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PIB do Agronegócio tem alta em março, mas acumula queda no 1º trimestre de 2019
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apresentou alta de 0,10% em março. No entanto, para o acumulado do ano (janeiro a março), o desempenho segue negativo, em 0,11%.
Entre os segmentos, insumos (0,83%), agroindústria (0,16%) e agrosserviços (0,12%) registraram elevações em março, com recuo apenas no segmento primário (-0,17%). Já no acumulado, entre janeiro e março de 2019, insumo (3,45%) e agroindústria (0,05%) cresceram, enquanto os segmentos primário e de agrosserviços registraram respectivamente baixas, de 0,77% e 0,29%. (Tabela 1)
Tabela 1. PIB do Agronegócio: Taxa de variação mensal e acumulada no período (%)
Entre os ramos, o agrícola apresentou leve queda de 0,05% em março, influenciado principalmente pela baixa no segmento primário (-0,86%), apesar da alta observada nos demais: 1,04% no segmento de insumos, 0,17% na agroindústria e 0,09% nos agrosserviços. No acumulado do 1º trimestre de 2019, apenas o segmento primário acumula recuo, de 2,18% (Tabela 2).
Tabela 2. Ramo Agrícola: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)
Com relação ao ramo pecuário, registrou-se alta de 0,52% em março, com elevação verificada em todos os segmentos no mês (Tabela 3). No acumulado do ano (janeiro a março), verificam-se baixas na agroindústria (-0,81%) e agrosserviços (-1,34%) e crescimento de 2,14% nos insumos e de 2,29% no primário.
Tabela 3. Ramo Pecuário: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)
SEGMENTO DE INSUMOS: Crescimento se mantém forte em março, impulsionado pelo ramo agrícola
O segmento de insumos do agronegócio apresentou alta de 0,83% em março, acumulando crescimento de 3,45% no primeiro trimestre de 2019. Verificam-se desempenhos positivos tanto para os insumos agrícolas (de 1,04% em março e de 4,05% no acumulado) como para os pecuários (de 0,34% no mês e de 2,14% no acumulado) (Tabelas 1 a 3).
Conforme se observa na Figura 1, os insumos agrícolas foram impulsionados pelas indústrias de fertilizantes, com alta expressiva de preços, e de defensivos, com elevação significativa em quantidade. Já para os insumos pecuários, os maiores preços para rações foram o destaque no primeiro trimestre.
Figura 1. Insumos: variação (%) anual de volume, dos preços e do faturamento – 2019/2018 com informações até março/2019
Na indústria de fertilizantes, o aumento previsto do faturamento atrela-se principalmente aos maiores preços do produto – na comparação entre o primeiro trimestre de 2019 e o mesmo período de 2018, o crescimento é de 20,99%. No caso da indústria de defensivos, a projeção de alta do faturamento foi impulsionada pela maior produção esperada (27,80%), mas também por elevação nos preços na comparação entre os três primeiros meses de 2019 e de 2018 (3,11%). De acordo com informações de mercado, o incremento de preços nessas atividades se justifica pela oferta internacional mais ajustada à demanda, pela alta na cotação do petróleo ao final de 2018 e pela desvalorização do Real com relação ao dólar nos últimos meses, tendo em vista a grande dependência da importação de insumos nessas indústrias. No caso da forte elevação em quantidade de defensivos, esse movimento pode estar atrelado à maior demanda por parte de culturas mais intensivas no uso deste insumo, como o algodão, que tem a perspectiva de crescimento de 35,4% em área nesta temporada, conforme dados da Conab. Ademais, o movimento pode representar uma resposta da produção nacional do insumo ao fechamento de diversas indústrias de defensivos na China (frente à política de recuperação ambiental que vem sendo aplicada no País), já que o Brasil é importante demandante do produto chinês.
Já para a indústria de máquinas agrícolas, a redução esperada no faturamento decorre da menor produção prevista (-9,40%), já que os preços apresentaram aumento na comparação de janeiro a março de 2019 com relação ao mesmo período de 2018 (4,06%). Para a indústria de rações, o crescimento esperado no faturamento reflete a elevação dos preços (13,60%), tendo em vista a queda na produção esperada para o ano (-2,30%).
SEGMENTO PRIMÁRIO: Preços sobem, mas custo elevado ainda pressiona renda do segmento
O PIB do segmento primário do agronegócio recuou 0,17% em março, com baixa de 0,86% no ramo agrícola e alta de 1,30% no pecuário. No acumulado do primeiro trimestre de 2019, verifica-se baixa de 0,77% no primário do agronegócio, com queda de 2,18% no agrícola e elevação de 2,29% no pecuário (Tabelas 1, 2 e 3).
Para 2019, espera-se crescimento de 3,78% no faturamento médio das atividades do segmento primário agrícola, considerando-se projeções de produção para o ano e preços de janeiro a março de 2019 comparados com os do mesmo período do ano anterior. Com relação à produção, em 2019, espera-se alta de 0,74% na média ponderada das atividades acompanhadas. Já para preços, na comparação entre janeiro a março de 2019 e de 2018, houve crescimento médio de 3,02%. No entanto, a renda do segmento neste início de ano seguiu pressionada pelo aumento dos custos de produção, seguindo a tendência observada ao longo de 2018.
No segmento primário da pecuária, para 2019, espera-se crescimento de 8,80% no faturamento, resultado do avanço de 8,37% nos preços e 0,40% na quantidade produzida, em média.
As Figuras 2 e 3 e a Tabela 4, apresentadas a seguir, detalham os resultados específicos do segmento por atividades agrícolas e pecuárias. Entre as culturas do segmento primário agrícola acompanhadas pelo Cepea, projetam-se crescimentos nos faturamentos em 2019 para algodão, batata, cacau, feijão, laranja, milho, trigo, uva e lenha/carvão. Já as culturas para as quais projetam-se quedas no faturamento são arroz, banana, café, cana-de-açúcar, fumo, mandioca, soja, tomate, madeira em tora e madeira para celulose – Figura 2 e Tabela 4.
No caso do feijão, o crescimento esperado do faturamento reflete o aumento expressivo em preços, de 176,6% na comparação entre o primeiro trimestre de 2019 e o mesmo período de 2018, tendo em vista uma previsão de ligeira queda na quantidade produzida para o ano (-0,38%). De acordo com o Ibrafe (Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses), a substituição do feijão por culturas mais rentáveis, como a soja, aliada à falta de chuvas nos meses de dezembro e janeiro nos estados do Paraná e Minas Gerais (principais produtores) reduziram a oferta do produto no mercado, notadamente nas primeiras safras do grão. De acordo com a Conab, a diminuição na área para a primeira safra do grão foi de 13% em relação à safra passada, mas, o ciclo curto de produção do feijão já possibilitou uma recuperação no plantio para a segunda, impulsionada pelo crescimento dos preços, o que justifica a previsão de queda pouco acentuada na produção anual.
Para a batata, a elevação esperada no faturamento também ocorre via forte alta nas cotações (87,6%) de janeiro a março de 2019, comparado ao mesmo período de 2018, já que a projeção da produção apresenta queda de 1,36% para o ano. De acordo com a equipe Hortifrúti/Cepea, em março, o preço subiu em decorrência de condições adversas do clima para a safra das águas durante o desenvolvimento do tubérculo e de atrasos no plantio da temporada das secas, limitando a oferta de curto prazo. A equipe também destacou a redução da produtividade nas lavouras (safra das águas), uma vez que os produtores buscaram retirar o tubérculo antes do período ideal para aproveitar a alta de preços, prejudicando ainda mais a disponibilidade do produto no mercado.
Já para o algodão, o crescimento esperado no faturamento reflete a expectativa de aumento da produção para o ano, de 32,84%, enquanto os preços apresentaram ligeira redução de 0,69% na comparação entre períodos. De acordo com a equipe Algodão/Cepea, a comercialização do algodão seguiu estável ao longo de todo o primeiro trimestre do ano, em um contexto de estoque suficiente para a produção na indústria. Quanto à produção, a Conab evidencia o intensivo aumento em área para esta safra, de 35,4%, a boa adequação do período de plantio e o desenvolvimento favorável da cultura como os principais fatores para o melhor desempenho da produção.
No caso do milho, a expectativa de crescimento no faturamento é sustentada tanto pela alta nos preços, de 9,66% na comparação entre o 1º trimestre de 2019 e o 1º trimestre de 2018, como também pelo incremento esperado na quantidade produzida para o ano (18,02%). Segundo a Conab, com crescimento de 6,4% na área, a segunda safra de milho segue com bom desenvolvimento, o que pode levar à maior safra do cereal no Brasil. Apesar de o preço do milho ser superior ao do ano passado, a equipe Grãos/Cepea observou queda nas cotações em março, devido ao avanço da colheita da primeira safra e ao bom desenvolvimento da segunda temporada.
Figura 2. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2019/2018 com informações de março/2019
Tabela 4. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2019/2018 com informações de março/2019
Na cultura da mandioca, a redução esperada no faturamento é reflexo da queda dos preços em 40,92% na comparação entre os meses de janeiro a março de 2019 e de 2018, já que para a produção projeta-se aumento de 5,6% no ano. Segundo a equipe Mandioca/Cepea, a redução dos preços esteve relacionada ao maior interesse dos produtores em comercializar, atrelada às necessidades de capitalização e de entrega das áreas arrendadas.
No caso do café, a diminuição esperada do faturamento reflete a projeção de queda na produção, de 14,88% para o ano, bem como a redução nos preços reais, em 10,92% na comparação entre os três primeiros meses de 2019, frente ao mesmo período de 2018. De acordo com a equipe Café/Cepea, o mês de março foi marcado pela brusca queda das cotações. A equipe destaca que a oferta global do grão continua alta, o que tem pressionado os valores no Brasil e também em outros importantes países produtores. Segundo a Conab, a produção do café neste ano tem sido influenciada pela bienalidade negativa nos principais estados produtores, o que, juntamente com períodos de chuva e seca desfavoráveis ao bom desenvolvimento da cultura, prejudicou a produção.
Para a cana-de-açúcar, a redução projetada no faturamento se deve à queda nos preços na comparação entre períodos (-4,71%) e também à projeção de ligeira queda da produção, de 0,72%. De acordo com a Conab, a redução da produção é derivada da menor área colhida em relação à safra passada (-2,4%) e de condições edafoclimáticas desfavoráveis ao plantio. A Companhia também menciona que, no estado de São Paulo, maior produtor nacional, algumas áreas antes destinadas ao cultivo da cana-de-açúcar foram substituídas pela soja.
No caso da soja, a diminuição esperada do faturamento reflete a expectativa de queda da quantidade produzida, em 4,16% para o ano, e a ligeira queda dos preços (-0,22%). De acordo com a equipe Soja/Cepea, apesar de o patamar de preços de 2019 ser inferior ao do ano anterior, especialmente em março, houve alta, impulsionada pela cotação do Real frente ao dólar e pelas maiores demandas internas, interrompendo o ritmo lento de vendas que estava sendo observado desde o início do ano. Segundo informações da Conab, a boa liquidez da soja vem incentivando sua produção, garantindo aumentos de área e maiores investimentos dos agricultores em pacotes tecnológicos. Nesse sentido, a redução da produção reflete o efeito de adversidades climáticas sobre a produtividade das lavouras.
Para o segmento primário da pecuária, há expectativa de alta no faturamento para as atividades de bovinocultura de corte, frango, leite e suínos, e baixa para ovos – Figura 3.
Figura 3. Pecuária: Variação anual dos preços e do faturamento 2019/2018 com informações de março/2019
Para a bovinocultura de corte, o aumento esperado do faturamento associa-se à elevação projetada para a produção (0,24%) e ao avanço nos preços do primeiro trimestre de 2019 frente ao mesmo período do ano anterior (0,64%). De acordo com a equipe Boi/Cepea, os preços do boi gordo subiram no correr de março, sustentados pela menor oferta de animais prontos para o abate e também pela demanda firme por novos lotes por parte de frigoríficos.
Na atividade leiteira, a alta de 30,74% projetada do faturamento reflete principalmente a elevação de 27,56% nos preços, conjuntamente ao crescimento de 2,50% na produção esperada para o ano. Segundo a equipe Leite/Cepea, o primeiro trimestre do ano foi caracterizado por uma oferta mais regulada no campo e pelo aumento da competição entre as indústrias para assegurar a compra de matéria-prima, o que, consequentemente, levou à alta de preços ao produtor.
Com relação à suinocultura, as altas de 7,31% nos preços do primeiro trimestre e de 3,89% na produção esperada para ano resultaram em aumento na expectativa faturamento da atividade. Segundo a equipe Suínos/Cepea, março foi um período de recuperação para o setor suinícola nacional, que, após obter prejuízos em 2018, vem registrando elevações expressivas de preço, devido principalmente à maior demanda. Segundo a equipe, a elevação das vendas de carne ao mercado internacional se devem aos casos de Peste Suína Africana (PSA), que reduziram a oferta mundial da carne.
No mercado de aves para corte, a projeção de alta no faturamento associa-se à elevação em preços no período (14,38%), dada a queda esperada de 2,32% na produção anual. De acordo com a equipe Frango/Cepea, o bom ritmo dos embarques da carne de frango in natura e as vendas aquecidas no mercado doméstico resultaram em aumentos nos preços no setor avícola em março. Já para postura, a projeção de queda no faturamento está atrelada às baixas de 4,51% em preços e de 2,64% em quantidade produzida.
SEGMENTO INDUSTRIAL: segmento registra alta em março para ambos os ramos
O segmento agroindustrial registrou alta de 0,16% em março de 2019, com elevações de 0,17% para a indústria de base agrícola e de 0,14% para a de base pecuária. No acumulado trimestral, o segmento manteve-se praticamente estável (0,05%), com alta de 0,25% na indústria de base agrícola e baixa de 0,81% na de base pecuária (Tabelas 1, 2 e 3).
Na indústria de base agrícola, espera-se retração de 0,55% no faturamento anual, resultado de queda de 2,78% na produção média ponderada do segmento, tendo em vista o aumento de 2,29% nos preços médios. No caso da indústria de base pecuária, a renda do segmento deve ser pressionada pelo aumento dos custos de produção; mas, para o faturamento, espera-se elevação de 7,05%, resultado de maiores preços (5,97%) e produção (1,02%).
No acompanhamento feito pelo Cepea para a evolução do PIB, as indústrias de base agrícola que apresentaram projeção de crescimento do faturamento foram: celulose e papel, moagem e fabricação de produtos amiláceos, açúcar, bebidas e outros produtos alimentares. As demais indústrias registram perspectivas de redução: produtos de madeira, móveis, biocombustíveis (etanol), têxtil e vestuários, café, conservas de frutas e legumes, fumo e óleos vegetais (Figura 4).
Figura 4. Agroindústrias de base agrícola: variação anual do volume, preços reais e faturamento das indústrias agrícolas acompanhadas
Para a indústria de celulose e papel, a evolução positiva no faturamento esperado para 2019 reflete os maiores preços – houve aumento de 13,16% na comparação entre janeiro a março de 2019 e o mesmo período de 2018. Já para a produção, espera-se redução de 3,77% no ano. Agentes do setor indicam que a demanda interna da economia brasileira ainda segue enfraquecida e que os preços, apesar do patamar elevado na comparação entre os primeiros trimestres de 2019 e 2018, têm sido pressionados por estoques acima da média histórica e por margens de produtores de papel comprimidas por valores internacionais mais baixos.
Na indústria do açúcar, espera-se crescimento de 9,5% na produção anual e alta de 5,10% em preços na comparação do primeiro trimestre de 2019 com o mesmo período de 2018. Segundo a equipe Açúcar/Cepea, os preços internacionais do adoçante têm sido impulsionados por projeções indicando déficit no mercado internacional para este ano.
Para o etanol, verificam-se queda de 12,02% nos preços na comparação de janeiro a março de 2019 com relação ao mesmo período de 2018 e baixa de 6,53% na produção anual. De acordo com a Conab, a redução na produção de etanol projetada está relacionada à expectativa de maior destinação de ATR para a produção de açúcar, diminuindo a fabricação de etanol proveniente de cana. Cabe destacar que, entre 2018 e 2019, espera-se incremento significativo na produção de etanol de milho, em 97,5%, com previsão de encerrar a temporada com representatividade de 4,5% sobre a produção de etanol total.
Com relação às indústrias pecuárias, os resultados são apresentados na Tabela 5. As expectativas são de redução de faturamento apenas para a indústria de couro e calçados de couro, com elevações esperadas para a indústria do abate e do leite.
Na indústria do abate, o aumento esperado do faturamento reflete a alta nas cotações, de 8,37% na comparação entre o primeiro trimestre de 2019 e o de 2018. Os preços médios da indústria foram impulsionados sobretudo pela carne de frango e suínos. Segundo a equipe Aves/Cepea, a avicultura seguiu em recuperação no primeiro trimestre, em decorrência das altas verificadas nas demandas interna e externa pela proteína e da menor oferta de abate de aves. Já para a carne suína, a equipe Suínos/Cepea destaca a alta demanda internacional pela carne brasileira, devido à Peste Suína Africana (PSA), que elevou a demanda asiática pelo produto brasileiro.
Para a indústria de produtos lácteos, a alta esperada no faturamento reflete a expectativa de produção (5,80%) e preços (1,94%) maiores. Segundo pesquisadores da equipe Leite/Cepea, a demanda no mercado de derivados tem mostrado reação e a oferta está mais equilibrada, contexto que sustentou os preços nos três primeiros meses do ano.
Tabela 5. Agroindústrias de base pecuária: variação anual do volume, preços reais e faturamento das indústrias pecuárias acompanhadas
SEGMENTO DE SERVIÇOS: Serviços pecuários pressionam o segmento no início de 2019
Como observado na Tabela 1, o PIB dos agrosserviços apresentou alta de 0,12% em março 2019, mas segue em baixa no acumulado trimestral, de 0,29%. Entre os ramos, o agrícola teve elevação de 0,09% no mês e 0,11% no acumulado do ano. Já o pecuário apresentou alta de 0,23% em março, mas redução de 1,34% no acumulado.
No caso dos serviços agrícolas, apesar do crescimento mensal, o resultado positivo está atrelado aos maiores volumes de produção no segmento primário e nas exportações. Por outro lado, o desempenho ainda é modesto, em virtude do menor volume de produção esperado no elo industrial, com quedas de produção para indústrias importantes em termos de volume transportado e comercializado, como de produtos de madeira e moveis, celulose e papel, biocombustíveis, têxteis e vestuário, café, óleos e gorduras vegetais, conservas, além de outros alimentares gerais.
No caso do ramo pecuário, verificou-se alta em março, motivada pelo crescimento em volume de produção do segmento primário e da indústria pecuária. Tal resultado, apesar de positivo no mês, ainda é afetado pelo estreitamento das margens ao longo das cadeias pecuárias, mediante elevação dos custos de produção nos segmentos primário (alta nas rações e no milho) e industrial (alta nos custos industriais gerais), levando a um resultado ainda negativo no acumulado.
CONCLUSÕES
O PIB do Agronegócio brasileiro apresentou alta de 0,10% em março de 2019, mas acumula queda de 0,11% no primeiro trimestre. Entre os ramos, o agrícola teve baixa de 0,05% em março e acumula queda de 0,16% nos três primeiros meses do ano. Já o pecuário teve alta tanto no resultado mensal (0,52%) quanto no acumulado (0,04%). Destaca-se que este é o primeiro relatório do PIB do agronegócio de 2019 que contempla dados de produção pecuária.
O segmento de insumos agrícolas seguiu impulsionado pelas indústrias de fertilizantes e de defensivos. No primeiro caso, os maiores preços no primeiro trimestre de 2019 favoreceram o faturamento esperado para o ano e, no segundo, a produção esperada significativamente maior levou ao resultado. No caso dos insumos pecuários, o aumento do PIB refletiu principalmente o comportamento da indústria de rações.
No segmento primário, ainda se verifica pressão relacionada ao crescimento dos custos de produção, que tem resultado em variação negativa do PIB para o segmento, apesar das elevações verificadas em valor de produção. Porém, tanto no primário agrícola quanto no pecuário têm se verificado, mês a mês, elevação média de preços e quantidade produzida. Entre os produtos agropecuários, destacaram-se com maiores preços neste primeiro trimestre de 2019: batata, arroz, cacau, feijão, laranja, milho, algodão, trigo, uva, frango e leite. Já para a quantidade produzida, destaca-se: algodão, banana, mandioca, milho, lenha/carvão, leite e suínos.
Na agroindústria de base agrícola, a menor produção esperada para o ano pressionou os resultados. Já no caso da indústria de base pecuária, a renda do segmento esperada para o ano tem sido pressionada pelo aumento nos custos de produção, embora os preços e a quantidade produzida dos produtos pecuários industriais tenham, em média, se elevado no acumulado.
Para serviços, verifica-se baixa no acumulado do trimestre. Porém, no resultado do mês de março já se verifica alta. Indicadores de mercado vêm mostrando crescimento de vendas do grupo de produtos alimentícios e bebidas. Além disso, as exportações do agronegócio estão em alta, comparativamente ao mesmo período do ano passado, e devem se acentuar nos próximos meses.
A2) PIB DO AGRONEGÓCIO - METODOLOGIA
O Relatório PIB do Agronegócio Brasileiro é uma publicação mensal resultante da parceria entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O agronegócio é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica (ou primária), agroindústria (processamento) e agrosserviços – como na Figura que segue. A análise desse conjunto de segmentos é feita para o ramo agrícola (vegetal) e para o pecuário (animal). Ao serem somados, com as devidas ponderações, obtém-se a análise do agronegócio.
Pelo critério metodológico do Cepea/Esalq-USP, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor Adicionado (VA) total deste setor na economia. Ademais, avalia-se o VA a preços de mercado (consideram-se os impostos indiretos menos subsídios relacionados aos produtos). O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo por todas as demais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. A renda, por sua vez, se destina à remuneração dos fatores de produção (terra, capital e trabalho).
Após estimado o valor do PIB do agronegócio no ano-base, que desde janeiro/17 refere-se ao ano de 2010, parte-se para evolução deste valor de modo a se gerar uma série histórica, por meio de um amplo conjunto de indicadores de preços e produção de instituições de pesquisa e governamentais. Seja para a estimação anual do valor do PIB, ou para as reestimativas mensais das previsões anuais, consideram-se informações a respeito da evolução do Valor Bruto da Produção (VBP) e do Consumo Intermediário (CI) dos segmentos do agronegócio. Pela evolução conjunta do VBP e do CI, estima-se o crescimento do valor adicionado pelo setor.
Com base nos procedimentos mencionados e processos adicionais realizados pelo Cepea, os cálculos do PIB do agronegócio resultam em dois indicadores principais, que retratam o comportamento do setor por diferentes óticas:
• PIB-renda Agronegócio (equivale ao PIB divulgado anteriormente pelo Cepea): reflete a renda real do setor, sendo consideradas no cálculo variações de volume e de preços reais, sendo estes deflacionados pelo deflator implícito do PIB nacional.
• PIB-volume Agronegócio: PIB do agronegócio pelo critério de preços constantes. Resulta daí a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.
Mensalmente, o foco de análise principal é o PIB-renda Agronegócio, que reflete a renda real do setor. Por conveniência textual, o PIB-renda do agronegócio é denominado apenas como PIB do Agronegócio ao longo deste relatório. Destaca-se que as taxas calculadas para cada período consideram igual período do ano anterior como base, exceto para as quantidades referentes às safras agrícolas, para as quais computa-se a previsão de safra para o ano (frente ao ano anterior).
Importante também destacar que cada relatório considera os dados disponíveis – preços observados e estimativas anuais de produção – até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, há a possibilidade, portanto, de ocorrer alteração dos resultados, tanto no que se refere ao mês corrente, como também ao que se refere a meses e anos passados. Recomenda-se, portanto, sempre o uso do relatório mais atualizado. Para uma análise mais detalhada dos aspectos metodológicos, bem como dos resultados dos demais indicadores (PIB volume, Consumo Intermediário, etc.) ver http://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx