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Conquista da América
Nesta semana a agropecuária, no Palácio do Planalto, vivenciou um momento marcante e muito esperado pelo setor. A embaixadora norte-americana no Brasil, Liliana Ayalde, e o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, trocaram as Cartas de Reconhecimento de Equivalência dos Controles de Carne Bovina entre Brasil e EUA, oficializando a abertura do mercado norte-americano para a carne bovina in natura do Brasil. Atualmente, nosso país já exporta carne industrializada para os EUA. De janeiro a junho, foram comercializadas mais de 15 mil toneladas de carne industrializada, resultando em um faturamento de US$ 130 milhões. Com a abertura do mercado, poderemos incrementar nossas vendas de carne in natura em mais de 60 mil toneladas.
Conquistar mercados não é fácil. Porém o desafio maior está em preservá-los. Ter os EUA como comprador proporciona grandes oportunidades de negociarmos também com outros países, que se espelham neles, para tomarem suas decisões comerciais. Participar desta solenidade histórica, fruto de um trabalho árduo, de intensas negociações dos mais diversos governos e de nossa entidade maior, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), nos remete a uma alegria e, ao mesmo tempo, à reflexão, pelo fato de representar o produtor rural, que tem papel fundamental neste processo.
A nossa missão e responsabilidade como produtor de alimentos aumenta ainda mais. Porém, a necessidade de ampliar a produtividade, reduzir custos e aprimorar a qualidade da carne é também de toda a cadeia produtiva. Todos por meio de seu trabalho, garantindo produto saudável, com sabor inigualável para os consumidores, sejam eles brasileiros ou estrangeiros. Sabemos que somos uma potência em produção de alimentos e nos tornamos essenciais, quando o cenário nos apresenta demandas crescentes de mais de dois bilhões de pessoas no planeta até 2050.
E o Brasil pode multiplicar muitas vezes a produção de alimentos nas áreas já exploradas, mantendo preservado os mais de 62% de território nativo, sem necessidade de desmatar novas áreas. Temos ainda a nosso favor, 15% dos reservatórios de água do mundo e só utilizamos 12% do volume de água consumida pelos EUA e a China, segundo dados da Embrapa Labex EUA. Para dar este salto, precisamos contar com a adoção de políticas públicas de incentivo ao crédito, seguros, orientação técnica, infraestrutura e logística, segurança jurídica, redução da carga tributária, investir em gestão e sanidade animal, além da necessidade de equilibrar os ganhos em toda cadeia.
A abertura do mercado norte americano para a carne bovina brasileira é uma grande conquista. Trará, sem dúvidas, benefícios para a sociedade brasileira, se tornando em um marco fundamental para a conquista de novos mercados, o que deverá possibilitar a ampliação da produção, dos empregos e geração de riquezas para nosso País.
*José Mário Schreiner é Vice-presidente da CNA, presidente da Faeg e do Conselho Administrativo do Senar Goiás