Brasília (04/07/2025) – Na primeira semana de julho, os técnicos do projeto Campo Futuro levantaram os custos de produção em cinco estados brasileiros para diversas cadeias agropecuárias: pecuária de corte, cana-de-açúcar e café arábica.
O objetivo da iniciativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) é promover painéis técnicos para gerar informações estratégicas e capacitar os produtores rurais para melhorar a tomada de decisões no campo.
Pecuária de corte – Os levantamentos de pecuária de corte ocorreram em Mato Grosso do Sul. Os painéis começaram na segunda (30), no município de Paranaíba, onde a propriedade modal faz a recria e terminação de bovinos em pasto e, também, suplementação mineral. A área total da fazenda é de 300 hectares, sendo 235 hectares de pastagem. A aquisição de animais para a recria e terminação foi o item de maior peso no COE, com 63,1%, seguido pela suplementação mineral, com 8,4% do COE.

Na terça (1º), o painel ocorreu em Três Lagoas. A propriedade modal na região é de produção de bezerros em pasto, além de suplementação mineral. A área total da fazenda tem 700 hectares, sendo 525 hectares de pastagem. A suplementação dos animais teve maior peso no COE, que representa 30,5% do COE, seguido pela mão de obra, com 26,4% do COE.

Na quinta (3) foi realizado o painel em Miranda (MS). A propriedade modal realiza o ciclo completo e sistema de produção de cria, recria e engorda de bovinos. Os itens de maior peso no custo operacional efetivo (COE) foram a suplementação mineral e proteica (36,1%), a mão-de-obra (19,3%) e os custos administrativos (10,6%).

Em Naviraí, onde aconteceu o último encontro, na sexta (4), a propriedade modal faz a recria e terminação de bovinos em pasto, com suplementação mineral nas águas e suplementação proteica na seca. A propriedade também realiza a integração com lavoura em parte da área de agricultura, na segunda safra. O COE da atividade pecuária foi o item de maior peso no COE, com 52,4%. Na sequência aparece a “alimentação e suplementação dos animais” com 26,3% do COE.

Cana – Em Alagoas, na segunda (30), foi realizado o painel de cana na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas (Faeal), em Maceió. Na região, a propriedade modal possui 120 hectares e 6 cortes por ciclo produtivo.

Na safra 2024/2025, a produtividade média da cana totalizou 50 toneladas por hectare. O valor ficou 15% abaixo do observado no ciclo anterior, em decorrência da irregularidade na distribuição das chuvas, prejudicando o desenvolvimento dos canaviais.
Por outro lado, houve incremento na qualidade da matéria-prima, atingindo 139 quilogramas de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana. Os atuais resultados econômicos foram piores em relação ao painel realizado em 2024, com redução das margens e lucratividade.
Na quarta (1º), o levantamento ocorreu na cidade do Recife, junto ao Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-açúcar de Pernambuco (Sindicape), com modal em uma área produtiva de 170 hectares e 6 cortes, com produtividade média de 55 t/ha, valor 8% abaixo do ciclo anterior.

Na região, também houve incremento na qualidade da cana, com 141 kg de ATR por tonelada de cana. Produtores e técnicos relataram grande dificuldade de contratação de mão de obra. Os indicadores econômicos da safra 2024/2025 demonstraram resultados aquém das expectativas quando comparados ao ciclo anterior.
O painel na região de João Pessoa foi realizado na Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa), na quarta (2). Foi mantido o modal de 100 hectares de produção, com 5 cortes.

Nesse ciclo houve melhorias nos resultados econômicos, com ampliação das margens do produtor. Na região Nordeste a mão de obra é um item que possui peso relevante nos custos operacionais devido ao plantio e colheita manuais, já que o relevo dificulta a mecanização de boa parte das operações.
Café – Em Minas Gerais, no município de Santa Rita do Sapucaí (MG), foi feita a atualização dos custos de produção do café arábica. A ação foi realizada em parceria com a Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Santa Rita do Sapucaí (CooperRita) e contou com a participação de representantes da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Universidade Federal de Lavras (UFLA), produtores rurais e técnicos de campo.

O levantamento apontou um aumento de 48% no COE do café arábica em relação ao ano anterior. A mão de obra segue como o principal componente de custo, representando 38% dos desembolsos totais e registrando uma elevação de 96%.
Para o levantamento, foi considerada uma propriedade modal com área produtiva de 20 hectares, manejo manual, cultivo em sequeiro e produtividade média de 25 sacas por hectare.