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IPCA de maio é o menor em 13 anos graças aos preços dos alimentos no domicílio
O IPCA de maio de 2019, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), teve alta de 0,13%. Esse resultado era o limite inferior, do intervalo de 0,13% a 0,39%, das expectativas de mercado.
Esse resultado revela significativa desaceleração no ritmo de crescimento dos preços já que, em abril, a alta foi de 0,57%. A queda de 0,89% nos preços dos alimentos consumidos no domicílio teve, sozinho, impacto de 0,14 p.p. no resultado do mês. Ou seja, não fosse a queda de preços desses alimentos, o IPCA de maio teria sido o dobro da verificada.
Os preços dos alimentos consumidos fora do domicílio tiveram leve alta de 0,03% em maio. Isso somado à queda de 0,89% nos alimentos consumidos no domicílio, levou os preços do subgrupo “alimentação e bebidas” a cair 0,56%. No mês anterior, a alta havia sido 0,63%.
O gráfico abaixo mostra como o arrefecimento dos preços de alimentos no domicílio – de 9,1% no acumulado de 12 meses em abril, para 7,8% em maio – já reflete em melhora no índice global de inflação, que passou de 4,9% entre maio/2018 e abril/2019 para 4,7% entre junho/2018 e maio/2019. Mais do que a queda em si, tal arrefecimento mostra que os preços retomaram sua trajetória para a meta de inflação que é de 4,25% em 2019.
Os alimentos que tiveram as maiores variações de preço em maio/2019 foram:
Depois da forte alta de preços no início do ano, os preços do tomate começaram a ceder em maio com o avanço da safra de inverno. A alta na oferta levou à queda, no mês, de 15,08% no preço do produto.
Apesar disso, o tomate ainda acumula alta de 9,08% em 2019, e de 39,02% nos últimos 12 meses.
O avanço da colheita de 2ª safra de feijão, principalmente no Mato Grosso, também refletiu em queda das cotações do produto, a terceira mensal seguida. Como no caso do tomate, também o feijão ainda acumula alta de preço em 2019 – 62,07% do tipo carioca, e 25,42% o preto - apesar das quedas respectivas de 13,04% e 8,76%, em maio.
As frutas observaram em maio queda de preços de 2,87%, ainda mais intensa, portanto, que a observada em abril (-0,71%). O baixo calibre das mangas e mamões, bem como o clima frio – que inibe o consumo – e a alta concorrência com outras frutas, como a poncã, tem impactado negativamente os preços dessas frutas e também do maracujá.
Apesar da queda média de preços, em maio, dos alimentos consumidos no domicílio, alguns produtos observaram altas significativas no período. O destaque de alta de preços foi a cenoura, cuja redução da área colhida e elevados descartes na principal região produtora – São Gotardo de Minas – levaram à alta de 15,74% em maio.
A menor produção de alho na China e o consequente aumento de 6,2% nos preços do produto no porto contaminaram as cotações no Brasil, já que 55% do alho aqui consumido é importado.
O fim da safra de limão em São Paulo em abril, e o início, em maio, da entressafra do leite levaram às altas de 4,86% e 2,37% respectivamente. Por fim, a peste suína africana na China tem levado à migração de consumo para carne de frango, diante da impossibilidade de reabastecimento imediato de carne suína.
Sendo o Brasil um dos maiores fornecedores de carne de frango para a China, seu volume exportado aumentou 25,9% em maio e 63% nos primeiros 5 meses de 2019, com reflexos nos preços aqui praticados.