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IPCA tem o melhor 1° semestre desde o plano real
O Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de junho, divulgado hoje pelo IBGE, foi de 0,26%. Depois de dois meses seguidos de deflação, os preços em média, voltaram a subir. Ainda assim, o índice apresenta os menores patamares desde o início do Plano Real, acumulando alta de apenas 0,10% no 1° semestre de 2020, e de 2,13% nos últimos 12 meses. Mantém-se, portanto, abaixo do centro e do piso da meta de inflação para 2020, que são respectivamente de 4% e 2,5%.
O IPCA, que já vinha relativamente estável desde o ano passado, intensificou sua baixa no atual contexto de forte retração da atividade econômica em meio às medidas de isolamento social no contexto do covid-19. Por outro lado, os preços dos alimentos consumidos no domicílio têm se elevado justamente por causa das medidas de distanciamento social, que tem levado as pessoas a privilegiarem o consumo doméstico.
O grupo de “alimentação e bebidas” teve alta de preços de 0,38%, uma aceleração no ritmo de alta já que em maio a alta de preços havia sido de 0,24%. Com os preços dos alimentos consumidos no domicílio a evolução foi similar, com a alta passando de 0,33% em maio para 0,45% em junho, conforme detalhado no gráfico 1 abaixo.
Em linhas gerais, a alta dos preços dos alimentos, particularmente daqueles consumidos no domicílio, resulta diversos fatores que têm ocorrido simultaneamente. Por um lado, a menor oferta derivada de efeitos climáticos no caso do feijão, e da menor oferta de animais para abate, no caso das carnes bovinas cujo contexto de preços altos remete ao fim de 2019. Por outro, o aumento do preço do dólar tem impactado os preços do arroz, por exemplo; Por fim, o início da flexibilização das medidas de isolamento social tem ampliado a demanda de queijos, cujos estoques estavam consideravelmente baixo. Já as quedas de preços de alguns alimentos consumidos no domicílio estão basicamente associadas às altas produtividades observadas, e ao aumento sazonal da oferta.
Abaixo os produtos que apresentaram as maiores altas e as maiores quedas de preço em junho de 2020, e as respectivas variações acumuladas de preço no 1° semestre de 2020.
Principais Altas de Preço:
Feijão Carioca - com os problemas climáticos enfrentados no Paraná e a redução de produtividade esperada em Minas Gerais, a segunda safra de feijão de cores deve ser 12% menor à anterior o que tem impulsionado a ampliação do preço.
Arroz - apesar da safra ter sido 7% superior a safra anterior, a desvalorização do real frente ao dólar tem impulsionado os preços no mercado internacional e mesmo do arroz importado. Essa alta tem sido refletida no mercado interno, associada à demanda aquecida pelo consumo em casa.
Queijo - com o relaxamento do isolamento social e a reabertura dos canais de venda, a demanda por queijos, em especial Muçarela e Prato, teve um grande aumento. Os laticínios estavam com o estoque reduzido desses produtos forçando o preço para cima, apresentando uma valorização de 30% para a Muçarela e de 25% para o Prato.
Carnes - o aumento no preço das carnes bovinas é decorrência da menor disponibilidade de animais para abate, consequentemente maior preço na arroba, e repasse ao consumidor. A menor disponibilidade se deve por conta da antecipação de animais abatidos para final de 2019, menor incentivo à terminação intensiva e à retenção de fêmeas. Importante salientar, que apesar da queda no ano persistir, os preços de referência do início do ano levam em consideração o grande salto de preços do fim de 2019, que ainda são superiores aos atuais.
Leite - Dentre os produtos lácteos, o Leite Longa vida foi um dos que se beneficiaram com as medidas de isolamento. Desde o início da crise seu preço vem aumentando, chegando em junho a valores recordes e com um aumento de 10% em relação ao mês de maio. Os principais motivos da alta são a forte demanda dos consumidores e os laticínios estarem com um estoque reduzido, devido à baixa captação de leite no campo, resultado do período de entressafra e o redirecionamento da matéria prima para outros produtos, como os queijos.
Principais Quedas de Preço
Cenoura – a junção de demanda enfraquecida e leve incremento na oferta em junho, devido ao clima favorável ao desenvolvimento da cultura em importantes regiões produtoras, como São Gotardo/MG, pressionaram consideravelmente os preços.
Tomate - com intensificação da colheita da safra de inverno e com temperaturas mais elevadas para este período do ano, houve aceleração na maturação dos frutos e, consequentemente, a oferta de tomate ampliou expressivamente e culminando na redução acentuada dos preços.
Banana Prata - com boa oferta de banana devido à plena safra de nanica e início da safra de prata em diversas regiões do país, os preços de banana apresentaram uma leve queda no mês de junho. Com os prejuízos em lavouras de Santa Catarina devido à passagem do ciclone e a crescente exportação para a Argentina, pode ocorrer uma elevação nos preços nas próximas semanas.
Frango em pedaços - A queda do preço do Frango em pedaços entre maio e junho deveu-se à diminuição da demanda no varejo em algumas praças que formam o índice, porque os consumidores fizeram estoques em maio e consequentemente, o consumo de junho foi afetado. Já no preço pago ao produtor, o observado foi o contrário, porque o preço do frango vivo costuma reagir semanas antes do varejo.