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Missão internacional na União Europeia busca viabilizar acordo Mercosul-UE
Diálogo entre comitiva brasileira, parlamento europeu e instituições da UE tratou das questões ambientais e comerciais que têm gerado impasses nas negociações
Por: Camilla Jovê
Fonte: Assessoria de Comunicação Sistema Famasul
O presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, representando a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e como membro titular do Conselho Deliberativo da ApexBrasil, integrou a comitiva brasileira que buscou estreitar laços comerciais e esclarecer questões ambientais com a União Europeia. Em Roma, Bruxelas e Paris, o objetivo foi facilitar as negociações com o Brasil.
As agendas foram realizadas com a visita ao parlamento europeu e instituições importantes, como Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Comissão de Meio Ambiente da União Europeia, Comitê de Agricultura e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Foram apresentados projetos e números que comprovam a capacidade do agro brasileiro em produzir com tecnologia e sustentabilidade.
“Precisamos desmistificar narrativas, mostrar como nossa produção é responsável. Mostramos que não há país no mundo que tenha uma agricultura tão tecnificada como a nossa, principalmente pelo plantio direto. Nós somos os únicos que conseguimos fazer até três safras num mesmo hectare, em um ano. Não é à toa que o Brasil hoje é o celeiro de produtividade do mundo. E muito além disso, ninguém tem o nível de preservação que o Brasil tem, variando de 20% a 80% de suas áreas, enquanto na Europa o pousio é de 4%”, explicou o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni.
Apesar dos esforços, Bertoni afirma que há dificuldades por parte dos europeus em compreender essa realidade. "Eles insistem na meta de desmatamento zero, o que é uma injustiça com os países em desenvolvimento e pode comprometer a segurança alimentar, bem como encarecer os preços dos alimentos globalmente.", destaca.
A comitiva brasileira sugeriu a chamada "lei do espelho", que obriga os países da UE importadores a adotarem regras ambientais similares às do Brasil. No entanto, essa proposta enfrentou resistências.
O protecionismo europeu e o impacto nas exportações
Embora representem menos de 2% da população e tenham uma participação limitada no PIB, os agricultores franceses exercem forte pressão política, resultando em um protecionismo que prejudica as negociações do acordo Mercosul-UE.
“O país adota uma postura extremamente protecionista e antimercado, utilizando argumentos questionáveis para barrar produtos brasileiros", pontua.
A principal preocupação era que a Itália também se junte à oposição ao acordo. Caso isso ocorra, o pacto poderia ser inviabilizado, pois esses países juntos representariam mais de 35% da população da União Europeia, bloqueando a decisão. Entretanto, a expectativa é que a Itália não rompa com o Mercosul, pois a parceria ainda é considerada vantajosa para o país.
União Europeia como parceira estratégica
A missão reforçou a importância da União Europeia como parceira comercial do Brasil. Além do volume de negócios, exportar para esse mercado confere aos produtos brasileiros um selo de qualidade e sustentabilidade, aspecto altamente valorizado no cenário global. "Atender às exigências ambientais da União Europeia é um atestado da excelência da nossa agropecuária, aumentando a competitividade dos nossos produtos", concluiu Bertoni.
As negociações entre Mercosul e União Europeia devem continuar nos próximos meses.
Participaram da missão o vice-presidente de Relações Internacionais da CNA e presidente do Sistema Farsul (RS), Gedeão Pereira; os diretores da CNA, Sueme Mori (Relações Internacionais) e Bruno Lucchi (Área Técnica); e os integrantes da FPA, o presidente Pedro Lupion e a senadora Tereza Cristina.