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Artigo/Sueme Mori: Bodas de Ouro Brasil-China*

Por CNA 19 de abril 2024
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SUEME

2024 marca os 50 anos das relações diplomáticas entre Brasil e China. E motivos não faltam para que essas bodas de ouro sejam celebradas. De 1974 para cá, Brasil e China passaram por transformações profundas, tanto em termos sociais quanto econômicos. Neste período, o PIB da China cresceu de US$ 1,9 trilhão para US$ 18 trilhões, posicionando o gigante asiático como a segunda maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Há 50 anos, nem Brasil nem China eram atores relevantes no comércio internacional. A entrada da China na Organização Mundial do Comércio, em 2001, mudou esse cenário para os dois países.

Em 2004, ano em que a relação sino-brasileira comemorou 30 anos, o Brasil reconheceu a China como uma economia de mercado. Em 2009, a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil e, de lá pra cá, essa relação vem se intensificando ano a ano.

A ampliação surpreendente do comércio entre os dois países se deu nos mais diversos setores da economia, especialmente no agro. O aumento das exportações agropecuárias do Brasil, nos últimos anos, está diretamente ligado ao crescimento das compras chinesas.

Em 2004, as vendas externas de produtos agropecuários somaram US$ 39 bilhões. Em 2023, esse montante saltou para US$ 166,5 bilhões, um aumento de quase 330%. No mesmo período, as exportações agropecuárias para a China passaram de quase US$ 3 bilhões para US$ 60 bilhões, um crescimento de quase 2.000%.

Enquanto a participação chinesa nas vendas do agro cresceu de 8%, em 2004, para 36% em 2023, as exportações para a União Europeia caíram de 33% para 13% do total. A China se tornou o grande motor do aumento do comércio exterior agrícola brasileiro. Uma análise dos dados mostra que boa parte desse comércio está concentrado em alguns produtos. Soja em grãos, carne bovina in natura e celulose responderam por 80% das exportações agropecuárias para a China, em 2023.

Essa concentração não é exclusiva da relação com a China. O mesmo ocorre com outros parceiros comerciais. O desafio da diversificação está relacionado com a necessidade de maior abertura de mercados e de ampliação da base exportadora brasileira. Como a China é o principal destino, essa questão fica ainda mais evidente.

Do lado chinês, também existe a preocupação com a dependência no fornecimento de alimentos. A segurança alimentar é prioridade central para o governo chinês e entre as estratégias definidas para o seu alcance estão o aumento da produção interna e a diversificação das fontes de fornecimento, uma vez que a China não tem condições de ser autossuficiente e continuará dependendo da importação para garantir o abastecimento interno.

Atualmente, o Brasil é o principal fornecedor de alimentos para a China. Assim como a cada ano a China amplia sua importância para o agro brasileiro, o Brasil também vem aumentado sua participação nas importações chinesas de produtos agropecuários. Tanto China quanto Brasil buscam a diversificação, mas não em detrimento da relação bilateral. Pelo contrário, há muito espaço para crescer. Para além das trocas comerciais, Brasil e China podem cooperar em vários campos para o benefício dos dois países.

No comunicado assinado por Brasil e China em 1974 há a seguinte passagem: "Os dois governos concordam em desenvolver as relações amistosas entre os dois países com base nos princípios de respeito recíproco à soberania e à integridade territorial, não agressão, não intervenção nos assuntos internos de um dos países por parte do outro, igualdade e vantagens mútuas e coexistência pacífica".

Que essas continuem sendo as bases da relação desses dois gigantes para que as vantagens mútuas sejam ainda maiores, tanto para a sociedade chinesa quanto para a brasileira.

Sueme Mori é diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)

*Artigo publicado originalmente na Broadcast

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