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PIB do Agronegócio apresenta leve alta em fevereiro
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apresentou leve alta de 0,07% em fevereiro. No acumulado do ano (janeiro e fevereiro), no entanto, o desempenho segue negativo, em 0,46%.
Enquanto os segmentos de insumos (1,13%) e primário (0,45%) registraram altas em fevereiro, o agroindustrial (-0,13%) e agrosserviços (-0,11%) recuaram. Já no acumulado, entre janeiro e fevereiro de 2019, apenas o segmento de insumo apresentou elevação (2,35%), já primário, agroindustrial e agrosserviços registraram baixas, de 0,92%, 0,34% e de 0,65%, respectivamente.
Importante destacar que tais resultados ainda não contemplam dados relativos à projeção de volume de produção de importantes atividades do agronegócio, como diversas do ramo pecuário, que estavam indisponíveis até o fechamento deste relatório[1] (Tabela 1).
Tabela 1. PIB do Agronegócio: Taxa de variação mensal e acumulada no período (%)
[1] Nestes casos, foram consideradas apenas variações de preços para faturamento destas atividades. Estes dados serão atualizados conforme a disponibilidade de informações ao longo do ano.
Entre os ramos, o agrícola apresentou crescimento de 0,19% em fevereiro, com leve baixa apenas no segmento agroindustrial (-0,04%) e alta nos demais: 1,32% para insumos; 0,46% primário; e 0,15% agrosserviços. No acumulado anual, apenas o segmento de insumos agrícolas registrou crescimento (2,75%) (Tabela 2).
Tabela 2. Ramo Agrícola: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)
Para o ramo pecuário, os resultados de fevereiro para os segmentos foram os seguintes: 0,73% para insumos, 0,50% para o primário, -0,55% para a agroindústria e -0,80% para os agrosserviços (Tabela 3). Reforça-se, novamente, que diversos dados de volume para o ramo pecuário ainda não foram contabilizados na análise, por ainda não estarem disponíveis.
Tabela 3. Ramo Pecuário: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)
SEGMENTO DE INSUMOS: Crescimento se mantém forte em fevereiro
O segmento de insumos do agronegócio apresentou alta de 1,13% em fevereiro, acumulando crescimento de 2,35% nos dois primeiros meses de 2019. Verificam-se desempenhos positivos tanto para os insumos agrícolas (1,32% em fevereiro e 2,75% no acumulado) como no pecuário (0,73% no mês e 1,49% no acumulado) (Tabelas 1 a 3).
Conforme se observa na Figura 1, os insumos agrícolas foram impulsionados pelas indústrias de fertilizantes e de defensivos. Para os insumos pecuários, os maiores preços para rações levaram ao resultado positivo.
Figura 1. Insumos: variação (%) anual de volume, dos preços e do faturamento – 2019/2018 com informações até fevereiro/2019
Na indústria de fertilizantes, o aumento previsto do faturamento atrela-se aos maiores preços do produto – na comparação entre janeiro e fevereiro de 2019 com o mesmo período de 2018, de 19,12%. No caso da indústria de defensivos, a projeção de alta do faturamento foi impulsionada pela maior produção esperada (34,10%) e por elevação nos preços na comparação entre os dois primeiros meses de 2019 e de 2018 (2,05%). De acordo com informações de mercado, o incremento de preços nestas atividades se justifica pela oferta internacional mais ajustada, alta na cotação do petróleo e tendência de desvalorização do Real com relação ao dólar nos últimos meses, dada a grande dependência da importação de insumos nestas indústrias.
Já para a indústria de máquinas agrícolas, a redução esperada no faturamento decorre da menor produção prevista (-8,80%), já que os preços apresentaram aumento na comparação de janeiro e fevereiro de 2019 com relação ao mesmo período de 2018. Ressalta-se, no entanto, que a queda esperada em volume também reflete o elevado patamar de produção alcançado em 2018. Segundo informações da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), apesar das boas perspectivas do setor para 2019, o resultado da produção de máquinas agrícolas em 2018 foi o melhor em quatro anos.
Para a indústria de rações, o crescimento esperado no faturamento reflete o aumento dos preços (13,40%), tendo em vista a queda na produção para o ano (-0,80%). Segundo o Sindirações (Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal), o setor de alimentação animal tem sido prejudicado pelas restrições à importação do frango brasileiro.
SEGMENTO PRIMÁRIO: Preços agropecuários seguem em alta em fevereiro
O PIB do segmento primário do agronegócio subiu 0,45% em fevereiro, com crescimentos de 0,46% no ramo agrícola e de 0,50% no pecuário. No acumulado do primeiro bimestre de 2019, verifica-se baixa de 0,92% no primário do agronegócio, com queda de 1,53% no primário agrícola e alta de 0,44% no pecuário (Tabelas 1, 2 e 3).
Para 2019, espera-se elevação de 3,19% no faturamento médio das atividades do segmento primário agrícola, considerando-se projeções de produção para o ano e preços de janeiro a fevereiro de 2019 comparados com os do mesmo período do ano anterior. Com relação à produção, em 2019, espera-se alta de 0,38% na média ponderada das atividades acompanhadas. Já para preços, na comparação entre janeiro e fevereiro de 2019 e de 2018, houve crescimento médio de 2,80%. No entanto, a renda do segmento neste início de ano seguiu pressionada pelo aumento dos custos de produção, seguindo a tendência observada ao longo de 2018.
No segmento primário da pecuária, para 2019, espera-se crescimento de 4,9% no faturamento, resultado de aumento em mesma magnitude dos preços médios ponderados das atividades acompanhadas (já que informações sobre produção ainda não foram contabilizadas no cálculo).
As Figuras 2 e 3 e a Tabela 4, apresentadas a seguir, detalham os resultados específicos do segmento por atividades agrícolas e pecuárias. Entre as culturas do segmento primário agrícola acompanhadas pelo Cepea, projetam-se crescimentos nos faturamentos em 2019 para algodão, batata, cacau, feijão, laranja, milho, trigo, uva e lenha/carvão. Já as culturas para as quais observam-se quedas no faturamento são arroz, banana, café, cana-de-açúcar, fumo, mandioca, soja, tomate, madeira em tora e madeira para celulose – Figura 2 e Tabela 4.
No caso do feijão, as expectativas positivas sobre o faturamento refletem o forte aumento nos preços reais, de 161,9% de janeiro a fevereiro de 2019 comparativamente ao mesmo período do ano anterior. De acordo com o Ibrafe (Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses), essa alta foi resultado da menor oferta, devido ao clima desfavorável, que prejudicou a produtividade. Em relação à quantidade produzida, deve crescer 0,46% neste ano. De acordo com a Conab, apesar do crescimento previsto para o ano, na primeira safra houve grande redução da área semeada e problemas decorrentes de adversidades climáticas, que prejudicaram a produção. Mas já para a segunda safra, a Companhia ressalta que a situação favorável de preços no mercado foi um fator motivador para expansão significativa de área.
No caso da batata, o aumento esperado do faturamento reflete o crescimento nos preços na comparação entre períodos (77,7%), tendo em vista a projeção de queda na produção para o ano (-1,5%). Segundo a equipe Hortifruti/Cepea, o fim de 2018 apresentou temperaturas superiores ao habitual e, posteriormente, houve um fluxo intenso de chuvas em algumas regiões produtoras de batata no País, como no Sul. O resultado deste quadro de instabilidade climática foi a queda na produtividade, diminuindo rapidamente a quantidade ofertada, o que, consequentemente, ocasionou elevação no preço.
Para o algodão, o crescimento projetado no faturamento reflete a expectativa de aumento da quantidade produzida, em 32,0% para o ano, e a ligeira elevação dos preços, em 0,5% na comparação entre janeiro e fevereiro de 2019 e o mesmo período de 2018. De acordo com a Conab, a perspectiva de maior produção advém principalmente do aumento significativo da área destinada à cultura (33,6% maior que a safra passada). A Companhia ressalta que o bom desempenho dos preços da pluma na safra anterior estimulou produtores a aumentarem a área. Já em relação aos preços da atual temporada, apesar do leve aumento na comparação do primeiro bimestre de 2019 frente ao mesmo período de 2018, a equipe Algodão/Cepea verificou enfraquecimento nos preços no mês de fevereiro de 2019, devido à retração de compradores no período.
Para o milho, o crescimento esperado do faturamento está atrelado ao aumento da quantidade produzida (16,5%) para o ano e à elevação dos preços (12,82%) na comparação entre os primeiros dois meses de 2019 e o mesmo período de 2018. Segundo o levantamento da Conab, apesar da primeira safra do grão ter apresentado uma leve queda na produção, a segunda temporada, que hoje representa a maior parte da produção nacional, tem grande expectativa de alta, devido a fatores como a semeadura no período ideal, maiores investimentos em tecnologia no plantio, incentivos à produção decorrentes do patamar elevado do preço do grão, bem como a maior área cultivada. Quanto aos preços, a equipe Grãos/Cepea destaca que, em fevereiro, estiveram em alta devido à menor oferta de milho na primeira safra e à maior demanda para reposição de estoques de curto prazo.
Figura 2. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2019/2018 com informações de fevereiro/2019
Tabela 4. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2019/2018 com informações de fevereiro/2019
As expectativas negativas sobre o faturamento da mandioca refletem a queda significativa dos preços reais, em 43,5% de janeiro a fevereiro de 2019 comparativamente ao mesmo período do ano anterior. Quanto à produção, projeta-se aumento de 5,6% para o ano. De acordo com a equipe Mandioca/Cepea, a produção em 2018 foi estimulada pela forte demanda industrial, que processou um volume 46,1% maior (em relação a 2017). Porém, no decorrer de 2018, os preços recuaram, mas ainda se mantiveram em altos patamares no início de 2019 em comparação com o começo de 2018.
Para a cana-de-açúcar, a redução do faturamento está atrelada à projeção de queda na produção anual (-0,72%) e à diminuição nos preços (-5,81% na comparação de janeiro a fevereiro de 2019, frente ao mesmo período de 2018). De acordo com a Conab, importantes regiões produtoras, como São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Alagoas e Pernambuco, diminuíram áreas de cultivo nesta safra, destinando terra a outros cultivares com atual maior rentabilidade.
No caso do café, a redução do faturamento foi resultado da queda de 11,8% nos preços reais de janeiro a fevereiro de 2019, comparado aos mesmos meses de 2018, e da redução esperada de 14,9% na quantidade produzida para o ano. De acordo com a Conab, a queda na produção relaciona-se principalmente ao ciclo de bienalidade negativa na cultura em importantes regiões produtoras. Em relação aos preços, a equipe Café/Cepea destaca que, em fevereiro, caíram internamente, pressionados pelas baixas nos preços internacionais do grão.
No caso da soja, a redução esperada do faturamento reflete principalmente a projeção de queda na quantidade produzida para o ano (-4,6%), enquanto houve uma ligeira elevação dos preços, de 0,8% na comparação entre janeiro e fevereiro de 2019 e o mesmo período de 2018. Segundo o levantamento da Conab, apesar do incremento de área em 1,9% em relação à safra anterior, espera-se menor produtividade na atual temporada, ocasionada por adversidades climáticas enfrentadas em importantes estados produtores, como Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná. Vale ressaltar que, embora esta safra apresente uma expectativa de menor produção em relação à anterior (que foi recorde), ainda apresenta grande volume. A equipe Soja/Cepea destaca que, devido a incertezas quanto à produtividade da atual temporada, sojicultores brasileiros voltaram a reduzir as vendas em fevereiro. O menor interesse de negociação também se deve à queda nos valores futuros na CME Group (Bolsa de Chicago), à redução nos prêmios de exportação no Brasil, à desvalorização cambial e à demanda relativamente estável. Diante disso, os preços da soja se sustentaram no mês.
Para o segmento primário da pecuária (Figura 3), nota-se que as variações de faturamento estão baseadas apenas na variação de preço, dada a indisponibilidade de dados de produção da atividade primária pecuária até o fechamento deste relatório. Assim, ressalta-se que as informações serão atualizadas assim que as referidas informações de volume forem disponibilizadas.
Figura 3. Pecuária: Variação anual dos preços e do faturamento 2019/2018 com informações de fevereiro/2019
Na atividade leiteira, verificou-se alta de 24,88% nas cotações reais na comparação entre janeiro e fevereiro de 2019 em relação ao mesmo período de 2018. De acordo com a equipe Leite/Cepea, a menor oferta de leite no campo e a competição das empresas por matéria-prima provocaram a elevação nos preços. A equipe também destaca que a estiagem no Sudeste e no Centro-Oeste e o excesso de chuvas no Sul, além do desestímulo de produtores no final do ano passado, restringiram a produção.
Para a avicultura de corte, houve aumento de 6,25% nos preços, na comparação entre os dois primeiros meses de 2019, em relação ao mesmo período de 2018. Segundo a equipe Aves/Cepea, as demandas interna e externa pela proteína avícola cresceram consideravelmente no início deste ano. Apesar de 2018 ter sido marcado por momentos desfavoráveis à produção avícola, já no início de 2019 houve um ajuste na produção, controlando a oferta e elevando os preços.
Na bovinocultura de corte, houve redução de 1,15% nos preços reais na comparação entre períodos. De acordo com a equipe Boi/Cepea, mesmo com a demanda por animais para exportação aquecida em fevereiro, os preços não se sustentaram, uma vez que a menor procura doméstica no início do ano foi fraca. Além disso, a oferta de animais superior à demanda em alguns períodos fevereiro também reforçou o movimento pontual de queda nos preços.
Para a suinocultura, registrou-se baixa de 0,74% nas cotações reais na comparação entre janeiro e fevereiro de 2019 e janeiro a fevereiro de 2018. Segundo a equipe Suínos/Cepea, mesmo diante do aumento do valor da carne suína e do bom desempenho das exportações, os valores médios mensais da proteína e do animal vivo em fevereiro foram inferiores aos de janeiro.
SEGMENTO INDUSTRIAL: Produção agroindustrial segue em queda em fevereiro
O segmento agroindustrial registrou baixa de 0,13% em fevereiro de 2019, com quedas de 0,04% para a indústria de base agrícola e de 0,55% para a de base pecuária. No acumulado de janeiro a fevereiro, o segmento caiu 0,34%, com reduções de 0,13% na indústria de base agrícola e de 1,27% na pecuária (Tabelas 1, 2 e 3).
Na indústria de base agrícola, espera-se retração de 1,44% no faturamento anual, resultado de queda de 2,62% na produção média ponderada do segmento, tendo em vista o aumento de 1,21% no preço. No caso da indústria de base pecuária, a renda do segmento deve ser pressionada pelo aumento dos custos de produção; mas, para o faturamento, espera-se elevação de 4,78%, resultado de maiores preços (3,03%) e produção[1] (1,69%).
No acompanhamento feito pelo Cepea para a evolução do PIB, as indústrias de base agrícola que apresentaram projeção de crescimento do faturamento foram: móveis de madeira, celulose e papel, moagem e fabricação de produtos amiláceos, açúcar, bebidas e outros produtos alimentares. As demais indústrias registram perspectivas de redução: produtos de madeira, biocombustíveis (etanol), têxtil e vestuários, café, conservas de frutas e legumes, fumo e óleos vegetais (Figura 4).
Figura 4. Agroindústrias de base agrícola: variação anual do volume, preços reais e faturamento das indústrias agrícolas acompanhadas
[1] A variação de quantidade produzida para a atividade de abate não foi considerada neste cálculo, devido à indisponibilidade deste dado até o fechamento deste relatório.
Para a indústria de celulose e papel, a evolução positiva no faturamento esperado para 2019 reflete os maiores preços – houve aumento de 12,6% na comparação entre janeiro e fevereiro de 2019 e o mesmo período de 2018. Já para a produção, espera-se redução de 6,3% no ano. Agentes do setor indicam que a demanda interna da economia brasileira ainda segue enfraquecida e que os preços, apesar do patamar elevado na comparação entre os primeiros bimestres de 2019 e 2018, têm sido pressionados desde o último trimestre de 2018, devido a estoques acima da média histórica e de margens de produtores de papel comprimidas por valores internacionais mais baixos.
Na indústria do açúcar, espera-se crescimento de 9,5% na produção anual e alta de 1,13% em preços na comparação do primeiro bimestre de 2019 com o mesmo período de 2018. Segundo a equipe Açúcar/Cepea, os preços internacionais do adoçante têm sido impulsionados por projeções indicando déficit no mercado internacional para este ano.
Para o etanol, verifica-se queda de 15,30% nos preços na comparação de janeiro a fevereiro de 2019 com relação ao mesmo período de 2018 e baixa de 6,53% na produção anual. De acordo com a Conab, redução na produção de etanol projetada está relacionada à expectativa de maior destinação de ATR para a produção de açúcar, diminuindo a fabricação de etanol proveniente de cana. Cabe destacar que, entre 2018 e 2019, espera-se incremento significativo na produção de etanol de milho, de 97,5%, com a representatividade deste produto chegando a cerca de 4,5% da produção de etanol total.
Com relação às indústrias pecuárias, os resultados são apresentados na Tabela 5. As expectativas são de redução de faturamento apenas para a indústria de couro e calçados de couro, com elevações esperadas para a indústria do abate (lembrando que informações de volume de produção ainda não foram contabilizadas) e do leite.
Na indústria do abate, o aumento esperado do faturamento reflete a alta em mesma magnitude nas cotações, de 4,72% na comparação entre o primeiro bimestre de 2019 e o de 2018. Os preços médios da indústria foram impulsionados sobretudo pela carne de frango. Segundo a equipe Aves/Cepea, fevereiro foi um período de recuperação para a avicultura, com preços expressivamente superiores aos registrados no mesmo mês do ano passado. A equipe destaca que tal cenário foi resultado das intensas demandas interna e externa pela proteína.
Para a indústria de produtos lácteos, a alta esperada no faturamento reflete a expectativa de maior produção (8,10%) e maiores preços (0,44%). Segundo pesquisadores da equipe Leite/Cepea, a demanda no mercado de derivados tem mostrado reação e a oferta mais equilibrada ajudou a sustentar os preços nos dois primeiros meses do ano.
Tabela 5. Agroindústrias de base pecuária: variação anual do volume, preços reais e faturamento das indústrias pecuárias acompanhadas
SEGMENTO DE SERVIÇOS: Serviços pecuários pressionam o segmento no início de 2019
Como observado na Tabela 1, o PIB dos agrosserviços apresentou queda de 0,11% em fevereiro 2019, acumulando baixa de 0,65% no primeiro bimestre. Entre os ramos, o agrícola teve alta de 0,15% no mês, mas baixa de 0,19% no acumulado do ano. Já o pecuário apresentou baixas de 0,80% em fevereiro e de 1,89% no acumulado.
No caso do ramo pecuário, esse resultado reflete o estreitamento das margens ao longo das cadeias, mediante elevação dos custos de produção nos segmentos primário (alta nas rações e no milho) e industrial (alta nos custos industriais gerais). No caso dos serviços agrícolas, o resultado acumulado do segmento foi pressionado principalmente pelo menor volume de produção esperado no elo industrial, com quedas de produção estimadas para indústrias importantes em termos de volume transportado e comercializado, como de produtos de madeira, celulose e papel, têxteis e vestuário e óleos e gorduras vegetais, além de outros alimentares gerais.
No entanto, segundo dados do IBGE, o índice de volume de vendas no comércio varejista registrou alta de 1,5% para o grupo de produtos alimentícios, bebidas e fumo, com relação a fevereiro de 2018. No que se refere às exportações do agronegócio, segundo dados do Mapa, houve incremento dos embarques, em 15,6% no primeiro bimestre de 2019 com relação ao mesmo período de 2018, que ocorreu devido à elevação de 20,8% no índice de quantum das exportações. Assim, espera-se que resultado acumulado apresente reação nos próximos meses, assim como já se observa no resultado positivo mensal do segmento de serviços do ramo agrícola.
CONCLUSÕES
O PIB do Agronegócio brasileiro apresentou leve alta de 0,07% em fevereiro de 2019, mas acumula queda de 0,46% no 1º bimestre do ano. Entre os ramos, o agrícola teve elevação de 0,19% em fevereiro, mas acumula baixa de 0,32% no ano. O pecuário teve queda tanto no resultado mensal (-0,27%) quanto no acumulado (-0,87%). Cabe ressaltar que estes resultados ainda não contemplam dados relativos ao volume de produção de atividades importantes do ramo pecuário, indisponíveis até o fechamento deste relatório.
O segmento de insumos agrícolas foi impulsionado pelas indústrias de fertilizantes e de defensivos. No primeiro caso, os maiores preços no 1º bimestre de 2019 favoreceram a estimativa de faturamento para o ano e, no segundo, a produção esperada significativamente maior levou ao resultado estimado. No caso dos insumos pecuários, o aumento do PIB em janeiro refletiu principalmente o comportamento da indústria de rações.
No segmento primário, ainda se verifica pressão relacionada ao crescimento dos custos de produção, porém, tanto no primário agrícola quanto no pecuário têm se verificado elevação média de preços e quantidade produzida. Entre os produtos agropecuários, destacaram-se com maiores preços neste primeiro bimestre de 2019: batata, arroz, cacau, feijão, laranja, milho, soja, algodão, trigo, uva, frango e leite.
Na agroindústria de base agrícola, a menor produção esperada para o ano pressionou os resultados de fevereiro. Já no caso da indústria de base pecuária, a renda do segmento esperada para o ano tem sido pressionada pelo aumento previsto dos custos de produção, embora os preços dos produtos pecuários industriais tenham, em média, se elevado no primeiro bimestre desse ano (em comparação com o mesmo período do ano passado).
Para serviços, verificam-se baixas no mês e no acumulado. Porém, a alta verificada em fevereiro para serviços do ramo agrícola e indicadores de mercado mostrando crescimento de vendas do grupo de produtos alimentícios e bebidas, além da alta das exportações do agronegócio relativamente ao mesmo período do ano passado, devem impactar em uma reação no segmento para os próximos meses.
ANEXO I – Evolução mensal do PIB DO AGRONEGÓCIO
A1) PIB do Agronegócio: Taxas de variação mensal e acumulado do período (em %)
A2) PIB do Agronegócio: Participações dos segmentos (em %)
A3) PIB DO AGRONEGÓCIO - METODOLOGIA
O Relatório PIB do Agronegócio Brasileiro é uma publicação mensal resultante da parceria entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O agronegócio é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica (ou primária), agroindústria (processamento) e agrosserviços – como na Figura que segue. A análise desse conjunto de segmentos é feita para o ramo agrícola (vegetal) e para o pecuário (animal). Ao serem somados, com as devidas ponderações, obtém-se a análise do agronegócio.
Pelo critério metodológico do Cepea/Esalq-USP, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor Adicionado (VA) total deste setor na economia. Ademais, avalia-se o VA a preços de mercado (consideram-se os impostos indiretos menos subsídios relacionados aos produtos). O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo por todas as demais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. A renda, por sua vez, se destina à remuneração dos fatores de produção (terra, capital e trabalho).
Após estimado o valor do PIB do agronegócio no ano-base, que desde janeiro/17 refere-se ao ano de 2010, parte-se para evolução deste valor de modo a se gerar uma série histórica, por meio de um amplo conjunto de indicadores de preços e produção de instituições de pesquisa e governamentais. Seja para a estimação anual do valor do PIB, ou para as reestimativas mensais das previsões anuais, consideram-se informações a respeito da evolução do Valor Bruto da Produção (VBP) e do Consumo Intermediário (CI) dos segmentos do agronegócio. Pela evolução conjunta do VBP e do CI, estima-se o crescimento do valor adicionado pelo setor.
Com base nos procedimentos mencionados e processos adicionais realizados pelo Cepea, os cálculos do PIB do agronegócio resultam em dois indicadores principais, que retratam o comportamento do setor por diferentes óticas:
• PIB-renda Agronegócio (equivale ao PIB divulgado anteriormente pelo Cepea): reflete a renda real do setor, sendo consideradas no cálculo variações de volume e de preços reais, sendo estes deflacionados pelo deflator implícito do PIB nacional.
• PIB-volume Agronegócio: PIB do agronegócio pelo critério de preços constantes. Resulta daí a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.
Mensalmente, o foco de análise principal é o PIB-renda Agronegócio, que reflete a renda real do setor. Por conveniência textual, o PIB-renda do agronegócio é denominado apenas como PIB do Agronegócio ao longo deste relatório. Destaca-se que as taxas calculadas para cada período consideram igual período do ano anterior como base, exceto para as quantidades referentes às safras agrícolas, para as quais computa-se a previsão de safra para o ano (frente ao ano anterior).
Importante também destacar que cada relatório considera os dados disponíveis – preços observados e estimativas anuais de produção – até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, há a possibilidade, portanto, de ocorrer alteração dos resultados, tanto no que se refere ao mês corrente, como também ao que se refere a meses e anos passados. Recomenda-se, portanto, sempre o uso do relatório mais atualizado. Para uma análise mais detalhada dos aspectos metodológicos, bem como dos resultados dos demais indicadores (PIB volume, Consumo Intermediário, etc.) ver http://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx