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Novos desafios na profissionalização do campo
A transmissão do conhecimento deixou de ser prerrogativa das escolas formais, educandários e academias e se transferiu para outros núcleos. As empresas, as entidades do sistema “S”, as igrejas, os sindicatos, as cooperativas – quase todas as organizações humanas vêm dedicando atenção para esse tema. A profissionalização da clientela rural, uma antiga preocupação da sociedade, vem obtendo sucesso com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), através de uma metodologia que reúne características do serviço de assistência técnica e extensão rural (quem não lembra da Acaresc) e do tradicional processo de ensino e aprendizagem.
Nesses 25 anos de existência em Santa Catarina, o Senar aplicou mais de 95% de suas receitas na atividade-fim. Não existem estruturas físicas permanentes. As aulas práticas e teóricas são ministradas nas propriedades rurais, para onde se transferem as equipes de instrutores, material e equipamento didático. Agora, novos horizontes se descortinam e a assistência técnica e gerencial marcará o caminho que o Senar percorrerá na missão de levar formação profissional e promoção social aos campos. Na verdade, essa é uma novíssima fase que se inicia com a assistência técnica: parte-se do atendimento às pessoas para trabalhar com a viabilização dos estabelecimentos rurais. O Senar continuará aperfeiçoando e aumentando os níveis de formação profissional inicial, técnica e superior – complementando tudo isso com assistência técnica.
A prioridade será o pequeno produtor rural, que ficou desassistido desde a extinção da Embrater na década de 1990. Atualmente, o técnico que atende as propriedades é, em grande parte do País, o mesmo que vende os insumos. O Senar é a única instituição que pode fazer, ao mesmo tempo, a assistência técnica e ofertar os cursos que o produtor e seus trabalhadores devem fazer para melhorar os resultados da propriedade. O conceito dominante será o atendimento voltado à transferência de tecnologia com foco na gestão da propriedade, com meritocracia.
O emprego do ensino a distância é outra ferramenta promissora na qualificação do trabalhador e do produtor/empresário rural. Exemplo vitorioso é o Curso Técnico em Agronegócio oferecido pela Rede e-Tec Brasil, o primeiro curso técnico de nível médio na modalidade a distância oferecido pelo Senar totalmente gratuito. O curso proporciona a habilitação, com validade nacional, de técnico nível médio em Agronegócio pela modalidade de ensino a distância com carga horária total de 1.230 horas (80% das suas aulas via web) e duração de quatro semestres. Mantendo o mesmo padrão de excelência de ensino que faz da instituição referência nacional em qualificação profissional rural, o curso técnico foi todo concebido e estruturado com foco na população rural, tendo seus conteúdos e estratégias didáticas voltados especialmente para quem vive ou trabalha no campo. Novos tempos e novos desafios requerem novas estratégias.
*José Zeferino Pedrozo é Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc)