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Confinamento: análise financeira do primeiro giro e perspectivas para o segundo

Por CNA 14 de agosto 2025
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PECUARIA DE CORTE ATIVOS
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A cada ano, observa-se um crescimento no número de bovinos confinados no país. Esse avanço está relacionado à intensificação dos sistemas produtivos, estratégia cada vez mais adotada na pecuária de corte, que tem buscado otimizar o uso da área, acelerar os ciclos e, assim, aumentar a eficiência.

Nesse cenário, o presente estudo tem como objetivo avaliar os resultados obtidos nos primeiros giros de confinamento de 2025, considerando a entrada de animais entre janeiro e abril e os abates concentrados entre abril e julho, além de projetar possíveis resultados para o segundo giro, com abates previstos para o período entre agosto e novembro, em um confinamento localizado no estado de São Paulo.

Metodologia

Foi utilizado como base para as estimativas, os índices zootécnicos da propriedade típica de confinamento do município de São José do Rio Preto/SP amostrada pelo Projeto Campo Futuro, iniciativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil em parceria com o CEPEA-ESALQ/USP. O sistema em questão trabalha com machos inteiros confinados por 105 dias, apresentando ganho de peso médio diário de 1,6 kg. A comercialização dos animais foi feita ao atingirem 543 kg de peso vivo, com rendimento de carcaça de 53%.

Para a avaliação financeira da propriedade, foram considerados os valores de compra do

boi magro acompanhados pelo Cepea, assim como os preços do mercado físico para a venda do boi gordo. Já para os comparativos de mercado futuro e as projeções de segundo giro de confinamento, foram utilizados os valores médios dos contratos futuros da B3, referentes ao mês de entrada dos animais no confinamento, para o mês de entrega. Quanto aos custos de produção, foram considerados os custos base de operação e de dieta dos animais, da propriedade típica de São José do Rio Preto/SP no início do ano. Para os custos de operação, foram aplicadas as variações mensais acompanhadas pelo Cepea. Já para os custos com nutrição, foram incorporadas à análise as variações de preço da dieta, coletadas pelo Censo de Confinamento da DSM-firmenich em 2025. Para fins de análise, na projeção do segundo giro de confinamento, com entradas previstas para julho e agosto, foram utilizados como base os preços pagos pelo boi magro os valores pagos em julho de 2025, e de dieta para junho de 2025.

Custos de produção e Resultados

Quando avaliado o primeiro giro de confinamento, observou-se que as maiores altas nos custos de produção ocorreram nos meses de março e abril, impulsionadas, sobretudo, pelos custos com dieta, que atingiram pico em março (Gráfico 1).

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Gráfico 1: Distribuição de custos de produção por animal em confinamento (R$/cabeça)
Fonte: Projeto Campo Futuro - Sistema CNA/Senar.
Elaboração: Cepea - ESALQ/USP, Sistema CNA/Senar, DSM-firmenich (2025).

Quando avaliada a projeção do segundo giro de confinamento, observa-se uma tendência de queda nos preços da dieta dos animais, assim como nos valores da reposição, que também recuaram (Gráfico 1).

Para a comercialização desses animais, os dois primeiros meses de saída do segundo giro (agosto e setembro) já apresentam sinais de preços mais atrativos ao produtor no mercado futuro (B3), com valorizações mais expressivas em outubro e novembro.

Dessa forma, diante da melhora no preço de venda e da queda nos custos de produção, projeta-se que, no segundo giro de confinamento de 2025, o produtor obtenha margens mais atrativas em relação aos primeiros quatro meses do ano (Gráfico 2).

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Gráfico 2: Simulação de resultados financeiros para primeiro e segundo giro de confinamento, considerando margem por animal no mercado físico e no futuro.
Fonte: B3 (2025) e Projeto Campo Futuro - Sistema CNA/Senar.
Elaboração: Cepea - ESALQ/USP, Sistema CNA/Senar.

Para o resultado de julho/25, pecuaristas que travaram seu valor de venda no mês inicial do confinamento, em abril, garantiram margens positivas em seu sistema, ao passo que produtores que optaram por operar no físico tiveram seus resultados negativos, ressaltando a importância da utilização consciente de ferramentas de negociação de preço de venda.

Nesse cenário, observa-se que produtores que aproveitaram a expectativa de bons preços da arroba e já travaram seus valores de venda no início de seu segundo giro já apresentam expectativa de boa lucratividade de sua operação, garantindo resultados de até 2,89% ao mês para um Custo Operacional Total (COT) de R$ 306/@ vendida, em novembro/25 (Gráfico 2).

Em um cenário em que pecuaristas buscam maior previsibilidade sobre seus ganhos e, portanto, sobre a receita, foram simuladas diferentes metas de lucratividade mensal (1%, 1,5% e 2,0%), com base nos custos de produção avaliados entre janeiro e julho/25. O objetivo foi estimar quais seriam os valores de venda da arroba necessários em cada mês para que o produtor conseguisse atingir os respectivos níveis de lucratividade. Vale ressaltar que para a entrada dos animais no confinamento em agosto/25, considerou-se estabilidade nos custos em relação ao mês anterior (Gráfico 3).

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Gráfico 3: Simulação de resultados para primeiro e segundo giro de confinamento, considerando mercado físico e projeção no mercado futuro.
Fonte: B3 (2025) e Projeto Campo Futuro - Sistema CNA/Senar (custos de produção).
Elaboração: Cepea - ESALQ/USP, Sistema CNA/Senar

Considerações finais

O primeiro semestre de 2025 foi marcado pela grande participação de fêmeas no abate nacional, rompendo com as projeções iniciais.

Nesse contexto, a oferta elevada de animais pressionou para baixo os preços da arroba no mercado físico, o que afetou a lucratividade do primeiro giro de confinamento, sobretudo em propriedades que optaram em operar apenas no mercado físico.

Já para o segundo giro, baseando-se no mercado futuro com expectativa de alta na arroba do boi gordo, as projeções apontam para melhoria das margens do confinamento. Entretanto, destaca-se que movimentos do mercado internacional e incertezas podem afetar os preços praticados no mercado físico nos próximos meses.

Por fim, os resultados evidenciam que sistemas intensivos de produção são altamente sensíveis às variações do mercado, o que reforça a importância de uma gestão eficiente da atividade. A adoção de ferramentas de gestão de risco de preços torna-se essencial para ampliar a previsibilidade das margens e garantir maior segurança econômica ao produtor, especialmente em períodos de menor oportunidade ou alta volatilidade. Planejar e proteger a rentabilidade deixa de ser uma opção e passa a ser uma necessidade para a sustentabilidade do sistema.

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