Logo CNA

Publicações

Boletim
24 de abril de 2019
PIB do agronegócio inicia 2019 com leve queda
banner.png

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), iniciou 2019 com leve recuo de 0,15% em janeiro.

Entre os segmentos, apenas o de insumos apresentou alta no mês (0,86%), mantendo a tendência de crescimento já observada em 2018. Já os demais, registraram quedas: 0,11% para o primário, 0,18% para a agroindústria e 0,28% para os agrosserviços. Importante destacar que tais resultados não contemplam dados relativos a volume de produção de atividades importantes para o agronegócio, como o setor sucroenergético e diversas atividades pecuárias, que estavam indisponíveis até o fechamento deste relatório[1] (Tabela 1).

Tabela 1. PIB do Agronegócio: Taxas de variação mensal (%) 

[1] Nestes casos, foram consideradas apenas variações de preços para faturamento destas atividades. Estes dados serão atualizados conforme a disponibilidade de informações ao longo do ano.

Entre os ramos, o agrícola apresentou estabilidade em janeiro, com ligeiro crescimento de 0,01%. Já o ramo pecuário, recuou 0,60% no mês (Tabelas 2 e 3). Com relação aos segmentos em cada ramo, no agrícola, o de insumos cresceu (0,91%), o de agrosserviços manteve-se praticamente estável (0,03%) e o primário e o agroindustrial recuaram levemente (-0,12% e -0,06%, respectivamente) – Tabela 2.

Tabela 2. Ramo Agrícola: Taxas de variação mensal (%)

Para o ramo pecuário, os resultados de janeiro para os segmentos foram os seguintes: 0,75% para insumos (único segmento a apresentar crescimento no ramo), -0,06% para o primário, -0,73% para a agroindústria e -1,11% para os agrosserviços. Reforça-se, novamente, que diversos dados de volume para o ramo pecuário não foram contabilizados na análise, por ainda não estarem disponíveis.

Tabela 3. Ramo Pecuário: Taxas de variação mensal (%)

SEGMENTO DE INSUMOS: No início de 2019, segmento de insumos mantém crescimento

O segmento de insumos do agronegócio apresentou alta de 0,86% em janeiro de 2019, com crescimento tanto para os insumos agrícolas (0,91%) quanto pecuários (0,75%) – Tabelas 1 a 3.  Conforme se observa na Figura 1, os insumos agrícolas foram impulsionados pelas indústrias de fertilizantes e de defensivos. Para os insumos pecuários, os maiores preços para rações levaram ao resultado.

Figura 1. Insumos: variação (%) anual de volume e do faturamento – 2019/2018 com preços e informações de janeiro/19

Na indústria de fertilizantes, informações de volume ainda não estavam disponíveis até o fechamento desse relatório, e o aumento previsto do faturamento atrela-se aos maiores preços do produto. Na comparação entre janeiro de 2019 e janeiro de 2018, houve aumento de 19,5%.

No caso da indústria de defensivos, a projeção de aumento do faturamento foi impulsionada pela maior produção esperada (34,2%), apesar da redução de 12,42% dos preços na comparação entre janeiro de 2019 e de 2018. A valorização do Real frente ao dólar em janeiro reduziu as despesas com defensivos agrícolas.

Já para a indústria de máquinas agrícolas, a redução esperada no faturamento decorre da menor produção prevista (-14%), já que os preços apresentaram certo aumento em janeiro/19 (em relação a janeiro/18). Ressalta-se, no entanto, que a queda esperada em volume também reflete o elevado patamar de produção alcançado em 2018. Segundo informações da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), o resultado da produção de máquinas agrícolas em 2018 foi o melhor em quatro anos.

Para a indústria de rações, o aumento esperado no faturamento reflete o aumento dos preços (15,7%), apesar da redução de 2,4% da produção esperada para o ano. Segundo o Sindirações (Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal), o setor de alimentação animal tem sido impactado pelas restrições à importação do frango brasileiro.  

SEGMENTO PRIMÁRIO: preços agropecuários, em geral, iniciam 2019 em alta

O PIB do segmento primário do agronegócio apresentou baixa de 0,11% em janeiro, com queda de 0,12% no ramo agrícola e de 0,06% no pecuário (Tabelas 1, 2 e 3).

Para 2019, espera-se alta de 1,57% no faturamento médio das atividades do segmento primário agrícola, considerando projeções de produção para o ano e preços de janeiro de 2019 comparados com preços correspondentes ao mesmo mês do ano anterior. Com relação à produção, em 2019 espera-se relativa estabilidade, com leve baixa de 0,05% na média ponderada das atividades acompanhadas (importante reforçar que este dado ainda não contempla projeção de volume de produção de cana-de-açúcar em 2019). Já para preços, na comparação entre janeiro de 2019 e de 2018, houve crescimento médio de 1,63%. No entanto, a renda do segmento neste início de ano seguiu pressionada pela alta dos custos de produção, seguindo a tendência observada ao longo de 2018.

No segmento primário da pecuária, para 2019, espera-se crescimento de 3,2% no faturamento, resultado de aumento em mesma magnitude dos preços médios ponderados das atividades acompanhadas (já que informações sobre produção ainda não foram contabilizadas no cálculo).

As Figuras 2 e 3 e a Tabela 4, apresentadas a seguir, detalham os resultados específicos do segmento por atividades agrícolas e pecuárias. Entre as culturas do segmento primário agrícola acompanhadas pelo Cepea, projeta-se crescimento no faturamento em 2019 para algodão, batata, cacau, feijão, laranja, milho, trigo, uva e lenha/carvão. Já as culturas para as quais observa-se queda no faturamento são arroz, banana, café, fumo, mandioca, soja, tomate, madeira em tora e madeira para celulose – Figura 2 e Tabela 4.

Entre as culturas com perspectivas de crescimento de faturamento em 2019, destaca-se o feijão, cuja elevação anual esperada do faturamento reflete principalmente a forte elevação de preços na comparação entre janeiro de 2019 e janeiro de 2018 (93,18%). Para a produção, prevê-se queda de 1,32% no ano.  De acordo com o Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), os altos patamares de preços do feijão se devem, principalmente, à redução de área plantada, uma vez que, após dois anos de prejuízos causados por excesso de oferta, muitos produtores migraram para outras culturas e atividades. O Ibrafe também atribui a elevação de preços à estiagem ocorrida entre novembro e janeiro, que atingiu lavouras em regiões produtoras do Sul e Sudeste, provocando queda da produtividade.

Para a batata, a elevação esperada do faturamento também decorre de preços significativamente maiores na comparação entre janeiro de 2019 e de 2018 (52,51%); enquanto para a produção espera-se queda de 6,86% no ano. Segundo a equipe Hortifruti/Cepea, a redução na área cultivada da safra das águas 2018/2019, juntamente com o clima desfavorável ao cultivo do tubérculo, levaram ao cenário para os preços no primeiro mês de 2019. Todavia, a equipe destaca que as valorizações foram limitadas pelo fato de que a qualidade estava abaixo do ideal em algumas regiões, principalmente de Minas Gerais.

No caso do algodão, a expectativa de expansão de 28,39% na produção anual e a alta de 2,39% em preços (na comparação entre janeiro de 2019 e de 2018) impulsionaram a projeção de faturamento anual. A Conab destaca a expectativa de nova produção recorde para a cultura, impulsionada pelo aumento da área semeada, mesmo com queda de produtividade prevista. Já com relação a preços, a equipe Algodão/Cepea indica neste início de ano um cenário positivo para o fechamento de contratos futuros, com tendência altista. Porém, a equipe também destaca a preocupação do mercado com o crescimento do excedente interno de produção, que poderá exercer pressão sobre os preços, a depender do desempenho das exportações no ano.

Figura 2. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2019/2018 com informações de janeiro/2019

Para o milho, a elevação prevista do faturamento ocorre via alta de preços, de 9,74% em janeiro 2019 (comparado ao mesmo mês de 2018), e projeção de aumento de 14,99% na produção para o ano. De acordo com a equipe Grãos/Cepea, em 2019 espera-se aumento da oferta do grão no Brasil e no mundo. No Brasil, os bons preços do cereal no final de 2018 e o rápido semeio da soja na primeira safra (que deverá favorecer o cultivo da segunda safra de milho) influenciaram essa expectativa. Segundo a equipe, embora o possível aumento do excedente interno deva pressionar as cotações, em termos mundiais, espera-se demanda superior à oferta, o que deve impulsionar os preços internacionais.

Tabela 4. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2019/2018 com informações de janeiro/2019

Entre as culturas para as quais projeta-se redução do faturamento anual, destaca-se o tomate, cujo resultado negativo reflete a queda dos preços na comparação entre janeiro/19 e janeiro/18 (-32,72%), frente à maior produção esperada para o ano (5,68%). De acordo com a equipe HortiFruti/Cepea, os fatores que contribuíram para a expressiva queda nas cotações do fruto foram o aumento da produção e a rápida maturação do tomate em algumas localidades. Também foi verificado alto índice de mancha nos frutos em algumas regiões produtoras, causado pelo excesso de chuvas.

 No caso do café, os preços 11,22% menores na comparação entre os meses (janeiro/2019 frente a janeiro/2018) e a expectativa de diminuição em 14,88% na produção do ano pressionaram a projeção de faturamento anual. De acordo com a Conab, a queda da produção estimada reflete as projeções para o café arábica, que representa mais de 70% da produção do País e estará nessa safra em um ciclo de bienalidade negativa na maior parte das regiões produtoras. Para o café Conilon, a Companhia indica que a produção deverá aumentar, um reflexo de possíveis ganhos de produtividade no Espírito Santo e em Rondônia. Por sua vez, as boas expectativas para esses estados refletem a maior tecnificação da produção, os melhores materiais genéticos, assim como as boas condições climáticas.  

Para a soja, a modesta redução esperada no faturamento para o ano é reflexo da queda na expectativa de produção (-4,88%), enquanto os preços cresceram 2,96% na comparação entre os primeiros meses de 2019 e de 2018. Para a equipe Grãos/Cepea, a disputa comercial entre Estados Unidades e China ainda pode ser um fator determinante para o bom preço da soja nacional no mercado externo ao longo de 2019, como ocorrido em 2018. A equipe também aponta que, apesar do bom patamar de preços, os produtores estão receosos em relação ao clima, que pode prejudicar o desenvolvimento da oleaginosa. Segundo a Conab, apesar do leve incremento de área, a soja vem apresentando uma menor produtividade em relação à safra anterior, o que explica a menor produção esperada.

Para o segmento primário da pecuária, apresenta-se a Figura 3. Nota-se que as variações de faturamento estão baseadas apenas na variação de preço, dada a indisponibilidade de dados de produção da atividade primária pecuária até o fechamento deste relatório. Assim que as referidas informações de volume forem disponibilizadas, os cálculos serão atualizados.

Figura 3. Pecuária: Variação anual dos preços e do faturamento 2019/2018 com informações de janeiro/2019

Na atividade leiteira, registrou-se alta de 22,16% nas cotações reais na comparação entre janeiro de 2019 e janeiro de 2018. Segundo a equipe Leite/Cepea, em termos reais, trata-se da maior média mensal para um mês de janeiro desde 2004 (quando a série de preços do Cepea foi iniciada). A equipe apontou que esse movimento no campo refletiu a oferta limitada e o aumento da competição entre empresas para assegurar matéria-prima.

Na bovinocultura de corte, verificou-se apenas leve aumento de 0,14% nos preços reais de janeiro/18, com relação ao mesmo mês do ano anterior. De acordo com a equipe Boi/Cepea, após o recorde nas exportações em 2018, a atividade continua em bom momento no mercado externo, e ainda se espera recuperação da demanda doméstica. Do lado da oferta, o maior abate de fêmeas no ano anterior limitará o rebanho atual, restringindo a disponibilidade e possivelmente exercendo pressão altista nos preços.

Para a suinocultura, registrou-se baixa de 1,67% nas cotações reais na comparação entre janeiro de 2019 e janeiro de 2018.  Essa queda ocorreu, principalmente, pela desaceleração da indústria e em função da fraca demanda doméstica pela carne suína, segundo a equipe Suínos/Cepea. 

Em relação à avicultura de corte, houve aumento de 2,69% nos preços, na comparação entre janeiro de 2019 e janeiro de 2018. Segundo a equipe Aves/Cepea, as perspectivas para o setor em 2019 são positivas. A melhora deverá advir principalmente da maior oferta de grãos que servem de insumo para a atividade (milho e soja), como também do maior escoamento da carne para os mercados interno e externo. Para a avicultura de postura, verificou-se redução de 13,81% nos preços. Segundo a equipe Ovos/Cepea, a menor demanda doméstica enfraqueceu o mercado de ovos no mês de janeiro.

SEGMENTO INDUSTRIAL: produção agroindustrial reduz no início de 2019

O segmento agroindustrial registrou baixa de 0,18% em janeiro de 2019, com redução de 0,06% para a indústria de base agrícola e de 0,73% para a de base pecuária (Tabelas 1, 2 e 3).

Na indústria de base agrícola, espera-se redução de 2,01% no faturamento anual, resultado de queda de 4,55% na produção média ponderada do segmento e de aumento de 2,66% nos preços. No caso da indústria de base pecuária, a renda do segmento deve ser pressionada pelo aumento dos custos de produção; mas, para o faturamento, se espera elevação de 4,3%, resultado de maiores preços (3,14%) e produção (1,13%).

No acompanhamento feito pelo Cepea para a evolução do PIB, as indústrias de base agrícola que apresentaram projeção de crescimento do faturamento foram: móveis de madeira, celulose e papel e outros produtos alimentares. As demais indústrias registram perspectivas de redução: produtos de madeira, biocombustíveis (etanol), têxtil e vestuários, café, conservas de frutas e legumes, fumo, açúcar, óleos vegetais e bebidas (Figura 4). Novamente, ressalta-se que as informações sobre volume de produção para as indústrias de etanol e açúcar não foram contabilizadas, de modo que esses resultados refletem apenas as variações de preço.

Figura 4. Agroindústrias de base agrícola: variação anual do volume, preços reais e faturamento das indústrias agrícolas acompanhadas

Para a indústria de celulose e papel, a evolução positiva no faturamento esperado para 2019 reflete os maiores preços – houve aumento de 14,7% na comparação entre janeiro de 2019 e de 2018. Já para a produção, espera-se redução de 6,8% no ano. Agentes do setor apontam que o cenário em termos de preços pode ser positivo no ano, frente à possível melhora na demanda doméstica (respondendo à recuperação da economia) e a ainda fortalecida demanda externa.

Na indústria sucroalcooleira, os preços de janeiro de 2019 seguiram em baixa para o etanol (-14,96%) e para o açúcar (-1,48%), em comparação com janeiro de 2018. Segundo a equipe Etanol/Cepea, caso os seguintes prognósticos se sustentem, poderá ocorrer um aumento do preço do etanol nos próximos meses: aumento de demanda de combustíveis, poucas alterações na moagem e na quantidade total de ATR na 2019/20 frente à anterior e elevação da proporção de cana destinada à produção de açúcar.

Quanto ao preço do açúcar, vale ressaltar que 2018 encerrou-se com queda de quase 18% nas cotações do produto (frente a 2017). E, segundo a equipe Açúcar/Cepea, o mercado tem apontado para uma perspectiva de recuperação, mas pouco acentuada, dos preços internacionais do produto em 2019, mesmo com os sinais de redução do superávit global.

No caso das indústrias têxtil e vestuarista, a evolução negativa no faturamento esperado reflete reduções na produção (-5,5% e -2,3%, respectivamente), frente a algum aumento nos preços. Depois de recuar em 2018, novamente, no início de 2019, as perspectivas são de produção em baixa para essas indústrias. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) demonstra preocupação com o comércio exterior, que no início de 2019 tem sido marcado por aumento das importações e redução das exportações do setor. A Associação ressalta a necessidade de recuperação da competitividade da indústria brasileira.

Com relação às indústrias pecuárias, os resultados são apresentados na Tabela 5. As expectativas são de redução de faturamento apenas para a indústria de couro e calçados de couro, com elevações esperadas para a indústria do abate (lembrando que informações de volume de produção ainda não foram contabilizadas) e do leite.

Na indústria do abate, o aumento esperado do faturamento reflete a alta em mesma magnitude nas cotações, de 4,46% na comparação entre janeiro de 2019 e de 2018. Os preços médios da indústria foram impulsionados sobretudo pela carne de frango. Segundo a equipe Aves/Cepea, o setor aguarda um aquecimento da demanda para 2019, respondendo a melhoras macroeconômicas no País, ao fato de a carne de frango ser mais barata que as carnes substitutas, e a possível ampliação das vendas para o mercado externo. Para a indústria de produtos lácteos, a alta esperada no faturamento reflete a expectativa de maior produção (5,8%) e os maiores preços (1,32%).

Tabela 5. Agroindústrias de base pecuária: variação anual do volume, preços reais e faturamento das indústrias pecuárias acompanhadas

SEGMENTO DE SERVIÇOS: serviços pecuários pressionam o segmento no início de 2019

Como observado na Tabela 1, o PIB dos agrosserviços apresentou queda de 0,28% em janeiro de 2019, com baixa de 1,11% no ramo pecuário e relativa estabilidade no agrícola, em que houve modesta elevação de 0,03%.

No caso do ramo pecuário, esse resultado reflete principalmente um efeito preço, com o estreitamento das margens ao longo das cadeias mediante elevação dos custos de produção no segmento primário (alta nas rações e no milho) e industrial (alta nos custos industriais gerais). No caso dos serviços agrícolas, o resultado do segmento foi pressionado principalmente pelo menor volume de produção esperado no elo industrial, com quedas de produção estimadas para industrias importantes em termos de volume transportado e comercializado, como produtos de madeira, celulose e papel, têxteis e vestuário e óleos e gorduras vegetais, além de outros produtos alimentares gerais.

CONCLUSÕES

O PIB do Agronegócio brasileiro apresentou modesta queda de 0,15% em janeiro de 2019, refletindo o recuou de 0,6% no ramo pecuário e a estabilidade (0,01%) observada no ramo agrícola.  Entre os segmentos do agronegócio, apenas o de insumos cresceu em janeiro (0,86%), mantendo a tendência de alta verificada em 2018.  Já os demais os segmentos registraram quedas: primário (-0,11%), agroindústria (-0,18%) e agrosserviços (-0,28%).

O segmento de insumos agrícolas foi impulsionado pelas indústrias de fertilizantes e de defensivos. No primeiro caso, os maiores preços em janeiro de 2019 favoreceram a expectativa de faturamento para o ano, e no segundo, a maior produção esperada levou ao resultado estimado. No caso dos insumos pecuários, o aumento do PIB em janeiro refletiu principalmente o comportamento da indústria de rações, favorecida pela elevação de preços. Apesar do aumento de preços, o faturamento esperado para essa indústria segue pressionado pela menor produção esperada, refletindo, entre outros fatores, as restrições à importação do frango brasileiro. 

Quanto ao segmento primário, as reduções do PIB apontadas refletem o aumento esperado dos custos de produção, tanto no ramo agrícola quanto no pecuário. Esse resultado, por sua vez, reflete o aumento nos preços do diesel, uma possível ampliação do uso de fertilizantes e defensivos na agricultura e os maiores preços da ração e do milho na pecuária. Por outro lado, em termos de faturamento, espera-se crescimento em 2019 para a agricultura e para a pecuária, em ambos os casos, resultado de melhores preços (na comparação entre janeiro de 2019 e de 2018). Entre os produtos agropecuários, destacaram-se com maiores preços em janeiro de 2019: algodão, arroz, batata, cacau, feijão, laranja, milho, soja, trigo, uva, boi gordo, frango e leite.

No caso da agroindústria de base agrícola, a menor produção esperada para o ano pressionou os resultados de janeiro/19, influenciando também nos resultados do segmento de serviços. Por fim, na indústria de base pecuária, a renda do segmento esperada para o ano tem sido pressionada pelo aumento previsto dos custos de produção, embora os preços dos produtos pecuários industriais tenham, em média, se elevado em janeiro desse ano (em comparação com o mesmo mês do ano passado).

ANEXO I – Evolução mensal do PIB DO AGRONEGÓCIO

A1) PIB do Agronegócio: Taxas de variação mensal e acumulado do período (em %)

A2) PIB do Agronegócio: Participações dos segmentos (em %)

A3) PIB DO AGRONEGÓCIO - METODOLOGIA

O Relatório PIB do Agronegócio Brasileiro é uma publicação mensal resultante da parceria entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O agronegócio é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica (ou primária), agroindústria (processamento) e agrosserviços – como na Figura que segue. A análise desse conjunto de segmentos é feita para o ramo agrícola (vegetal) e para o pecuário (animal). Ao serem somados, com as devidas ponderações, obtém-se a análise do agronegócio.

Pelo critério metodológico do Cepea/Esalq-USP, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor Adicionado (VA) total deste setor na economia. Ademais, avalia-se o VA a preços de mercado (consideram-se os impostos indiretos menos subsídios relacionados aos produtos). O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo por todas as demais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. A renda, por sua vez, se destina à remuneração dos fatores de produção (terra, capital e trabalho).

Após estimado o valor do PIB do agronegócio no ano-base, que desde janeiro/17 refere-se ao ano de 2010, parte-se para evolução deste valor de modo a se gerar uma série histórica, por meio de um amplo conjunto de indicadores de preços e produção de instituições de pesquisa e governamentais. Seja para a estimação anual do valor do PIB, ou para as reestimativas mensais das previsões anuais, consideram-se informações a respeito da evolução do Valor Bruto da Produção (VBP) e do Consumo Intermediário (CI) dos segmentos do agronegócio. Pela evolução conjunta do VBP e do CI, estima-se o crescimento do valor adicionado pelo setor. 

Com base nos procedimentos mencionados e processos adicionais realizados pelo Cepea, os cálculos do PIB do agronegócio resultam em dois indicadores principais, que retratam o comportamento do setor por diferentes óticas:

•      PIB-renda Agronegócio (equivale ao PIB divulgado anteriormente pelo Cepea): reflete a renda real do setor, sendo consideradas no cálculo variações de volume e de preços reais, sendo estes deflacionados pelo deflator implícito do PIB nacional.

•             PIB-volume Agronegócio: PIB do agronegócio pelo critério de preços constantes. Resulta daí a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.

Mensalmente, o foco de análise principal é o PIB-renda Agronegócio, que reflete a renda real do setor. Por conveniência textual, o PIB-renda do agronegócio é denominado apenas como PIB do Agronegócio ao longo deste relatório. Destaca-se que as taxas calculadas para cada período consideram igual período do ano anterior como base, exceto para as quantidades referentes às safras agrícolas, para as quais computa-se a previsão de safra para o ano (frente ao ano anterior).

Importante também destacar que cada relatório considera os dados disponíveis – preços observados e estimativas anuais de produção – até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, há a possibilidade, portanto, de ocorrer alteração dos resultados, tanto no que se refere ao mês corrente, como também ao que se refere a meses e anos passados. Recomenda-se, portanto, sempre o uso do relatório mais atualizado. Para uma análise mais detalhada dos aspectos metodológicos, bem como dos resultados dos demais indicadores (PIB volume, Consumo Intermediário, etc.) ver http://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx

Áreas de atuação