ALIMEN T AN D O O B R A SILEIRO

Sistema Faeg Senar e Agrodefesa adotam estratégias para ampliar mercado da fruticultura
Laranja pera

22 de agosto 2019
Por Senar

Por: Sistema Faeg/Senar

Criada em meio às atividades rurais, Heloisa Nascimento escolheu o curso de engenharia agronômica, oferecida pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), como forma de dar continuidade ao trabalho desenvolvido pela família no agronegócio goiano. “Nasci vendo o meu pai envolvido com a lida diária do campo. Então, não foi difícil gostar da agricultura”, comenta Heloisa Nascimento, que atualmente utiliza de todo o conhecimento que possui, como agrônoma e empresária, para administrar o cultivo de laranja, da variedade Pêra Rio, na Fazenda São Bento, em Palmeiras de Goiás.

A produtora rural conta que busca vencer todos os desafios diários que surgem no pomar com o objetivo de garantir recordes de produtividade e a qualidade dos frutos. “Eficiência e economia são os principais elementos para conseguir boa safra no pomar, que sofre, principalmente, com a falta de mão de obra especializada e com o surgimento de pragas e doenças”, destaca Heloisa, que já teve problemas com a incidência de pragas, como o ácaro da falsa ferrugem, pulgões e cochonilhas. “Na região, essas pragas são as principais preocupações dos produtores”, completa.

Para resolver o problema de sanidade vegetal em sua propriedade, a agrônoma recebe visitas de técnicos da Faeg, Senar e Agrodefesa, além de participar de seminários, palestras e dias de campo. “O citricultor conta com políticas de auxílio como a promoção de eventos e assistência técnica especializada e investimento em tecnologias para o manejo adequado por meio de inspeções regulares com a finalidade de evitar problemas e pragas”, informa.

As visitas de técnicos e orientações devem se intensificar na propriedade de Heloisa a partir de agosto, já vez que a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) se reuniu com o Sistema Faeg Senar com o objetivo de alinhar a parceria para o desenvolvimento de estratégias e ações para prevenção de pragas nas lavouras de fruticultura do estado de Goiás. “No encontro foram transmitidas orientações técnicas e os atos normativas estaduais e federais em prol da sanidade vegetal e produtividade do homem do campo”, completa a gerente de Sanidade Vegetal da Agrodefesa, Daniela Rézio.

De acordo com ela, foram identificadas pragas classificadas como quarentenárias nas culturas de banana, uva, tomate e citros em alguns municípios de Goiás. Essas pragas são enfermidades que atingem com frequência o plantio e ameaçam à produtividade e economia agrícola, mesmo com o controle sendo realizado pelo homem do campo. Conforme os últimos dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil possui mais de 60 pragas quarentenárias presentes no plantio de diversas culturas do setor agro. Todos os anos, o Mapa atualiza a lista de pragas quarentenárias para manter a sanidade vegetal do País, principalmente, nas regiões de fronteira e comércio exterior.

Orientação

Diante da identificação de pragas no setor da fruticultura em Goiás, o Sistema Faeg Senar pretende desenvolver diversas ações com a finalidade de orientar fruticultores. “As frutas são imprescindíveis para a população. Logo o Sistema Faeg Senar não pode deixar de garantir a qualificação do setor. Vamos levar até o homem do campo informações sobre produção, manejo e comercialização na área da fruticultura”, garante o superintende do Senar Goiás, Dirceu Borges.

A primeira ação está programada para ser desenvolvida a partir de agosto. O Sistema Faeg Senar buscará intensificar a atenção nas propriedades do pequeno, médio e grande porte. “Já realizamos visitas nas fazendas de fruticultores. No entanto, elas serão intensificadas com orientações atualizadas que estão de acordo com as normas estaduais e federais para o combate e prevenção de pragas”, garante o coordenador técnico do Senar Goiás, Douglas Vila Verde.

Além de visitas técnicas, o Senar Goiás estuda a realização do Curso de Certificação Fitossanitária de Origem (CFO) com o intuito de capacitar profissionais do agro para o manejo e prevenção fitossanitária vegetal de pragas em culturas como banana, uva, tomate e citros. “Esta é uma demanda do setor em Goiás. Por isso, estamos estudando o local e o período em que será oferecido o curso. Inicialmente, pretendemos abrir a turma de CFO até o fim do ano”, explica a coordenadora do Senar Goiás, Samantha Andrade.

Em 2019, de janeiro a junho, o Senar Goiás já realizou quase 40 treinamentos de fruticultura, conseguindo alcançar mais de 420 produtores no Estado. Já com a assistência técnica gerencial, o Senar Goiás atendeu 170 fruticultores goianos. “O Sistema Faeg Senar é a instituição mais próxima do produtor rural. Sabemos da necessidade de conhecimento e qualificação profissional”, comenta o superintende do Senar Goiás, Dirceu Borges.

Para a produtora de laranja no interior do estado de Goiás, a qualificação profissional é uma necessidade da citricultura. “O setor da citricultura possui dificuldade em encontrar mão de obra qualificada e o curso de CFO promovido pelo Sistema Faeg Senar será bem-vindo”, comenta Heloisa Nascimento.

O produtor Sebastião Ferreira trocou o café e as hortaliças pela cultura da banana por conta da demanda que surgiu em sua propriedade. “Além de ter identificado uma oportunidade de negócio, o bananal não exige o manejo constante como em outras culturas”, justifica o produtor rural, que abastece supermercados e frutarias da Capital. Conhecido na região de sua propriedade como Sebastião Branco, o agricultor realiza o cultivo da banana na Fazenda Mata Azul, localizado no município de Ouro Verde. Ele conta que fica atento e ainda não encontrou focos de pragas no bananal. “Estou satisfeito com o bananal. A economia no manejo faz com que a cultura seja rentável ao produtor. Atualmente, o gasto é apenas com produtos para combater pragas e apenas para fazer prevenção”, completa.

O motivo para não encontrar incidência de pragas no bananal, de acordo com o produtor rural, é devido às visitas de profissionais especializados promovidos pelo Sistema Faeg Senar em sua propriedade. “Os técnicos estão próximos do agricultor, prestando assistência e compartilhando conhecimento”, afirma.

Valorização

O investimento em ações para prevenção de pragas na safra da fruticultura do estado de Goiás que está sendo desenvolvido pelo Sistema Faeg Senar e Agrodefesa surge em um momento de valorização do setor. A fruticultura será um dos maiores beneficiados com acordo de livre comércio entre o Mercosul e União Europeia, que foi assinado no mês de julho, em Bruxelas, após 20 anos de negociação. Conforme o documento, frutas como laranja, uva, banana e limão terão redução de impostos para chegar ao território europeu. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas) a redução da tarifa de exportação de frutas pode chegar a zero e tornar o setor mais competitivo no mercado.

O superintendente do Senar Goiás acredita que a fruticultura está crescendo no Brasil e no estado de Goiás por conta da cultura do consumo consciente da população. “É uma chance do mercado se desenvolver que precisa ser aproveitado. Então, esse é o momento de buscar conhecimento e informação para minimizar os custos econômicos da produção. Neste momento, o combate às pragas quarentenárias na fruticultura goiana é essencial para economia do homem do campo”, destaca.

Já para a superintendente de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Lígia Dutra, o momento requer que o homem do campo comece se adequar as exigências do mercado externo. “Essa é uma oportunidade que a fruticultura não pode perder. É hora de o produtor ir atrás de informação e qualificação, visto que o comércio internacional é exigente com as normas de sanidade vegetal”, explica.

Fruticultura em Goiás

Área plantada chega a 33 mil hectares

Produção de 480 mil toneladas

Três mil produtores

Banana possui área plantada de mais de 14 mil hectares

Citros com 7 mil hectares

Uva mais de 530 hectares

Fotos: Fredox Carvalho /Divulgação

Texto: Aryclennys Sousa, especial para a Revista Campo

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