Minas Gerais
Aumenta a participação das mulheres no setor da construção rural
Por: SENAR MINAS
Marina Andréia Santos tem 36 anos é casada e mãe de quatro filhos. Atualmente ela trabalha como repositora de um supermercado em Taquarinha, distrito do município baiano de Mucuri. Mas os planos para 2019 visam uma mudança radical no trabalho: “vou virar carpinteira”, garante Marina. Porém, a guinada na vida profissional acontecerá para que um sonho dela e da família seja concretizado, o da casa própria.
Marina e o marido Genivaldo Gonçalves Franco moram no sítio Boa Sorte que fica na zona rural de Nanuque, no Vale do Mucuri. E foi na Fazenda São Pedro, também na zona rural do município mineiro, que Marina participou do curso de Carpinteiro ou Carpintaria de Madeira Roliça, promovido pelo Senar Minas em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais.
“Taquarinha é um distrito que também é conhecido como Três Corações porque faz divisa com os estados de Minas e Espírito Santo. É muito próximo e, por isso, moramos em Minas, mas trabalhamos na Bahia. Eu como repositora e meu marido como analista de sistemas”, conta Marina, sorrindo.
Em Taquarinha, ela e o marido compraram o terreno onde pretendem construir a tão sonhada casa própria. A construção da casa e a realização do sonho vão passar, literalmente, pelas mãos do casal. “A participação no curso de Carpinteiro teve incentivo do meu marido Genivaldo que já havia feito o curso de pedreiro. Eu estava de férias e resolvi fazer o curso, gosto de buscar coisas novas, quanto mais conhecimento melhor, ainda mais quando esse conhecimento pode nos levar a realização de um sonho”, diz Marina.
Mulheres que fazem a diferença
Marina e as colegas, alunas do curso de Carpinteiro promovido pelo SENAR em Nanuque
No curso promovido pelo Senar Minas , Marina não foi a única mulher. Para a surpresa dela, no evento que geralmente a presença masculina impera, outras três mulheres estavam presentes. “A sensibilidade da mulher faz toda a diferença, pela determinação e organização. Com relação a minha participação no curso, não tenho do que me queixar, porque fomos muito respeitadas. Era universo de cinco homens e quatro mulheres. Nos sentimos à vontade num ambiente saudável, de respeito e união”, salienta Marina.
Entre as quatro mulheres que participaram do curso de Carpinteiro, estava Renata Gomes Emílio. Entretanto, participar de um evento num espaço considerado masculino não foi novidade para ela. Renata já havia participado do curso de pedreiro, também promovido pelo Senar Minas em Nanuque. Renata acredita que as mulheres estão fazendo a diferença e assumindo um papel de protagonismo em atividades antes consideradas masculinas.
“A presença feminina nestas áreas de construção talvez ainda seja relativamente pequena, embora mostre trajetória de alta. A contratação de pedreiras, carpinteiras normalmente depende do tipo de serviço, do tamanho e da cultura de cada organização. Mas com a falta de mão de obra qualificada, as mulheres começaram a ver boas oportunidades de trabalho no mundo da construção”, afirma Renata.
Participação das mulheres no setor
O número de trabalhadoras no setor da construção vem crescendo no País, apesar da crise que se instalou nos últimos anos. Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Previdência Social, em 2006, cerca de 108 mil mulheres integravam o setor, de um total de 1,438 milhão de trabalhadores.
Em 2016, elas já ocupavam mais de 219 mil vagas, de um total de cerca de 2,122 milhão, com uma participação de 10% no mercado de trabalho. São serventes, carpinteiras, ajudantes de obra, pedreiras, soldadoras, técnicas em segurança do trabalho e engenheiras, que, com naturalidade, têm condições de realizar as tarefas com tanta competência quanto os trabalhadores.
Para Getúlio Caetano de Lima , que atua como instrutor em cursos de Carpinteiro e Pedreiro, as mulheres podem e devem almejar esse espaço no setor de construção. “De uma maneira geral, as mulheres têm um perfil mais prevencionista em todos os sentidos. Para nós do Senar Minas que trabalhamos continuamente com foco na prevenção em saúde e segurança do trabalho, a construção civil ganha muito com o crescimento da participação feminina no setor, pois elas podem ser condutoras de uma nova cultura nesse sentido e promover uma grande diferença positiva nos canteiros de obras”, evidencia o instrutor.
Para o gerente regional do Senar Minas em Governador Valadares, Ulisses Silveira Costa, o crescimento das mulheres em cargos que eram predominantemente masculinos é motivo de alegria e comemoração. “Ficamos felizes com a garra e determinação dessas mulheres. O mercado está aberto para elas que já mostraram que são capazes. Nós percebemos isso por meio da participação delas não apenas nos cursos de Promoção Social, mas também em eventos de Formação Profissional Rural. E o objetivo nosso é levar informação, conhecimento, capacitação e qualificação a homens e mulheres do campo”, declara o gerente.
E para o ano novo a expectativa é grande pela casa nova - é o que espera Marina Santos. “Se tudo der certo e se Deus quiser vai dar, em 2019 estaremos em nossa nova casa construída com nosso próprio esforço”.