 bilhões, que continuaram na mão dos produtores circulando pela economia do Paraná”, disse o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR.
A presença feminina também foi destacada por Meneguette. “Segundo a estimativa do evento, temos a maioria do sexo feminino. Parabéns! Criamos a Comissão Estadual de Mulheres da FAEP [CEMF], e temos representantes aqui em Pato Branco. Nós já passamos de 60 municípios com comissões locais de mulheres. É uma grande satisfação ver essa nova geração e esse público feminino. Isso é um grande estímulo. Vemos que estamos no caminho correto. Organizados, conseguimos ter um país melhor para nós e para nossos filhos”, concluiu.
O público também aprovou a iniciativa. “Aprendemos muitas coisas novas nesse evento, que fazem a diferença. Vemos que as mulheres estão ocupando os espaços, isso é muito bom, deixa o homem na lavoura e a mulher vem na reunião”, diverte-se a produtora Benylde Sagin, de Renascença. O produtor Pedro Cassol, de São João, também aprovou o formado do evento. “Vou sair daqui com muito conhecimento. Acredito que está sendo plantada uma semente aqui hoje que vai ser muito importante no futuro”, observou.
Evento dinâmico
O 3º Encontro Regional de Líderes Rurais – Cultivando Conexões contou com diversas dinâmicas envolvendo os participantes, promovendo a troca de informações e a reflexão sobre o papel de cada um nos destinos do campo. O consultor do Sistema FAEP/SENAR-PR, Claudinei Alves promoveu uma atividade na qual foi colocado um problema real, neste caso, a tentativa do governo do Paraná de taxar o agronegócio, para que os participantes discutissem a importância da mobilização dos produtores para a solução desse conflito. A intenção é mostrar de que forma a união da classe rural é o meio pelo qual é possível defender os interesses do campo.
“A liderança é a capacidade que todo ser humano tem de influenciar outras pessoas. O dia de hoje está voltado a isso. É um convite a cada um de vocês exercerem a liderança”, declarou.
Outra dinâmica envolveu a montagem de um quebra-cabeça. O objetivo foi apresentar mais profundamente aos participantes os papéis do SENAR-PR e dos sindicatos rurais e como essas entidades podem contribuir para o sucesso do trabalho no campo. Nesse interim, também foi apresentado aos participantes o aplicativo do Sistema FAEP, que dispõe de diversas funcionalidades que podem facilitar a vida nas propriedades rurais, inclusive fazer cursos do SENAR-PR. A atividade foi conduzida pelos técnicos do Departamento Técnico (Detec) Alexandre Lobo Blanco e Helen Raksa.
De tempos em tempos, uma dupla de animadores subia ao palco para descontrair o evento com músicas e histórias que têm relação direta com a proposta do evento. Os causos e canções também promoveram uma viagem cultural do Nordeste ao Sul do Brasil.
O terceiro bloco de atividades trouxe uma reflexão sobre como o poder é organizado e a importância da mobilização para que a voz dos produtores seja ouvida. O coordenador do Departamento Técnico e Econômico (DTE), Jefrey Albers, e gerente do Departamento de Planejamento e Controle, Henrique Salles Gonçalves, ambos do Sistema FAEP/SENAR-PR, explicaram como se dá a organização do agronegócio em suas diferentes esferas representativas: municipal, onde atua o sindicato rural; estadual, onde a FAEP articula as políticas para o agro; e federal, onde a entidade representativa é a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Também foram apresentadas aos presentes toda a estrutura de representação do sistema, que recebe as demandas do setor e as encaminha da melhor maneira.
A coordenadora da CEMF e da comissão local de Pato Branco, Marisa Mior Acorsi, contou aos presentes um pouco da história da mobilização feminina no campo, promovida pelo Sistema FAEP/SENAR-PR. “No início [dos trabalhos da CEMF] tínhamos apenas 17 grupos locais. Hoje, estamos com 63 espalhados por todo o Paraná. As mulheres estão sendo convidadas a contribuir para essa grande mudança na vida dos produtores e dos sindicatos. E realmente vemos que hoje a mudança ocorreu. Só temos esse resultado porque vocês, presidente da FAEP, diretoria do sindicato, ajudaram a fazer essa ponte. Precisamos fortalecer ainda mais nossas conquistas, por isso precisamos de união e da participação de cada produtor rural”, destacou a liderança feminina, que ao final conclamou a todos para repetir o bordão que já se tornou o símbolo da comissão: “O Paraná precisa de nós!".
Os próximos encontros acontecem em Toledo (21/6), Umuarama (22/6), Maringá (27/6), Campo Mourão (28/6), Guarapuava (29/6), Carambeí (5/7) e Campo Largo (6/7).